[ARTIGO] Novidades no tratamento do câncer são muito frequentes

Câncer de colon (intestino grosso)

Pesquisas indicam que a associação de um novo tipo de medicação que alveja o tumor, quando associado à quimioterapia já frequentemente empregada no tratamento da doença metastática de colon, faz com que um maior número de pacientes tenham regressão parcial da doença, e um maior número de pacientes possam ser submetidos a cirurgia posteriormente.

Câncer de endométrio (útero)

Nova pesquisa mostra que tratamento com radioterapia, até então frequentemente utilizado para complementar a cirurgia, não traz o benefício que se acreditava. Mas além de não diminuir o risco de a doença voltar, este tratamento tinha efeitos colaterais indesejados. Deste modo, é muito possível que ao longo dos próximos meses não mais se proponha radioterapia após a cirurgia para câncer localizado de endométrio.

Câncer de pulmão

Pacientes com determinado tipo de câncer de pulmão, chamado de câncer de pequenas células, costumavam receber apenas quimioterapia quando a doença era relativamente avançada. Novas descobertas mostram que mesmo para estes pacientes com tumor relativamente avançado, a radioterapia de cérebro pode diminuir o risco de metástases cerebrais se manifestarem, e permite que muitos pacientes possam viver por mais tempo.

Tumor GIST

Este tumor do trato gastro-intestinal, embora raro, era até recentemente de mau prognóstico em casos não operáveis. Para doença avançada, descobriu-se há alguns anos uma droga extremamente eficaz, que prolongou extraordinariamente a sobrevida. Dados publicados em 2007 mostram que esta mesma medicação ajuda a evitar recidivas quando dada a pacientes que foram operados da doença.

Estes exemplos acima, assim como os da coluna do mês passado, são só algumas de uma grande série de inovações no tratamento do câncer.

Vale aqui um comentário, que se levado a sério pelos pacientes e parentes, pode significar mais para a vida destes pacientes que vários avanços científicos:

Tão importante quanto a medicação, é o conhecimento que o paciente tem sobre a sua situação e a relação do paciente com seu médico. O paciente deve sempre perguntar tudo aquilo que gera dúvida, e o médico, que escolheu ser oncologista, deve dar as respostas ao paciente e explicar em linguagem que este entenda, qual a sua doença, como será o tratamento, e o que deve ser esperado deste tratamento. Sempre, em qualquer situação, há algo a ser feito para tentar ajudar o paciente. Portanto, não tenha medo de perguntar.

Caro paciente, caro familiar e caro amigo, pergunte. É sempre melhor saber. E para os que não querem saber de informações ruins, lembre que o simples medo da informação já vai piorar tanto a sua qualidade de vida, que perguntar e planejar a melhor forma de combater a doença só vai lhe trazer alívio.

Câncer de mama

A duração da hormonioterapia após tratamento cirúrgico do câncer de mama consistia até recentemente em 5 anos de Tamoxifeno, para todas as mulheres cujo tumor tivesse receptor de estrógeno ou progesterona. Nos últimos 5 anos foi introduzida a hormonioterapia com outra classe de medicações, chamada inibidores de aromatase. A novidade que vem agora repetidamente sendo descrita é que a duração ideal da hormonioterapia parece ser mais longa que apenas os 5 anos de Tamoxifeno. Em 2008 um grande estudo demonstrou que após 5 anos de Tamoxifeno, a utilização de um inibidor de aromatase diminuía não só o risco de a doença voltar, mas aumentava a proporção de pacientes que sobrevivem ao câncer.
 
O prolongamento da hormonioterapia conseguiria evitar algumas recidivas tardias, isto é, aquelas recidivas que ocorrem após 5 e até após 10 anos do tratamento cirúrgico. Assim, para mulheres na menopausa, o tratamento padrão passa a ser Tamoxifeno seguido de Inibidores de Aromatase (para completar um máximo de 10 anos de tratamento hormonal), ou o uso apenas de Inibidores de Aromatase por 5 anos (ainda não se tem resultado do uso mais prolongado).
 
A opção de dar apenas Tamoxifeno por 5 anos deixa de ser o padrão em mulheres na pós-menopausa. Se você está tomando tamoxifeno há alguns anos, e mesmo se tiver terminado de tomar os 5 anos há pouco tempo, deve sim discutir com seu oncologista a possibilidade de continuar o tratamento hormonal com outra droga (inibidor de aromatase). Embora existam dados novos de benefício adicional polongando o uso do Tamoxifeno além dos cinco anos (por exemplo, dando Tamoxifeno por 10 anos), não podemos recomendar esta estratégia por enquanto.

Um segundo achado inovador descrito em 2008 é a adição da medicação que protege os ossos, o ácido zoledrônico, administrado a cada 6 meses junto com o tratamento hormonal. Embora em princípio a medicação tenha sido dada para proteger as pacientes de osteoporose, notou-se que mulheres que além da hormonioterapia recebiam esta medicação tinham menor taxa de recidiva da doença. Embora isto ainda precise ser confirmado em outros estudos, este é potencialmente um avanço significativo.

Câncer de próstata

Embora a maior parte dos casos de câncer de próstata metastático (disseminado) seja controlada adequadamente com manipulação hormonal por vários anos, em determinado momento a terapia hormonal não faz mais efeito. Nesta situação, lançamos mão de tratamento quimioterápico. O achado mais significativo em vários anos para esta doença foi a descoberta de que uma nova droga, abiraterona, ainda não disponível comercialmente em nenhum país, leva ao controle significativo da doença mesmo quando esta já é refratária inclusive a quimioterapia.
 
Mais surpreendente é que esta droga é de certa forma mais uma manipulação hormonal, o que nos fará mudar o termo de câncer de próstata refratário a hormônio. Certamente os pacientes com câncer de próstata metastático devem ficar atentos para quando esta droga estiver disponível em estudos clínicos no Brasil. Sua comercialização ainda deve demorar alguns anos.

Sarcomas

Estes tumores consistem na verdade de algumas dezenas de doenças, que somente agora estão sendo diferenciadas umas das outras. A primeira nova descoberta é que um inibidor de uma proteína denominada "fator de crescimento insulina-like” teve eficácia significativa no tratamento de um tipo de sarcoma denominado de Sarcoma de Ewing, comum em crianças.

O outro avanço é a descoberta que uma droga denominada Sorafenibe apresenta eficácia no controle de um tipo de sarcoma chamado de GIST, quando este já não mais responde ao tratamento tradicional.

Câncer de pele

A publicação inovadora se refere ao tratamento de melanoma, um tumor extremamente difícil de tratar quando a doença já é metastática. A associação de medicação que inibe o crescimento de vasos (entre outros efeitos), denominada Sorafenibe, associado ao quimioterápico tradicional, obteve controle mais prolongado da doença que o quimioterápico isolado. Embora seja um sucesso limitado, em se tratando de uma doença bastante refratária a diversos tratamentos, é um avanço encorajador.

Mais uma vez, vale mencionar que a pesquisa em câncer é extremamente dinâmica, e muito provavelmente ainda em 2009 novas drogas serão descobertas, dando ainda mais esperança de cura e de controle de diversos tumores. A melhor maneira de um paciente ficar informado sobre novidades, é tentar contato com centros de pesquisa clínica espalhados pelo país.


Rafael Kaliks
Oncologista Clínico
Diretor Científico do Instituto Oncoguia
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