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Instituto Oncoguia - Comece fazendo uma breve apresentação sobre você? idade, profissão, se tem filhos, casadoa, onde você mora...
Amanda - Tenho 25 anos de idade, sou recém formada em odontologia, não sou casada e nem tenho filhos. Moro em Imperatriz-MA, atualmente estou residindo temporariamente em Goiânia, pois faço meu tratamento em Barretos-SP.
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Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais?
Amanda -
Descobri o câncer através de um nódulo na minha axila direita. Em 2022 fiz um exame de imagem e o médico me disse que não era pra eu me preocupar, pois era um cisto sebáceo e que era normal, daí então me tranquilizei, mas o nódulo se desenvolveu de tamanho e forma e em em abril de 2023 eu fui novamente buscar ajuda, quando o médico me disse de cara que tinha altas chances de ser maligno e ainda completou dizendo que aquilo nunca foi um cisto sebáceo.
Fui encaminhada para o hospital de amor da minha cidade, onde lá fiz mamografia de diagnóstico, fiz biópsia, etc. Esperei 30 dias e obtive a resposta para carcinoma mamário invasivo her 2 e luminal. Cada mama apresenta um tipo de nódulo. O único sintoma que tive foi o nódulo, não senti dor, febre, mal estar, nada disso.
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Instituto Oncoguia - Você enfrentou dificuldades para fechar o seu diagnóstico? Se sim, quais?
Amanda - Não.
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Instituto Oncoguia - Como você ficou diante do diagnóstico? Quer nos contar o que sentiu, o que pensou?
Amanda -
Fiquei sem chão, pois o meu único pensamento era que eu tinha nadado para morrer na praia, digo no sentido de que tinha acabado de me formar e logo em seguida descobri um câncer, sem histórico na minha família, tinha hábitos saudáveis de vida, então nada fazia sentido.
Me senti sem chão, mas eu nem sabia o que estava por vir, pois quando cheguei em Barretos após fazer os exames eu descobri a metástase óssea no fêmur e antebraço esquerdo. Foi um momento desesperador, mas eu me acalmei, troquei experiências com pessoas que estão passando pelo mesmo e me ajudou bastante.
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Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?
Amanda - Eu achava que tinham me dado uma sentença de morte e que eu iria morrer, era somente isso que eu pensava.
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Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos?
Amanda - Sim, já iniciei, estou fazendo quimioterapias, fiz minha 5ª sessão dia 18/09/23.
Tive retorno com o Oncologista e estou respondendo bem ao tratamento, mas ainda preciso fazer mais alguns meses de quimioterapia.
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Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é/foi o tratamento mais difícil? Por quê?
Amanda - Por enquanto só passei pela quimioterapia, então não tenho como falar muito sobre outras situações, mas o fato dos efeitos colaterais das quimioterapias, por exemplo, perder os cabelos, foi uma parte bastante difícil de início. Hoje consigo entender que foi a melhor escolha que fiz raspar a cabeça, a queda é inevitável.
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Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral do tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou?
Amanda - Na minha primeira sessão senti muito mal estar, mas nos ciclos posteriores eu estou reagindo muito bem, não sinto reações fortes e consigo lidar tranquilamente.
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Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista?
Amanda - Não tenho um médico fixo, são vários, mas todos bastante atenciosos e responsáveis.
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Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?
Amanda -
Minha vida mudou, fui colocada em um lugar totalmente diferente com pessoas diferentes.
Tive que sair da minha cidade para ter um tratamento em Barretos (por escolha minha), e não me arrependo em momento algum, pois o hospital de Amor de Barretos me acolheu tão bem.
Tenho um tratamento maravilhoso e queria que todos que passam por essa doença tivessem o mesmo acolhimento. Minha vida, apesar de ter mudado, está indo muito bem, tenho familiares comigo, busco me distrair, não penso que estou doente, pelo contrário me sinto cheia de vida e saúde.
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Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer?
Amanda - Não estou trabalhando.
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Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais?
Amanda - Busquei, busquei o auxílio doença, mas ainda não tive respostas.
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Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
Amanda - Eu diria: tenha calma, apesar de assustador, isso também passa.
Estamos sujeitos a tudo simplesmente pelo fato de estarmos vivos.
Diria que (apesar de clichê), o diagnóstico não é o fim, com a evolução da medicina podemos ter muita qualidade de vida.
Diria para a pessoa buscar fazer coisas que gosta, por exemplo, em meu Instagram eu mostro muito meu dia a dia, escrevo textos sobre a doença e gosto de fazer isso. Recebo muitas mensagens de pessoas que estão passando pelo mesmo e que se identificam e que de alguma forma conseguem ver leveza e esperança, mesmo lidando com algo tão difícil.
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Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros!
Amanda - Existe uma gama de pessoas que estão com o tratamento parado, não conseguem realizar exames, ou estão sem receber medicação por causa do governo. Eu gostaria que houvesse um olhar de compaixão para essas pessoas, o câncer é uma doença que requer urgência e não ter o tratamento adequado é desumano e compromete a vida de muitos pacientes.