Vivendo com câncer de boca e orofaringe

Para alguns pacientes com câncer de boca ou orofaringe, o tratamento pode remover ou destruir o câncer, mas chegar ao fim do tratamento pode ser um tanto estressante. Ao mesmo tempo em que o paciente se sente aliviado com o término do tratamento, fica a preocupação de uma recidiva ou metástase.

Em outros pacientes, o câncer pode nunca desaparecer completamente. Esses pacientes continuarão realizando tratamentos regulares para tentar manter a manter a doença sob controle. Aprender a conviver com a doença pode ser difícil e estressante.

Cuidados no acompanhamento

Quando o tratamento termina, os médicos irão acompanhá-lo de perto por alguns anos. Por isso, é muito importante comparecer a todas as consultas de acompanhamento, quando o médico o examinará, verificará possíveis efeitos colaterais e solicitará alguns exames de laboratório ou de imagens para acompanhamento e reestadiamento da doença.

Quase todo o tratamento do câncer pode ter efeitos colaterais, sendo que alguns podem durar algumas semanas, mas outros podem ser permanentes. Converse com seu médico sobre quaisquer sintomas ou efeitos colaterais que você apresente para que ele possa orientar sobre como gerenciá-los.

Para todos os pacientes com câncer de boca ou orofaringe que já terminaram o tratamento, é importante informar aos seus médicos sobre quaisquer novos sintomas ou problemas, pois eles podem ser provocados ​​pela recidiva da doença, por uma nova doença ou por um segundo câncer.

Acompanhamento clínico

Se não houver sinais de doença, muitos médicos recomendam a realização de um exame físico e dos exames listados abaixo durante os primeiros meses após o tratamento e, em seguida, a cada quatro a seis meses nos próximos anos.

Endoscopia. Esse exame pode ser realizado a cada um a três meses durante o primeiro ano, de dois a seis meses durante o segundo ano, de quatro a oito meses durante o terceiro ao quinto ano e anualmente a partir do quinto ano.

Parar de fumar. Para pacientes que tiveram problemas para parar de fumar antes do tratamento, se recomenda aconselhamento, bem como o uso de medicamentos para ajudá-los a parar. É importante parar de fumar porque mesmo os pacientes diagnosticados com câncer de boca e orofaringe em estágio inicial têm um risco aumentado de ter um novo câncer relacionado ao tabagismo se continuarem fumando.

Exames de sangue. Os pacientes tratados com radioterapia  na região do pescoço, devem fazer exames de sangue regulares para verificar a função da tireoide.

Exames de imagem. Os exames de imagem devem ser realizados para reestadiamento da doença, principalmente se o paciente apresentar novos sintomas.

Exames odontológicos. Os pacientes tratados com radioterapia podem apresentar problemas de boca seca e cáries, por isso é recomendada a realização de exames odontológicos regulares.

Problemas com alimentação e nutrição. Às vezes, os cânceres de boca e orofaringe e seus tratamentos podem provocar problemas como perda ou alteração do paladar, boca seca ou até perda de dentes, o que pode dificultar a alimentação, levando a perda de peso e fraqueza devido à má nutrição. Alguns pacientes podem precisar ajustar sua alimentação durante e após o tratamento. Outros podem precisar usar sonda de alimentação, pelo menos por um curto período de tempo, durante e após o tratamento. Se você tiver problemas na alimentação durante o tratamento, consulte um nutricionista para encontrar uma forma que possa atender às suas necessidades nutricionais.

Fonoaudiologia e terapia de deglutição. O câncer de boca ou de orofaringe e seus tratamentos, muitas vezes, podem afetar a fala e a deglutição do paciente. Nesses casos, será necessário o acompanhamento de um fonoaudiólogo para orientá-lo no gerenciamento desses problemas e ajuda-lo na restauração da fala.

Registros médicos

Eventualmente, em algum momento após o diagnóstico e tratamento do câncer de boca e orofaringe, você pode consultar outro médico, que desconheça totalmente seu histórico clínico. É importante que você seja capaz de informar ao novo médico os detalhes do diagnóstico e do tratamento. Verifique se você tem a seu alcance, informações como: cópia do laudo de patologia e de qualquer biópsia ou cirurgia; cópia do relatório de alta hospitalar; cópia do relatório do tratamento radioterápico; cópia dos relatórios dos tratamentos quimioterápicos, terapia-alvo ou Imunoterapia, incluindo medicamentos utilizados, doses, e tempo do tratamento; e, exames de imagem.

O médico pode querer manter cópias dessas informações, não se esqueça de sempre manter cópias de tudo com você!

Como diminuir o risco do câncer progredir ou recidivar?

A maioria das pessoas quer saber se mudanças específicas no estilo de vida, como a prática de atividades físicas, manter uma alimentação saudável ou tomar suplementos nutricionais, podem reduzir o risco do câncer de boca e orofaringe ou continuar em progressão ou recidivar.

O tabagismo está claramente relacionado com o câncer de boca e orofaringe. Embora não esteja claro se fumar aumenta o risco da recidiva ou progressão da doença, ainda assim é muito importante parar. Parar de fumar reduz sua chance de desenvolver novos tipos de câncer.

Adotar comportamentos saudáveis, como comer bem, praticar atividade física regular e manter um peso saudável também podem ajudar, mas não existe uma certeza. No entanto, sabe-se que esses tipos de ações podem ter efeitos positivos sobre a saúde que podem se estender além do seu risco de câncer de boca e orofaringe e outros tipos de câncer.

Suplementos dietéticos

Até o momento, nenhum suplemento dietético, incluindo vitaminas, minerais e produtos à base de plantas, mostrou diminuir o risco da progressão ou recidiva do câncer de boca e orofaringe. Isso não significa que nenhum suplemento ajudará, mas é importante saber que nenhum suplemento é eficaz.

Se você está pensando em tomar qualquer tipo de suplemento nutricional, converse antes com seu médico, para decidir quais você pode usar com segurança, evitando aqueles que podem ser prejudiciais.

Se o câncer voltar?

Se a doença voltar em algum momento, as opções de tratamento dependerão da localização da recidiva, dos tratamentos já realizados e do estado geral de saúde do paciente.

Suporte emocional

Algo que ajuda muito ao paciente com câncer de boca e orofaringe a enfrentar a doença é o apoio e a força que ele recebe. Independente de como, o importante é que você encontre em algo ou alguém essa ajuda, seja nos familiares, nos amigos, em ex-pacientes, em sites sobre a doença, ou até em sua própria fé. Você não precisa passar por tudo isso sozinho, seus familiares e amigos podem e querem ajudar você. Não se feche na doença, esteja disposto a ouvir o que os outros têm a lhe dizer.

Risco de um segundo câncer após o tratamento

Os pacientes que tiveram câncer de boca e orofaringe podem ser afetados por uma série de problemas de saúde, mas muitas vezes a sua maior preocupação é enfrentar o câncer novamente. Se um câncer volta após o tratamento é chamado de recidiva. Mas alguns pacientes podem desenvolver um novo câncer, o que é chamado de segundo câncer primário. Não importa o tipo de câncer que teve, ainda é possível ter outro (novo) câncer, mesmo depois de sobreviver ao primeiro.

Infelizmente, ter sido tratado contra o câncer de boca e orofaringe não significa que você não pode ter um novo câncer. Na verdade, certos tipos de tratamentos contra o câncer podem ser associados a um maior risco de um segundo câncer.

Os pacientes que tiveram câncer de orofaringe podem ter qualquer tipo de segundo câncer, mas têm um risco aumentado para alguns casos específicos:

  • Câncer de pulmão.
  • Câncer de esôfago.
  • Câncer de laringe e hipofaringe.
  • Câncer de boca.
  • Câncer de orofaringe (diferente do primeiro).
  • Câncer de pâncreas.
  • Câncer de via biliar.
  • Câncer de ânus.
  • Câncer de colo do útero.
  • Câncer de cólon.
  • Câncer de reto.
  • Câncer de estômago.
  • Leucemia mieloide crônica.
  • Linfoma de Hodgkin.
  • Câncer de tireoide.

Os pacientes que tiveram câncer de boca têm um risco aumentado para outros tipos de câncer, como:

  • Câncer de pulmão.
  • Câncer de esôfago.
  • Câncer de laringe e hipofaringe.
  • Câncer de boca e orofaringe (diferente do primeiro).
  • Câncer de estômago.
  • Câncer de fígado.
  • Câncer de cólon.
  • Câncer de reto.
  • Câncer de colo do útero.

O que você pode fazer para diminuir o risco de um segundo câncer

          Parar de fumar

Muitos desses tipos de câncer estão relacionados ao tabagismo. O câncer de pulmão está fortemente relacionado ao tabagismo, sendo o segundo tipo de câncer mais frequente para o câncer de boca ou garganta.

Embora não seja fácil, parar de fumar pode diminuir o risco de muitos problemas de saúde, incluindo o risco de desenvolver outro câncer. Os pacientes têm um menor risco de câncer de pulmão, esôfago, laringe, hipofaringe e boca e orofaringe do que aqueles que continuam fumando.

          Acompanhamento após o tratamento

Após o término do tratamento para o câncer de boca e orofaringe, você ainda deve consultar o seu médico regularmente para procurar sinais de possíveis recidivas ou disseminação da doença. Especialistas não recomendam qualquer exame adicional para procurar um segundo câncer em pessoas sem sintomas. Comunique seu médico sobre quaisquer novos sintomas ou problemas, porque eles poderiam ser causados pela recidiva da doença ou por um segundo tipo de câncer.

Para ajudar a manter a boa saúde, os pacientes também devem adotar algumas atitudes, como:

  • Atingir e manter um peso saudável.
  • Adotar um estilo de vida fisicamente ativo.
  • Consumir uma dieta saudável, com ênfase em alimentos de origem vegetal.
  • Limitar o consumo de álcool.

Essas ações também podem reduzir o risco de outros tipos de câncer.

Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 23/03/2021, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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