14º Fórum Nacional Oncoguia - Dia 2 - 09/05/2024

Como os dados podem apoiar e garantir que conhecemos a realidade do paciente?

O segundo dia de evento começou com uma mesa especial para debater como a coleta, organização e uso de informações qualificadas sobre câncer influenciam nas ações de controle do câncer. 

O debate, mediado por Luciana Holtz e Helena Esteves, contou com a participação de:

  • Luis Felipe Martins, chefe da Divisão de Vigilância e Análise de Situação da CONPREV/INCA;
  • Marion Piñeros, médica e cientista da Cancer Surveillance Branch da International Agency for Research on Cancer (IARC);
  • Cristiane Bastos Daniel, Farmacêutica da SES/DF, Coordenadora do Registro de Câncer de Base Populacional do Distrito Federal;
  • Aline Leal Lopes, Tecnologista da CGCAN/SAES/MS;
  • Dr. José Getúlio M.Segalla, Presidente da Associação Brasileira de Registros de Câncer (ABRC);
  • Dr. Alfredo Scaff, médico Consultor da Fundação do Câncer;
  • e André Santos, mestre e Doutor em Oncologia Clínica pela USP e especialista em Data Science and Analytics. Atua como Gerente do Departamento de Saúde Digital no Hospital de Amor (Barretos-SP).

Para abrir as discussões, Marion Piñero, que participou remotamente, mostrou dados de incidência do câncer no Brasil e ressaltou o papel dos registros de câncer nacionais, como os Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e os Registros Hospitalares de Câncer (RHC). Por exemplo, a especialista destaca a importância do levantamento de dados regionais para se ter clareza dos perfis de risco para cada tipo de câncer. Entretanto, Piñero também apontou dificuldades para o registro desses dados, como a falta de profissionais qualificados e treinados para a coleta e análise.

Por fim, a convidada apontou passos para um sistema de vigilância do câncer sustentável, viável, e aceitável com dados úteis e de qualidade. 

Por sua vez, Luis Felipe Martins trouxe o papel do INCA para o registro do câncer no Brasil, focando em como melhorar a coleta dessas informações no país, em especial do RCBP. Segundo ele, o país enfrenta desafios significativos para a manutenção e implementação dos registros, principalmente por poderem depender de diversos atores, como o município, ou o estado, universidades e até organizações não governamentais. Essa descentralização fragiliza o sistema e torna os registros vulneráveis a mudanças políticas. 

Para a melhoria, o palestrante recomenda, entre outras ações, o estabelecimento de uma legislação específica de vigilância do câncer através dos RCBP, assim como um modelo de financiamento próprio.

Para completar as apresentações da mesa, Cristiane Bastos trouxe a experiência do Distrito Federal com a Notificação Compulsória do Câncer, implementada em 2015. Entre os pontos de destaque da implementação, Cristiane ressalta o acesso a dados da rede privada, que antes não era feito, assim como o aumento da qualidade e quantidade de casos notificados na base dos RHCs do DF. 

Antes dos demais convidados se juntarem para um debate, Alfredo Scaff também apresentou a solução Oncollect, uma ferramenta voltada para consultórios, clínicas e hospitais de alta complexidade para fortalecer o registro de câncer ambulatorial, hospitalar e de base populacional.

Regulação: precisamos conhecer e agilizar as filas de exames e consultas

Em seguida, as palestras da manhã seguiram com uma mesa voltada para um debate sobre as filas de agendamento para exames e consultas no SUS e como é possível deixá-las mais transparentes, organizadas e eficazes. 

Mediado por Luciana Holtz, a conversa contou com os convidados:

  • Carmen Zanotto, enfermeira, Ex-Deputada Federal e atual Secretária de Saúde de Santa Catarina;
  • Aline Leal Gonçalves Creder Lopes, tecnologista da CGCAN/MS;
  • Pascoal Marracini, Presidente da ABIFICC;
  • Tiago Farina Matos, Conselheiro Estratégico de Advocacy do Oncoguia, SBOC e FEHOSP;
  • Sonia Lanza Freire, Coordenadora da Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer do estado de São Paulo;
  • Elaine Giannotti, especialista e mestre em saúde pública, assessora técnica do COSEMS/SP. 

A mesa contou com apresentações de Luciana Holtz, que trouxe depoimentos de pacientes e dados que exemplificam como a falta de conhecimento do status das filas afeta no acesso ao cuidado efetivo, e de Sonia Lanza, que trouxe os posicionamentos e ações da Rede Hebe Camargo sobre o acesso a serviços oncológicos no Estado de São Paulo, ressaltando a implementação do Protocolo de Alta Suspeição. 

Além delas, a secretária de Saúde de Santa Catarina, Carmem Zanotto, enviou uma apresentação em vídeo discorrendo sobre a experiência do estado com o Painel de monitoramento de cirurgias oncológicas, um instrumento para acompanhar a aplicação das leis federais dos 30 e 60 dias, dando transparência para as filas dos hospitais habilitados em oncologia catarinenses. 

Depois das apresentações, os demais convidados se juntaram para um debate sobre as informações apresentadas e demais experiências em suas respectivas áreas. 

As desigualdades sociais e seus impactos no câncer

A parte da tarde foi dedicada para discutir sobre o impacto das desigualdades sociais no acesso ao cuidado oncológico e como é possível trabalhar de forma integrada entre as diversas áreas para avançar na equidade entre os pacientes com câncer, sobretudo no momento de uma nova política oncológica

Com mediação de Luciana Holtz, a mesa contou com a participação dos convidados:

  • Dra. Maira Caleffi, presidente da FEMAMA e membro da UICC (Union for International Cancer Control); 
  • Marianna Cancela, pesquisadora titular da Divisão de Vigilância e Análise de Situação do INCA;
  • Larissa Veríssimo, Consultora Nacional de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da OPAS/ OMS;
  • e Dr. João Wilson Rocha, Médico Oncologista pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

Entre as apresentações, destacam-se as falas da pesquisadora do INCA, que aponta que as desigualdades sociais no Brasil fazem com que quase 50% das mulheres com câncer de colo de útero sejam diagnosticadas em estágio avançado. Isso para um câncer que é possível falar de eliminação. Dos fatores de risco, a escolaridade é o fator mais forte, podendo aumentar em até 28% para mulheres com baixa escolaridade. 

A consultora da Organização Pan-Americana de Saúde, Larissa Veríssimo, também destacou as diferenças na incidência e mortalidade de câncer na América Latina e Brasil quando comparados com países da Europa e América do Norte, ressaltando que as desigualdades socioeconômicas pesam nesses números. Por exemplo, ela afirma que a mortalidade por câncer de colo de útero nessas regiões é maior para a mulher negra, parda ou indígena, que não tem escolaridade e passa por dificuldades socioeconômicas.

Também é importante ressaltar a apresentação do Dr. João Rocha, que trouxe como o racismo estrutural impacta no cuidado ao câncer, ressaltando dados socioeconômicos da população negra no Brasil, que configuram a maioria entre os mais pobres, com menor acesso à moradia digna e a serviços de saúde. Entre os principais dados apresentados, destaca-se a situação da equidade racial na educação médica: em 2020, cerca de 70% dos estudantes concluintes de medicina no Brasil eram brancos, enquanto que negros e pardos compunham 27% e amarelos e indígenas os 3% restantes. 

O que importa para o paciente

O Fórum Nacional Oncoguia foi finalizado com uma mesa especial, composta apenas por pacientes oncológicos, que trouxeram depoimentos emocionantes sobre suas jornadas com a doença e que ressaltaram os principais desafios, prioridades e pontos de melhora no cuidado do câncer na visão dos próprios pacientes. 

Foram convidados 17 pacientes que compõem o Comitê de Pacientes do Instituto Oncoguia, formado por pacientes dos mais diferentes tipos de câncer e em diferentes fases de tratamento e voluntários exclusivos do Oncoguia, que desempenham um papel estratégico e responsável dentro das nossas ações e iniciativas institucionais.

2º DIA (09/05) - ABERTURA + MESA 5: Como os dados podem apoiar e garantir que conhecemos a realidade

Confira a abertura e a mesa 5, do dia 09/05, sobre Como os dados podem apoiar e garantir que conhecemos a realidade do paciente?

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2º DIA (09/05) - MESA 6: Regulação precisamos conhecer e agilizar as filas de exames e consultas

2º DIA (09/05) - PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: Adriano Massuda

2º DIA (09/05) - MESA 7: As desigualdades sociais e seus impactos no câncer

2º DIA (09/05) - MESA 8: O que importa para o paciente

 

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