Transexualidade e o câncer de mama
O câncer de mama é o de maior incidência em mulheres no Brasil (excluindo o de pele não-melanoma). É uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, formando um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, ou seja, quanto antes for diagnosticado, a maioria dos casos apresenta um bom prognóstico.
Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 66.280 novos casos são diagnosticados por ano no Brasil. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. Nas mulheres, corresponde a 29,7% do total de cânceres no público feminino.
Já quando olhamos para pessoas transgênero, uma pesquisa realizada em 2019 pela University Medical Center, em Amsterdã, mostrou que as mulheres trans têm cerca de 47 vezes mais chances de desenvolver câncer de mama do que os homens cisgênero. Já em homens trans, o risco de câncer de mama em é reduzido nos casos em que é feita a mastectomia bilateral (retirada das mamas). Entretanto, uma pequena quantidade de tecido mamário residual e mamilo é mantida após a cirurgia e há a possibilidade desse tecido remanescente se desenvolver em um câncer.
Por isso, visando um diagnóstico precoce em todos os públicos, separamos perguntas comuns que recebemos do público LGBTQIAP+.
Como saber se eu tenho câncer de mama?
Nem todas as pessoas têm algum sinal ou sintoma de câncer de mama, por isso é importante a visita regular ao ginecologista. Porém, em alguns casos, as mamas podem apresentar alguma alteração, como:
- Caroço na mama ou axila.
- Inchaço da mama.
- Vermelhidão e mudança na textura da pele em torno da mama.
- Secreção ou sangramento pelo mamilo.
- Retração de um mamilo (caso este efeito tenha ocorrido de repente).
O que pode causar o câncer?
Fique atento aos fatores de risco, tais como:
- Envelhecimento.
- Mutações genéticas.
- História familiar.
- Não realizar atividade física.
- Estar acima do peso.
- Ingestão de álcool.
- Uso de tabaco.
Como posso me prevenir?
É importante que você cuide da sua saúde, realizando atividades físicas, mantendo o equilíbrio do seu peso, diminuindo a ingestão de álcool e parando de fumar.
Claro, não deixe de ir em suas consultas periodicamente, e converse sempre com o médico sobre a realização de exames de acordo com a sua idade e outras características.
Como devo cuidar das minhas mamas?
Todo mundo que tem mama deve cuidar.
Você pode fazer o autoexame como forma de se conhecer e realizar a mamografia conforme indicação médica.
Você pode ir ao mastologista para esclarecer todas as suas dúvidas.
Em que idade é comum ter o câncer de mama?
A maioria dos cânceres de mama acontecem em mulheres depois dos 50 anos, porém o número de mulheres mais jovens diagnosticadas com câncer de mama tem aumentado.
Ainda não há evidências suficientes para estimar a idade de prevalência de câncer de mama na população transgênero.
Senti um caroço na mama, o que posso fazer?
Procure um ginecologista ou mastologista para que este profissional realize o exame clínico das mamas e avalie/decida se existe a necessidade de outros exames.
Por que homens cis podem ter câncer?
O homem cis possui tecido mamário e produção de hormônios femininos (estrogênio), apesar de ser em pequena quantidade, comparado a mulher. Por isso que ele também pode ter câncer de mama.
Sou mulher trans e faço uso de estrógeno para a minha transição, isso pode aumentar minhas chances de ter câncer de mama?
Sim, o uso de hormônio em mulheres trans aumentam o risco do desenvolvimento do câncer de mama, porém, ainda é mais baixo do que o risco de uma mulher cis. Por isso, mulheres transgênero devem se atentar para o cuidado de suas mamas e conhecer seu histórico familiar.
O uso de testosterona em homens trans zera a chance de ter câncer de mama?
Não há estudos até o momento que mostrem que o uso da testosterona aumenta ou diminui as chances do câncer de mama.
Usar binder aumenta as chances do câncer de mama?
Não, até o momento não há indícios do uso do binder (um pedaço de tecido utilizado para prender as mamas de deixar o peito liso) e o aumento das chances de câncer de mama.
A mastectomia de adequação de gênero tira as chances de desenvolver o câncer?
Não, pois mesmo depois da mastectomia ainda há tecido mamário. O indicado é que o homem trans fique atento para alguma alteração na região da mama, conheça seu histórico familiar e converse com o médico para saber como deve ser o seu acompanhamento.
Colocar silicone aumenta o risco de câncer de mama?
Não, a colocação de prótese de silicone não aumenta o risco do câncer de mama, mas você sempre deve comunicar ao seu médico que usa implantes mamários.
É possível fazer acompanhamento e tratamento para o câncer pelo SUS?
Sim, o acompanhamento e tratamento para o câncer de mama é todo oferecido pelo SUS. Tudo começa pelo posto de saúde.
Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia.
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