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Instituto Oncoguia - Comece fazendo uma breve apresentação sobre você? idade, profissão, se tem filhos, casadoa, onde você mora...
Rita - Meu nome é Rita e tenho 51 anos. No momento não estou trabalhando, mas minha última ocupação foi Supervisora de Atendimento. Sou casada (27 anos), tenho dois filhos - Allan 24 anos (meu doador medular) e Ana Luiza 21 anos.
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Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais?
Rita - Duas semanas antes de procurar um Pronto Socorro surgiu um abcesso (processo inflamatório) na minha virilha e um mês antes começaram a aparecer manchas rochas nas minhas pernas.
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Instituto Oncoguia - Você enfrentou dificuldades para fechar o seu diagnóstico? Se sim, quais?
Rita - Quando procurei o Pronto Socorro foi solicitado um hemograma e o parecer inicial foi de anemia profunda. Solicitaram minha internação na UTI para melhor investigação. Através do Mielograma fecharam o diagnóstico de LMA, no dia 12 de Agosto 2022.
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Instituto Oncoguia - Como você ficou diante do diagnóstico? Quer nos contar o que sentiu, o que pensou?
Rita -
O primeiro pensamento foi que não sobreviveria. Chorei muito, estava com minha irmã mais velha no quarto. Pedi que ela chamasse meu esposo e filhos e para comunicar, porque eu mal conseguia falar na ocasião.
Quando chegaram eu estava um pouco mais calma, comuniquei meu marido e ela meus filhos. No dia seguinte fui removida de um hospital para outro para realizar a quimioterapia.
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Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?
Rita - De não abrir os olhos nos dias seguintes, de pensar que poderia não ver mais as pessoas que tanto amo. A sensação é de que eu ainda tinha tantas coisas a fazer e realizar, tantas vivências, mas não sabia se conseguiria.
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Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos?
Rita - Eu já fiz dois ciclos de quimioterapia (mais invasivas) que não surtiram efeito algum sobre o câncer, só progrediu neste período. Depois tomei dois medicamentos, sendo um via oral e outro via muscular que conseguiram controlar melhor a doença permitindo que o transplante fosse realizado - em 11 Maio 2023.
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Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é/foi o tratamento mais difícil? Por quê?
Rita - A quimioterapia que antecede o transplante e a Radioterapia (total body irradiation – TBI). São procedimentos bem agressivos, a finalidade deles é deixar o corpo do paciente totalmente livre de qualquer possibilidade de atividade cancerígena. Também não me adaptei a sonda nasogástrica que é necessária para melhorar a condição alimentar após o transplante.
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Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral do tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou?
Rita - Sim, muitos. Sangramento bucal e nasal, cólicas intestinais, dores de cabeça, prisão de ventre, febre e cansaço físico extremo. Quando acontecia algum ou alguns destes sintomas juntos ficava um pouco irritada e confusa. Todos foram tratados através de medicamentos.
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Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista?
Rita - Foram duas equipes diferentes. Uma que me acompanhou em um hospital no início dos tratamentos e outra durante o transplante e seu preparo. Ambas com excelentes profissionais. Ressalto que a paciência e carisma da primeira equipe me chamou muito a atenção. Tanto dos médicos quanto da equipe de enfermagem.
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Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê?
Rita - Fisioterapeutas, psicólogo, cardiologista, ortopedista e nutrólogo. São os profissionais que acompanham os pacientes durante a internação. No caso do ortopedista houve necessidade devido a uma artrodese lombar.
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Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida.
Rita - Sim, faço sessões a 13 anos, desde a descoberta não deixei de fazer (on-line). Ao meu ver a terapia não é necessária somente nestas situações, mas em todas as etapas das nossas vidas.
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Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?
Rita - Passados mais de 130 dias do transplante me sinto bem melhor. As plaquetas oscilam um pouco, mas é devido aos medicamentos que faço uso participando de um estudo clínico. Estou mais segura e feliz, mais consciente e atenta ao hoje, ao presente!
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Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer?
Rita - Não estou trabalhando atualmente. Não fui desligada da empresa por conta da doença, foi descoberta durante a homologação contratual.
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Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais?
Rita - Sim, estou tendo acesso as coberturas do meu plano de saúde através de liminar judicial.
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Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
Rita -
Na descoberta, deixe fluir as emoções, permita-se, pois não é fácil ouvir que se tem câncer. Após a descoberta, aceite as orientações e tratamentos propostos pelos profissionais, se não estiver segura(o) com relação aos seus médicos procure outros profissionais com vasta experiência na questão.
Por mais doloroso que seja o caminho acredite, a cura é possível, tenha paciência e esperança!
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Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros!
Rita - Estratégias de prevenção focadas na promoção de alimentação saudável, na manutenção de peso corporal adequado, na prática de atividade física no lazer e da redução do consumo de bebidas alcoólicas podem ajudar na prevenção dos casos da doença.