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Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?)
G.J.A.M. -
Tenho 70 anos, sou médica pediatra.
Tenho 3 filhos, sou casada, tenho 2 netinhas e moro em Salvador, Bahia
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Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?
G.J.A.M. -
Os primeiros sintomas foram de disfagia, próximo ao estômago.
Principalmente quanto tentava comer algo rapidamente: ficava com sensação de "entalado", fiz os exames e recebi o diagnóstico de adenocarcinoma da junção gastro-esofágica.
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Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais?
G.J.A.M. - Sim. Disfagia.
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Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico?
G.J.A.M. -
Não tive dificuldades. A maior barreira era fazer os exames dentro do contexto da pandemia.
Eu tinha medo de me contaminar com COVID nos aparelhos de tomografia e ressonância, além da endoscopia.
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Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou?
G.J.A.M. -
Ao receber o diagnóstico fiquei muito impactada, principalmente por se tratar de um tumor no sistema gastro-intestinal.
Isto me assustou muito. A possibilidade de obstrução, a extensão da cirurgia, tudo me assustava. Mesmo sendo médica não busquei nenhum conhecimento científico, nem buscas em google, nada. Fui apenas uma paciente que seguiu à risca as orientações da equipe.
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Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?
G.J.A.M. - Como seria o tratamento cirúrgico e a evolução. Usaria sonda naso-enteral? Faria gastrostomia? Já teria metástases? Muitas dúvidas ao mesmo tempo.
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Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos?
G.J.A.M. -
Já finalizei o tratamento.
Passado o primeiro impacto, foquei no que era real: estava com um câncer e iria tratar.
Os familiares e amigos me ajudaram muito e a equipe que me tratou me acolheu com muito carinho e me deu muitos esclarecimentos e esperanças.
Enchi-me de coragem e fé em Deus e fiz tudo o que pude para nada atrasar uma só medicação.
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Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?
G.J.A.M. -
O mais difícil foi sem dúvidas a quimioterapia. Os mal-estares, o medo da imunodeficiência, etc.
A queda de cabelos também foi difícil. Eu pensava que seria minha última preocupação, mas ela também é difícil. Quando todas as manhãs me via no espelho, não me via, via a doença, a fragilidade.
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Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou?
G.J.A.M. -
Sim, muitos efeitos colaterais, mal-estares, náuseas, cansaço, queda de cabelos, neuropatia periférica, baixa acentuada de neutrófilos, foliculite em couro cabeludo, mucosite, mas estrategicamente pensava: sejam bem vindas medicações que atingem todas as células do meu corpo e certamente atingirão de morte as células tumor.
A cirurgia ocorreu após o quinto ciclo da QT, foi um pós-operatório bem melhor do que eu esperava, senti pouquíssimas dores.
Chorei com saudades de meu estômago e parte de meu esôfago. Perdi muito peso, como quem faz cirurgia bariátrica, o paladar mudou e os alimentos protéicos ficaram com um sabor muito acentuado de ferro, difícil de aceitar.
Atualmente o paladar ja voltou ao normal e a curva de peso se estabilizou. Possivelmente eu não volte ao peso anterior, continue magrinha, mas o importante é que fique bem nutrida.
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Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista?
G.J.A.M. - Excelente. Não podia ser melhor. Com toda a equipe.
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Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê?
G.J.A.M. - Sim, enfermeiros que me administravam a QT, a equipe cirúrgica, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, odontólogo. Todos tiveram seu papel em minha jornada.
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Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida.
G.J.A.M. - Sim, fiz um pouco de acompanhamento psicológico. Uma terapia breve mais voltada à situação atual. É importante sim.
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Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?
G.J.A.M. - Minha vida está retomando ao normal.
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Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer?
G.J.A.M. - Nunca parei de trabalhar por causa do câncer. Inclusive durante a quimioterapia, trabalhei de casa o que me ajudou muito nesta fase. Só parei quando fui para a cirurgia e no pós-operatório. Atualmente trabalhando.
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Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais?
G.J.A.M. - Tenho tentado buscar, mas não é tão simples, alguns dependem de legislação específica de cada cidade, como isenção de IPTU.
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Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro?
G.J.A.M. - Consolidar a cura, continuar trabalhando enquanto a idade permitir, aproveitar a convivência com minha família e amigos (interrompida pela pandemia). Viver com mais leveza.
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Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
G.J.A.M. -
FÉ e OTIMISMO: Antes de tudo tenha fé em Deus, afaste todos os pensamentos negativos (não é fácil), fé na ciência que chega até você pelas mãos de seus médicos.
Faça a sua parte, aceite todas as orientações de seu médico e a equipe que cuida de você. Não deixe nada para depois.
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Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?
G.J.A.M. - Já conhecia o Oncoguia muito antes de adquirir o câncer.
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Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros!
G.J.A.M. -
Eu fui muito bem atendida e tratada pela equipe que me cuidou, pelo meu plano de saúde que cobriu praticamente todas as minhas despesas, e nos piores momentos eu pensava e rezava pelos pacientes do SUS que não teriam a agilidade de que tive em diagnosticar, estadiar e tratar.
Senhores políticos, o CÂNCER não espera!
Ele tem sua evolução natural e como todos sabem se espalha pelo corpo nas chamadas metástases. Ajudem com o que lhes cabe, o diagnóstico precoce, que todos tenham direito ao diagnóstico rápido e tenham acesso a tratamento em tempo de curar-se.