[ARTIGO] Avanços no tratamento do câncer de rim melhoram prognóstico de pacientes com metástase

Diferentemente do que ocorre com outros tipos de câncer, o INCA não publica a estimativa de incidência de câncer renal em seu documento de estimativas de câncer
 
Dados publicados pelo Globocan, um projeto da Organização Mundial da Saúde que visa coletar, organizar e divulgar dados estimativos da incidência e mortalidade dos tipos mais comuns de câncer no mundo, apontam que, em 2008, pouco mais de 4 mil pessoas receberam o diagnóstico de câncer de rim no Brasil. Desta população, 61,7% eram homens. Este pode não ser um número alto quando comparado aos mais de 28 mil diagnósticos de câncer colorretal estimados pelo INCA em 2010, porém a taxa de mortalidade por câncer de rim no país é considerada alta, principalmente quando comparada às taxas de países desenvolvidos. 

Para se ter uma ideia, segundo o Globocan, a taxa de mortalidade por câncer de rim no Brasil é de 54% (ou seja, para cada dois pacientes que são diagnosticados, há um paciente já com diagnóstico da doença que vem a falecer), enquanto nos Estados Unidos esse número é de 24% e na Austrália, 37%. Isto indica que os casos no Brasil tendem a ter um diagnóstico mais tardio, quando a doença é mais avançada.
 
De acordo com doutor Oren Smaletz, oncologista clínico com grande experiência neste tipo de tumor, o rastreamento do câncer de rim não é praxe para a população de forma geral. Na maior parte dos casos, o tumor é descoberto por acaso, por meio de uma ultrassonografia ou tomografia que o indivíduo acaba fazendo por outro motivo. A maior parte dos pacientes de câncer de rim também não costuma apresentar sintomas. Quando isto ocorre, frequentemente, a doença já se encontra em estado metastático.
 
Um estudo realizado em 2009 pela Sociedade Brasileira de Urologia apontou que quase 40% dos casos de câncer de rim são diagnosticados quando o tumor está nos estágios 3 ou 4, considerados avançados e com poucas chances de cura.
 
Além das dificuldades encontradas para realizar o diagnóstico, outro fator influencia decisivamente no tratamento deste tipo de tumor: o fato de que ele apresenta baixas respostas à quimioterapia. Segundo o doutor Oren, para tumores sem evidência de metástase, o tratamento padrão e eficaz é a cirurgia, que cura a maioria destes casos.

"No caso de tumores pequenos, recomenda-se a nefrectomia parcial, ou seja a ressecção de uma parte do rim apenas, que pode ser feita por laparoscopia”, afirma o doutor Oren Smaletz. Segundo ele, esse tipo de procedimento tem o intuito de preservar uma parte do rim, mantendo o mais intacta possível sua função de filtração do restante do rim, que será poupado. Embora a maior parte dos adultos consiga viver normalmente com um rim apenas, o ideal é tentar preservar o máximo de tecido renal possível.
 
No que se refere à doença metastática, nos últimos cinco anos, seis novas drogas de administração oral foram aprovadas para o tratamento de câncer de rim. Elas têm como objetivo diminuir a formação dos vasos sanguíneos que nutrem o tumor. "Ao interferir nestas vias, o tumor pode parar de crescer e, em alguns casos, até ocorre uma diminuição de seu tamanho”, afirma o doutor Smaletz.
 
Essas drogas vieram substituir a imunoterapia - tratamento padrão anteriormente usado para casos metastáticos -, com resultados muito superiores e menos efeitos colaterais. "Estes novos medicamentos estão fazendo com que uma boa parcela dos pacientes de câncer de rim consiga viver mais e melhor”, completa doutor Smaletz.

Números Câncer de Rim no Brasil *

  • Diagnósticos – 4176 casos estimados em 2008.
  • Homens – correspondem a 61,7% dos diagnósticos.
  • Mortalidade por câncer de rim (Brasil) – 54%.
  • Mortalidade por câncer de rim (mundo) – 42,54%.
*Fonte: Globocan

Possíveis sintomas

  • Febre.
  • Emagrecimento.
  • Sangue na urina (hematúria).

Que médico procurar para iniciar a investigação?

Clínico geral ou urologista

Prevenção

Não há fatores de risco que comprovadamente favoreçam o aparecimento deste tipo de câncer. 

Alguns dados sugerem que o tabagismo e a obesidade podem contribuir para o desenvolvimento da doença, mas não há evidências sobre isso. 
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