2º Fórum Permanente de Imunoterapia do Oncoguia

Confira como foi o 2º Fórum Permanente de Imunoterapia, promovido pelo Oncoguia no dia 15/03/2022.

Estamos sempre acompanhando as novidades e avanços no tratamento do câncer. E nos últimos anos, a imunoterapia tem pautado muitas discussões no mundo do câncer. A imunoterapia estimula o organismo a identificar as células cancerosas e atacá-las com medicamentos que modificam a resposta imunológica. Pensando nisso, criamos o Fórum Permanente de Imunoterapia para esclarecer as diferenças entre os processos, eficácia e tipos de câncer, já em sua segunda edição. 

Se você perdeu o evento ou alguma das palestras, ou ainda, se você acompanhou tudo junto conosco, mas quer retomar algumas das discussões, confira abaixo um resumo sobre os temas abordados e o vídeo na íntegra.

Abertura e objetivos do Fórum e o compromisso Oncoguia com o tema.
Luciana Holtz, fundadora e presidente do Oncoguia

Luciana Holtz começou agradecendo aos participantes, equipe Oncoguia, parceiros e patrocinadores. Ela explicou que o objetivo do evento é mostrar a importância da imunoterapia, como uma importante opção de tratamento, ouvir a opinião dos maiores especialistas e conhecer e discutir as principais barreiras de acesso a esse tratamento para pacientes no SUS. Ela ressaltou que apesar de já termos essa recomendação para o Melanoma Metastático, o tratamento ainda não está disponível para todos aqueles que precisam se beneficiar.

Para dar início ao 2º Fórum Permanente de Imunoterapia do Oncoguia, Luciana convidou o médico e comentarista de saúde em rádio, TV e internet, Dr. Luis Fernando Correa e o Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista do Hospital Sírio-Libanês e membro do comitê científico do Oncoguia 

Como a imunoterapia está sendo usada na prática no Brasil?

Os médicos Dr. Rodrigo Munhoz e  Dr Luis Fernando Correa convidaram para participar desta primeira mesa, o oncologista clínico, diretor médico geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Antonio Carlos Buzaid. 

Dr. Buzaid apontou a diferença do tratamento da imunoterapia. “Todos os cânceres ocorrem porque o sistema imune falha, caso consiga converter esse princípio básico, pode ser que logo consigam a regressão ou eliminação da doença”, complementou.  

Sobre o atual cenário do tratamento com imunoterapia, ele explicou que o método é usado em       um grande número de tumores, não somente em melanoma, como também nos cânceres de pulmão, mama, fígado, rim, entre outros. 

“A imunoterapia pode auxiliar de forma preventiva, com o objetivo de aumentar a chance de cura. O SUS lamentavelmente ainda não tem acesso à imunoterapia, o governo poderia fazer estudos com doses mais baixas, o que reduziria o custo dessas medicações. Doses mais baixas podem ser bastante eficazes.”,  finalizou Dr. Buzaid.            

A importância da experiência clínica

Na segunda mesa do Fórum, os médicos Dr. Munhoz, Dr. Luis Fernando Correa e Dr. Buzaid convidaram mais quatro especialistas para o debate, com o objetivo de discutir o uso da imunoterapia em diferentes tipos de câncer. 

Dra. Carolina Kawamura Haddad, coordenadora da oncologia torácica do grupo DASA, Hospital Nove de Julho, foi a primeira a falar, com foco no câncer de pulmão. 

Ela citou que, em 2015, a imunoterapia começou a ser usada no câncer de pulmão, um pouco depois do melanoma. Sendo hoje, uma rotina, pois é um tratamento frequentemente utilizado, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente. “Hoje, a imunoterapia faz parte do tratamento do câncer de pulmão em todas as fases da doença”, ressaltou Dra. Carolina.

Em seguida, Dr. Antonio Carlos Buzaid falou sobre a perspectiva do melanoma. Segundo ele, a finalidade da imunoterapia é curar, ou seja, eliminar a doença. Em uma comparação da quimioterapia com a imunoterapia nos casos de melanoma, Dr. Buzaid  explicou que na quimio, a chance de cura está em 1% e na imuno, chega a 40%. 

O próximo a palestrar foi o Dr. Rafael Kaliks, oncologista e diretor científico voluntário do Oncoguia , que abordou a imunoterapia nos casos de câncer de mama. Ele comentou que no câncer de mama, apesar de ser o mais comum entre as mulheres, o impacto da imunoterapia é bastante restrito, em relação ao público de pacientes que podem se beneficiar. 

Dr. Kaliks explicou que no câncer de mama, a pesquisa está mais avançada nos casos de triplo negativo, o que representa 10% das pacientes. O médico também esclareceu que o melhor meio de usar a imunoterapia é antes da cirurgia, para saber se ela funciona reduzindo o tamanho do tumor. 

“Vale a pena a paciente conversar com o seu oncologista sobre a imunoterapia como opção de tratamento para o seu caso. No entanto, no Brasil, na doença precoce, a imunoterapia ainda não está aprovada, e na doença metastática existe apenas a aprovação de uma medicação”, complementou.  

Dr. Roberto Pestana, oncologista no Hospital Israelita Albert Einstein, falou sobre a imunoterapia nos casos de câncer de fígado. Ele comentou sobre os tumores primários, ou seja, os tumores que nascem no fígado. Segundo ele, precisamos levar em conta não só os aspectos relacionados ao tumor, mas também à função hepática. Dr Pestana esclareceu que o câncer de fígado é resistente à quimioterapia tradicional, e que apenas nos últimos 5 anos tivemos avanços nos tratamentos, inclusive com a imunoterapia. 

“Há muitos estudos em andamento, diversas combinações sendo testadas, e cada vez mais experiência da equipe. Tudo isso ajudará na definição do tratamento”, comentou. 

Encerrando o tema, Dr. Gustavo Fernandes, oncologista e diretor geral do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, ressaltou o difícil diagnóstico do câncer de fígado no SUS, pois apesar de existirem várias maneiras de rastreio, na prática, as mesmas não são bem aplicadas. 

Durante o  2º Fórum Permanente de Imunoterapia foram apresentados ainda dois cases sobre a imunoterapia no SUS. Dr. Sergio Serrano, médico do departamento de Oncologia Clínica, subespecialidade em melanoma, abordou o Case Barretos. E Dr. Diogo Bugano, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, trouxe o Case Vila Santa Catarina. 

Debate sobre alternativas para o acesso no SUS

Participaram da mesa:
Tiago Matos, Conselheiro estratégico de Advocacy do Oncoguia 
Gustavo Fernandes, oncologista e diretor geral do Hospital Sírio-Libanês em Brasília
Denizar Viana, professor associado da faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Sergio Serrano, médico do departamento de Oncologia Clínica, subespecialidade em melanoma
Frederico Escaleira, deputado federal e médico oncologista

Tiago citou o decreto assinado pelo executivo que estabelece o prazo de 180 dias a partir da decisão de incorporação para garantir que a imunoterapia chegue ao organismo do paciente. No entanto, esse prazo terminou em fevereiro de 2021, enfatizando a dificuldade de acesso à imunoterapia no SUS. 

Logo em seguida, em sua fala, Denizar afirmou que  deve-se discutir o financiamento do SUS, para que tenhamos recursos. “A proposta é propor a compra do insumo de alto custo, melhorar os prazos e agilizar a decisão na CONITEC”. Ele também enfatizou que enquanto o Ministério da Saúde não trouxer para si a governança desse processo, não haverá conclusões progressivas. 

Em sequência, o deputado Frederico Escaleira comentou sobre o fluxo de um projeto de lei, que passa pelas comissões para posteriormente ir ao plenário. Segundo ele, a ideia é que se projete uma forma para obrigar o Ministério da Saúde a cumprir o que já está na lei, ou seja, os 180 dias para aprovar o que está na CONITEC. “A gente precisa ter a coragem de pensar em formas inovadoras para que, efetivamente, seja possível ter um recurso maior para o tratamento do câncer, com eficiência, sem deixar de falar de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento inicial”, salientou. 

A importância da experiência do paciente 

Nossa presidente Luciana Holtz reuniu o superintendente da Associação Brás da Indústria de Dispositivos Médicos, Paulo Henrique Fraccaro e a professora e analista judiciária aposentada, voluntária Oncoguia, Iane Cardim.

Iane, paciente de câncer de pulmão com metástase nos ossos, é usuária da imunoterapia desde 2016. Ela contou que fez vários exames, biópsias, até chegar ao diagnóstico do câncer de pulmão. Com um prognóstico de sobrevida de 60 dias, Iane afirmou ter a vida resgatada com a imunoterapia. O tratamento, além de reduzir o tumor, praticamente não provocou nenhum efeito colateral.  

Hoje, Iane, tem uma melhor qualidade de vida, não tem mais uma vida sedentária, se alimenta bem, segue cheia de projetos para o futuro e é feliz. 

E seguindo com esse bate-papo cheio de inspiração e amor pela vida, Paulo Henrique Fraccaro, contou que sempre foi cuidadoso com sua própria saúde, por isso, ao perceber uma verruga que crescia rapidamente, procurou um dermatologista. Ele foi diagnosticado com melanoma em estágio avançado, localizado na cabeça e no pescoço, inclusive com uma pressão na carótida.

Em conversa com seu oncologista, Fraccaro foi encaminhado para a imunoterapia., e assim como Iane, também não teve efeitos colaterais, pois ele tinha muito medo de sofrer com muitas dores.  Com um sorriso no rosto e cheio de bom humor, Paulo disse que é muito grato pela vida. “A vida é muito boa! A vida é muita gostosa. Estou com 74 anos e estou namorando.” contou com um lindo sorriso no rosto. 

E foram com essas histórias tão lindas que encerramos o nosso 2º Fórum Permanente de Imunoterapia.

Luciana agradeceu a todos os palestrantes, a equipe Oncoguia e a todo o público que acompanhou o nosso evento. “Quero de verdade agradecer muito a presença de todos os pacientes, principalmente nossos voluntários, que ajudam outros pacientes, disseminando a informação de qualidade e ajudando muitas outras pessoas”, finalizou. 

Muito obrigado e até nosso próximo evento! 

Confira aqui o vídeo na íntegra do 2º Fórum Permanente de Imunoterapia, promovido pelo Oncoguia.

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