[Câncer de Mama] Mariana Prates De Sousa

Aprendendo com Você
  • Instituto Oncoguia - Comece fazendo uma breve apresentação sobre você? idade, profissão, se tem filhos, casadoa, onde você mora... Mariana - Meu nome é Mariana e Prates de Sousa e tenho 41 anos. Sou advogada, casada e tenho um filho. Moramos em Ribeirão Preto, antes morávamos em Franca quando descobri a doença. Mudamos para cá por causa do tratamento
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Mariana - Estava com 35/36 semanas de gestação, quando percebi algo estranho na axila direita. Meu médico de Franca disse que era uma mama acessória, porém a médica que fazia meu pré-natal em Ribeirão Preto (um anjo que Deus colocou em minha vida) pediu mais exames.
  • Instituto Oncoguia - Você enfrentou dificuldades para fechar o seu diagnóstico? Se sim, quais? Mariana - Não, foi muito rápido. Principalmente pela gravidez e pelo tipo de câncer.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou diante do diagnóstico? Quer nos contar o que sentiu, o que pensou? Mariana - Na hora foquei muito apavorada, com medo do meu filho crescer sem mãe, de não conseguir ter forças para criá-lo. Durante os primeiros meses de vida dele, realmente não conseguia cuidar sozinha dele. Só pude amamentá-lo por 10 dias. Porém, ele foi a razão da minha luta. Foquei nele e as adversidades foram sendo vencidas com ajuda da medicina, da fé e de muito amor
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Mariana - Não estar aqui para criar meu filho ou ficar com sequelas que impossibilitassem que eu pudesse pegá-lo no colo, por exemplo.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Mariana -

    Já finalizei o tratamento. A quimioterapia foi muito difícil, principalmente porque estava no puerpério. Tive muitas intercorrências e várias internações. Porém, aqui estamos para viver plenamente a vida. Vou colocar aqui um texto que escrevi no dia da minha alta/ 36 semanas 1 módulo; 1 biópsia, a confirmação de câncer de mama, e tudo vira de cabeça para baixo. Um mix de medo e esperança; 1 cesariana de emergência; A maior alegria da vida; Exames, consultas; Mais exames e mais consultas; 16 sessões de quimioterapia; 2 tromboses; Dias de quase inconsciência; Muitas dores no corpo e algumas na alma; 3 internações; 1 Covid durante o tratamento; 3 cirurgias; 15 sessões de radioterapia; Para hoje dizer: Eu venci! Com o coração cheio de alegria me preparo para a próxima etapa. A fé e o amor foram meus guias nessa jornada extenuante que me trouxe até o fim do tratamento. Quando se é surpreendido tão explicitamente com a fragilidade da vida, aprende-se algumas coisas: -preserve a sua energia para aquilo que realmente é importante; -ame intensamente as pessoas que são o seu alicerce; -seja verdadeiramente grato; -sorria e seja feliz, a vida é muito curta; -aprecie os pequenos acontecimentos que fazem a roda da vida virar; -cultive boas e verdadeiras amizades; -seja bom; -tenha fé. Agradeço profundamente: ao meu filho, João Lucas, que foi minha força vital; Ao meu companheiro de caminhada nesta Terra, Samuel, que segurou a minha mão e me levantou sempre que eu precisei; Aos meus pais, que, neste quase um ano, mudaram-se para Ribeirão Preto de forma a se dedicarem a nos acolher e cuidar; Ao meu irmão pelo carinho e preocupação; A minha sogra pelo apoio; Aos familiares e queridos amigos pelas orações, mensagens de carinho e boas vibrações; Aos profissionais envolvidos, especialmente: Dra Tatiana Prandini, Dra Juliana Brunelli, Dra Paola Milani, Dr Fábio Zola, Dra Thais Amaral, Dra Júlia de Stefani, Dr Mauro Goldfarb e Dr Éric Rauber. Além das equipes de enfermagem, nutrição, fisioterapia e odontológica do CTO, do CTR, do Hospital da Unimed Ribeirão Preto e do Levity Ribeirão Preto. “E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre” Chico Xavier

  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é/foi o tratamento mais difícil? Por quê? Mariana - Na quimioterapia perdi totalmente o controle do meu corpo. Tinha dias que sentia dores insuportáveis e em outros não conseguia sair da cama. Foi um período fisicamente e psicologicamente doloroso. A sensação de ficar muito ruim para se curar é difícil de entender, mas faz parte e sou extremamente grata pelo sucesso do tratamento.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral do tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Mariana - Sim, muitos, mas com muita paciência e ajuda de familiares e amigos que conversaram muito comigo sobre o que eu estava passando durante o tratamento. 
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Mariana - Muito próxima, ainda visito o consultório a cada três meses. Dr. Fábio é um médico iluminado.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Mariana - Sim. Fiquei muito próxima da mastologista, inclusive ela foi a médica assistente do meu parto. Sou duplamente grata: por ter colocado meu filho no mundo e por ter ajudado a salvar a minha vida.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Mariana - Sim, foi importante para eu dividir meus medos, coisas que não conseguia dividir com amigos, familiares e com meu marido, já que eles estavam tão apavorados quanto eu.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Mariana - Hoje faço acompanhamento com a mastologista, com o oncologista e continuo na fisioterapia. Meu filho completou 2 anos e eu estou  tem um ano de alta do tratamento. Retomei o trabalho e sou grata por cada dia vivido.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Mariana - Em uma fase do tratamento tive que parar.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Mariana - Sim, consegui isenção do IPI na compra de automóvel.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Mariana - Chore e respire. O diagnóstico é assustador, mas não é uma sentença de morte. No final, após todas as dificuldades, descobrirá que a vida vale  a pena de ser vivida.
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Mariana - Mais educação sobre a doença e o tratamento. Ainda existe muito preconceito com pacientes oncológicos. A medicina avançou, as cabeça das pessoas também devem ser educadas sobre a real situação dos pacientes com câncer. Não somos coitadinhos! Apenas estamos lutando para viver!
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