Causas do retinoblastoma
O retinoblastoma é causado por mutações em determinados genes. No início do desenvolvimento fetal, as células da retina se dividem para formar novas células. Em um determinado ponto, essas células normalmente param de se dividir e se tornam células retinianas maduras. Mas às vezes, nesse processo, algumas células da retina continuam a crescer descontroladamente levando ao retinoblastoma.
Certas mudanças no DNA de uma pessoa podem fazer com que as células da retina cresçam descontroladamente. O DNA é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas de todas as células. Nós normalmente nos parecemos com nossos pais porque eles são a fonte do nosso DNA. No entanto, o DNA nos afeta muito mais do que isso.
Alguns genes têm instruções para controlar o crescimento e a divisão das células. Os genes que promovem a divisão celular são chamados oncogenes. Os genes que retardam a divisão celular ou levam as células à morte no momento certo são denominados genes supressores de tumor. Os cânceres podem ser causados por alterações no DNA que se transformam em oncogenes ou desativam os genes supressores de tumor.
O gene mais importante para o retinoblastoma é o gene supressor de tumor RB1. Ele produz a proteína pRb, que ajuda as células a desacelerarem seu crescimento. Cada célula tem normalmente dois genes RB1. Enquanto uma célula da retina tem pelo menos um gene RB1 funcionando como deveria, o retinoblastoma não vai se formar. Mas, quando ambos os genes RB1 são mutados ou ausentes, uma célula pode crescer sem controle, levando a outras alterações genéticas que, por sua vez, podem tornar-se células cancerígenas.
Retinoblastoma hereditário ou bilateral
Uma em cada três crianças com retinoblastoma tem uma mutação da linha germinativa de um gene RB1, isto é, todas as células do corpo têm um defeito no gene RB1. A maioria dessas crianças (75%) desenvolveu essa mutação após a concepção. As outras 25% herdaram de um dos pais.
Cerca de 90% das crianças que nascem com essa mutação germinativa do gene RB1 desenvolvem retinoblastoma. Isso acontece quando o segundo gene RB1 é perdido ou mutado. Na maioria dos casos, o retinoblastoma é bilateral, mas, às vezes, é diagnosticado precocemente, quando ainda está apenas em um olho.
Todos os retinoblastomas bilaterais são considerados hereditários, embora nem todos os retinoblastomas hereditários sejam bilaterais quando diagnosticados.
Cada pessoa tem dois genes RB1, mas transmite apenas um para cada um de seus filhos (a criança adquire o outro gene RB1 do outro progenitor). A chance de um pai que teve retinoblastoma hereditário transmitir o gene mutante para o filho é de 50%.
A maioria das crianças com retinoblastoma hereditário não tem um dos pais afetado, uma vez que a mutação do gene RB1 ocorre ainda no útero. Mas essas crianças terão um risco aumentado de transmitir a doença aos seus filhos. É por essa razão que é denominado retinoblastoma hereditário, embora nenhum dos pais da criança tenham tido a doença.
Retinoblastoma não hereditário (esporádico)
Duas em cada três crianças com retinoblastoma não têm a mutação no gene RB1 em todas as células do corpo. Em vez disso, a mutação no gene RB1 ocorre numa fase precoce de suas vidas e em apenas uma célula de um olho.
Independentemente se as alterações no gene RB1 são hereditárias ou esporádicas, as causas não são conhecidas. Elas podem resultar de erros genéticos aleatórios que às vezes ocorrem quando as células se reproduzem e se dividem. Não existem causas relacionadas ao estilo de vida ou ambientais conhecidas para o retinoblastomas, por isso é importante lembrar que não há nada que essas crianças ou seus pais poderiam ter feito para evitar esse tipo de câncer.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 03/12/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.