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Instituto Oncoguia - Comece fazendo uma breve apresentação sobre você? idade, profissão, se tem filhos, casadoa, onde você mora...
Kayene. - Meu nome é Kayene, sou pedagoga, tenho 26 anos, sou casada e não tenho filhos.
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Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais?
Kayene. -
Em maio de 2019 tive várias dores abdominais e não conseguia me alimentar muito bem.
Tinha diarréia e fui várias vezes na emergência com essas queixas, mas era sempre diagnosticada com algum tipo de virose, até que as dores começaram ficar insuportáveis e minha barriga era desproporcional ao restante do corpo.
Estava com ascite e não sabia.
No dia 10 de junho de 2019, na emergência, foi constatado através de uma tomografia uma massa no ovário.
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Instituto Oncoguia - Você enfrentou dificuldades para fechar o seu diagnóstico? Se sim, quais?
Kayene. -
Sim.
Cinco dias antes da tomografia que mostrou a massa no ovário eu já tinha ido na emergência.
A médica afirmou que eu estava grávida ou com pedra na vesícula e me mandou procurar um gastro.
Sai de lá sem nenhum exame, só com medicamento e confusa. Até que resolvi voltar para a emergência com o exame de sangue dizendo que não estava grávida e então finalmente fizeram a tomografia.
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Instituto Oncoguia - Como você ficou diante do diagnóstico? Quer nos contar o que sentiu, o que pensou?
Kayene. -
Na emergência, foi muito ruim. O médico nos disse: "Sua barriga está cheia de água, você está com uma massa no ovário e vai ter que entrar na faca. Ah, mas não se preocupe, talvez seja benigno.”
Saímos de lá bem confusos.
Na mesma semana conseguimos a consulta com o especialista (ginecologista, oncologista, cirurgião, que me explicou exatamente as possibilidades que estávamos enfrentando).
A consulta durou mais de duas horas. Ele foi muito humano e muito claro também. Eu não consegui assimilar, enquanto ele falava eu mal piscava, parecia anestesiada, em estado de choque.
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Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?
Kayene. -
Por incrível que pareça, saindo da consulta, com essa sensação de estar anestesiada, fui o caminho todo quieta.
Quando chegamos na casa da minha mãe eu desabei a chorar dentro do carro e minha maior preocupação era o meu irmão que na época tinha 16 anos e nossa ligação é muito forte.
Eu só conseguia chorar e dizer: "Não conta pra ele”.
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Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos?
Kayene. -
Fiz o tratamento em 2019.
Uma laparotomia exploratória, onde foi retirado 12 litros de líquido.
O tumor tinha 14 cm.
Na biópsia preliminar o tumor era borderline, mas havia implantes pelo peritônio, na biópsia completa esses implantes foram identificados como carcinoma papilar ceroso de baixo grau. Por conta disso foi recomendado fazer quimioterapia. Fiz 4 ciclos.
Hoje, só faço acompanhamento com marcador tumoral e ressonância.
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Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é/foi o tratamento mais difícil? Por quê?
Kayene. - Quimioterapia.
Passei muito mal, a queda do cabelo também mexe muito com nosso emocional.
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Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral do tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou?
Kayene. - Tive muita fraqueza, ficava muito enjoada, ficava uma semana sem conseguir sair da cama.
Água de coco ajudou bastante.
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Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista?
Kayene. - Muito boa. Ele é uma pessoa maravilhosa!
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Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê?
Kayene. - Não.
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Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida.
Kayene. - Fiz apenas depois.
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Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?
Kayene. - Quando acabei o tratamento "a ficha caiu” e a sensação foi horrível. Precisei procurar psicóloga e psiquiatra e até hoje estou no processo.
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Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer?
Kayene. - Continuo trabalhando.
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Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais?
Kayene. - Sim, afastamento pelo INSS e retirada do FGTS.
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