Fatores de risco para câncer de fígado
Um fator de risco é algo que afeta sua chance de contrair uma doença como o câncer. Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco. Alguns fatores, como fumar, podem ser controlados, enquanto, outros, como, por exemplo, o histórico pessoal, idade ou histórico familiar, não podem ser alterados.
Ter um fator de risco ou mesmo vários, não significa que você vai ter uma doença como o câncer. Muitas pessoas que contraem a doença podem não estar sujeitas a nenhum fator de risco conhecido. Se uma pessoa com câncer de fígado tem algum fator de risco, muitas vezes é muito difícil saber o quanto esse fator pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença.
Fatores que podem aumentar o risco do câncer de fígado:
- Gênero. O carcinoma hepatocelular é muito mais frequente em homens do que em mulheres. Muito provavelmente devido aos comportamentos que afetam alguns dos fatores de risco descritos abaixo. O subtipo fibrolamelar é mais frequente nas mulheres.
- Raça. Os asiáticos têm as maiores taxas de câncer de fígado, seguido pelos índios americanos, nativos do Alasca, latinos, negros e brancos.
- Hepatite viral crônica. O fator de risco mais frequente para câncer de fígado é a infecção crônica por vírus da hepatite B ou C. Essas infecções levam à cirrose hepática e são responsáveis por tornar o câncer de fígado um dos mais incidentes em muitas partes do mundo. Esses tipos de hepatite podem ser transmitidos de pessoa para pessoa por meio do uso de agulhas contaminadas, sexo sem proteção, parto ou transfusões de sangue.
- Cirrose. A cirrose é uma doença em que as células do fígado são danificadas e substituídas por tecido cicatricial. Pessoas com cirrose têm um risco aumentado de câncer de fígado. A maioria das pessoas que desenvolve a doença já tem alguma evidência de cirrose. Existem várias causas possíveis de cirrose, a maioria dos casos ocorre em pessoas que abusam do álcool ou tem hepatite B ou C crônica.
- Doença hepática gordurosa não alcoólica. É uma condição não alcoólica comum em pessoas obesas. Pessoas com esse tipo de doença, conhecida como esteatose hepática não alcoólica, podem desenvolver cirrose.
- Cirrose biliar primária. Alguns tipos de doenças autoimunes que afetam o fígado também podem causar cirrose. Por exemplo, a chamada cirrose biliar primária, quando os ductos biliares do fígado são danificados e até destruídos, podendo levar à cirrose. Pessoas com cirrose biliar primária avançada têm um alto risco de desenvolver câncer de fígado.
- Doenças metabólicas hereditárias. Certas doenças metabólicas hereditárias podem levar à cirrose. Pessoas com hemocromatose absorvem quantidades excessivas de ferro de sua alimentação, que termina se alojando nos tecidos de todo o corpo, incluindo o fígado. Se uma quantidade grande de ferro se acumular no fígado, pode levar à cirrose e ao câncer hepático.
- Alcoolismo. O alcoolismo é uma das principais causas da cirrose, que por sua vez está ligada a um risco aumentado de câncer de fígado.
- Tabagismo. Fumar aumenta o risco de contrair câncer de fígado. Ex-fumantes têm um risco menor do que os fumantes, mas ambos os grupos têm um risco maior do que aqueles que nunca fumaram.
- Obesidade. Ser obeso aumenta o risco de câncer de fígado, provavelmente, porque pode resultar em esteatose hepática (fígado gorduroso) e cirrose.
- Diabetes tipo 2. Tem sido associada a um aumento do risco de câncer de fígado, geralmente em pacientes que têm outros fatores de risco concomitantes, como o consumo exagerado de álcool ou hepatite viral crônica. Esse risco pode ser aumentado porque as pessoas com diabetes tipo 2 tendem a ter excesso de peso ou obesidade, que por sua vez também pode causar problemas hepáticos.
- Doenças raras. As doenças raras que aumentam o risco de câncer de fígado incluem
tirosinemia, deficiência de alfa1-antitripsina, porfiria cutânea tardia, doenças de armazenamento de glicogênio e doença de Wilson.
- Aflatoxinas. Essas substâncias causadoras de câncer são produzidas por um fungo que contamina o amendoim, trigo, soja, milho e arroz. O armazenamento desses produtos em ambiente úmido e quente pode levar ao crescimento de fungo, principalmente em países mais quentes e tropicais. A exposição prolongada a essas substâncias é um importante fator de risco para câncer de fígado. O risco é ainda maior em pessoas portadoras de hepatite B ou C.
- Cloreto de vinila e dióxido de tório (Thorotrast). A exposição a esses produtos químicos aumenta o risco de angiossarcoma no fígado. Além disso, aumenta o risco de desenvolver colangiocarcinoma e carcinoma hepatocelular, mas em menor grau. Cloreto de vinilo é um produto químico usado na fabricação de alguns tipos de plásticos. Thorotrast é um produto químico que, antigamente era injetado em alguns pacientes, como contraste para alguns exames. Entretanto, quando se reconheceu que esse produto era cancerígeno foram tomadas medidas para eliminar ou minimizar a exposição a eles. Thorotrast não é mais usado e a exposição de trabalhadores ao cloreto de vinilo é estritamente regulamentada.
- Esteroides anabolizantes. Os esteroides anabolizantes são hormônios masculinos usados por alguns atletas para aumentar a força e massa muscular. O uso prolongado de esteroides anabolizantes pode aumentar ligeiramente o risco de câncer hepatocelular. Esteroides similares à cortisona, como a hidrocortisona, prednisona e dexametasona, não aumentam o risco.
Fatores que podem diminuir o risco de câncer de fígado:
- Vacina contra hepatite B. Como a infecção crônica pela hepatite B pode levar à cirrose e ao câncer de fígado, a vacinação contra o vírus da hepatite B pode proteger as pessoas do câncer de fígado.
- Tratamento da hepatite viral. Sabe-se que infecções crônicas, como hepatite B ou mesmo hepatite C podem levar à cirrose e câncer de fígado. Portanto, o tratamento para qualquer infecção pode diminuir o risco de câncer de fígado.
Fatores com efeitos pouco claros no risco de câncer de fígado:
- Aspirina. A aspirina mostrou reduzir o risco de alguns tipos de câncer. Alguns estudos mostraram um risco menor de câncer de fígado com o uso regular de aspirina, mas ainda são necessárias mais pesquisas.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 01/04/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.