A trajetória de um familiar de câncer de pulmão brigando pela vida de seu pai
Em abril, Luana Santos entrou em contato conosco pelo canal Ligue Câncer (0800 773 1666) buscando orientação sobre o caso de seu pai. Desde dezembro, Antônio, de 64 anos, estava com um nódulo no pescoço do tamanho de um caroço de azeitona. Mas em abril, o nódulo havia crescido e chegou ao tamanho de uma laranja. Além disso, ele estava perdendo a voz e sentindo muitas dores. Depois de uma consulta realizada em março no pronto socorro, o paciente aguardava pela abertura de agenda no aplicativo do SUS para realizar uma ultrassonografia solicitada pelo médico.
Luana estava com medo de levar o pai a um hospital por causa do início da pandemia de Covid-19. Nossa equipe orientou que ela o levasse para fazer a ultrassonografia na rede privada tomando todos os cuidados contra o coronavírus. Explicamos a ela também que os hospitais são “portas fechadas”, só atendem a partir de encaminhamento.
“Estava no trabalho quando comentei com amigos a situação do meu pai e uma amiga disse que a irmã dela teve câncer de mama e me passou o contato do Oncoguia. Eu já tive vários casos de câncer na família, mas quando eu era mais nova então eu não sabia nada sobre câncer e a Vilmena (especialista de atendimento do Ligue Câncer) me ajudou muito. Toda vez que eu ia com meu pai ao médico, eu ligava para vocês me ajudarem a entender o que estava acontecendo”, conta Luana.
“O Ligue câncer tem esse papel de "traduzir" e de ir explicando aos poucos o que está acontecendo, respeitando o tempo de cada pessoa. Tudo é novo, complexo e não há ninguém que faz esse papel de tradutor, nós fazemos”, explica Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.
Em 29 de abril, Antônio realizou o ultrassom e no começo de maio, Luana conversou com o clínico geral da AME que atendeu seu pai. O médico passou um medicamento para dor e encaminhou Antônio para um cirurgião de cabeça e pescoço, que aconteceu no dia 26 de maio.
Outros exames foram solicitados até que, enfim, a biópsia feita pela Santa Casa em 14 de julho, confirmou que o nódulo do pescoço era uma metástase de um câncer de pulmão não pequenas células.
Os médicos orientaram que ele iniciasse o tratamento com radioterapia no pescoço para reduzir o tumor. Quando foi começar o tratamento, Antônio estava bastante fragilizado e não conseguia ficar na posição correta para a radioterapia. Assim, foi recomendado que fizesse quimioterapia. Mas no comecinho de agosto, quando ia iniciar o tratamento, Antônio foi internado com pneumonia e suspeita de Covid. A quimio, que seria realizada em 4 de agosto foi adiada por conta do quadro de saúde dele.
Por fim, o exame de Covid deu negativo e no final de agosto, Antônio conseguiu começar o tratamento com quimioterapia. Segundo Luana, o pai estava se sentindo bem, animado, mais bem disposto e o tumor do pescoço havia reduzido bastante. No entanto, depois de realizar três sessões de quimio, num domingo de manhã no final de outubro, ele passou mal, desmaiou e acabou falecendo em decorrência de um tromboembolismo pulmonar.
“Toda vez que eu ligava para o Oncoguia, conseguia colocar as ideias em ordem. Além de me explicar o que eu não sabia, só de me escutar vocês já ajudavam bastante. Eu quase pirei nesse período. Histórias de câncer de mama todo mundo conhece, são bem divulgadas, mas de câncer de pulmão, não. As mudanças do meu pai foram muito rápidas, mas tivemos esperança até o último minuto. O Oncoguia foi um apoio emocional, além de me ajudar com muita orientação e informação”, conclui Luana.
Se assim como Luana, você também precisa de orientação, informação ou simplesmente acolhimento e apoio, entre em contato conosco. As ligações para o Ligue Câncer são gratuitas e atendemos de segunda a sexta, das 10h às 17h. Lembre-se que você não está sozinho!