[ARTIGO] Para a batalha contra o câncer é preciso contar com armas eficientes

Quatro de fevereiro é o Dia Mundial do Câncer, data instituída pela União Internacional Contra o Câncer (UICC) - instituição suíça apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – para chamar a atenção de todo o mundo sobre a dimensão do problema do câncer e a necessidade de mobilização conjunta, nas mais diferentes esferas, para reduzir-se o sofrimento e as mortes causadas pela doença.

O câncer é uma enfermidade conhecida de longa data. Três mil anos antes de Cristo, egípcios, persas e indianos já faziam referência à doença, e no século IV a.C., os gregos caracterizaram o câncer: Um ‘tumor duro’, que muitas vezes reaparecia depois de extirpado, ou que se alastrava para diversas partes do corpo levando à morte (Fonte: Da Doença Desconhecida a Problema de Saúde Pública - INCA e o Controle do Câncer no Brasil).

Em meados do século XX o câncer ganhou maior dimensão no contexto da saúde pública mundial. Com o aumento do número de casos registrados e de mortes, foi declarada guerra à doença. Milhões de dólares dos cofres de governos de países desenvolvidos passaram a ser investidos em pesquisas; os maiores laboratórios farmacêuticos iniciaram o aporte de bilhões para o desenvolvimento de medicamentos; a opinião pública inseriu o tema em sua agenda de discussão e associações de pacientes surgiram com a finalidade de defender os direitos dos indivíduos acometidos pela doença.

Atualmente, embora alguns países mais ricos apresentem tendência de queda na mortalidade por câncer, o número de casos da doença aumentará muito nas próximas décadas como consequência do envelhecimento da população, do aumento da obesidade e do aumento do tabagismo na Ásia, entre outros fatores. Estudo feito pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Órgão ligado à OMS) e publicada na revista The Lancet Oncology em junho de 2012, apontou que até 2030, quando a população mundial será mais idosa e numerosa, o número de casos da doença irá aumentar em 75%.

De acordo com a pesquisa, "Global cancer transitions according to the Human Development Index (2008-2030)”, enquanto 12,7 milhões de pessoas tiveram câncer em 2008, 22 milhões de indivíduos receberão o diagnóstico da doença em 2030, a maioria deles, oriundos de países menos desenvolvidos, como a China, Índia e África do Sul (onde o número de casos poderá aumentar em até 93%).

O Brasil não está fora da estatística. Além da pirâmide etária brasileira que se inverte indicando o envelhecimento populacional, os nossos hábitos de vida assumidamente ‘ocidentalizados’, como por exemplo sedentarismo e obesidade – constituem fatores de risco importantes para muitos tipos de câncer.

Como estima e alerta o diretor científico do Instituto Oncoguia, Dr. Rafael Kaliks, "em alguns anos, cada um de nós, sem exceção, terá alguma ligação com o câncer: seja um caso na família, algum amigo ou um caso pessoal da doença”.

A guerra contra o câncer, instaurada pelo mundo no século XX, precisa, portanto, de armas ainda mais poderosas para que a vida seja vitoriosa. Neste campo de batalha, são necessárias atenção política criteriosa à questão, políticas públicas pertinentes às diversas realidades globais, a continuidade do desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico precoce e melhores tratamentos, e o respeito aos direitos humanos no que tange a saúde.

É também necessário, não menos que todo o resto, que cada indivíduo assuma a sua posição no combate ao câncer, com adoção de hábitos de vida saudáveis, proatividade no autocuidado em saúde, responsabilidade pelo conhecimento sobre as doenças e as formas de evitá-las, e o compromisso com a multiplicação das mensagens de conscientização, com a valorização da própria vida.
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