[ARTIGO] Tenho casos de câncer na minha família, qual o meu risco de desenvolver

Perguntas como esta, citada acima, são muito frequentes, aqui, no Oncoguia e no consultório.

Imaginemos uma paciente fictícia, Sra. Silvia, que tem os filhos Maria, Isabel, Renato e Jose.
A Sra Silvia tem um diagnóstico de câncer no seio aos 48 anos, e além das preocupações com a sua saúde e seu tratamento, também se preocupa em saber se os filhos terão um risco maior de ter algum tipo de câncer no futuro.

Como já mencionado na coluna anterior, existem alguns fatores que nos levam a aumentar o grau de preocupação com a possibilidade de haver uma predisposição hereditária ao câncer:

  • Câncer em idade precoce (excetuando aqui aqueles que são típicos de idade jovem).
  • Múltiplos casos de câncer na família, sendo ao menos alguns em idade jovem.
  • Algumas combinações especiais de tumores na família.

O primeiro passo, e sempre o mais importante, é estabelecer que a Sra. Sílvia foi bem assistida e esteja em tratamento adequado para a sua doença que já existe. Uma vez que isto esteja garantido, o passo seguinte é levantar informações que serão estritamente necessárias no aconselhamento genético:

  • A Sra. Silvia deverá levantar as informações a respeito do câncer em sua família. Deverá anotar todos os casos, a idade na qual o câncer se manifestou, e a idade que este parente faleceu.
  • Estas informações devem incluir o máximo número de tios, primos, tios avós, avós, irmãos, filhos.

Com estes dados levantados, a Sra. Silvia, que é quem manifestou o interesse em saber sobre o risco de ter uma predisposição genética ao câncer, deve conversar com seu oncologista sobre esta questão. Hoje existem profissionais dedicados exclusivamente à orientação e investigação destes casos e é muito provável que o oncologista clínico acabe encaminhando o paciente a um especialista, chamado oncogeneticista, caso ele ache que de fato pode se tratar de um caso com componente hereditário.

É extremamente importante que a Sra. Sílvia converse e seja primeiramente orientada por este oncogeneticista, antes mesmo de discutir a possibilidade de se tratar de uma doença de predisposição hereditária com seus filhos, sobrinhos, irmãos e outros. O motivo para não discutir de imediato esta possibilidade com os parentes é que na maioria das vezes, NÃO se trata de uma predisposição hereditária, e tudo o que uma discussão precoce poderá causar é uma preocupação desnecessária em pessoas saudáveis que potencialmente não saberão lidar bem com uma suspeita de "problema hereditário”.  Outra dificuldade é, por exemplo, o fato que Maria, Isabel, Renato e Jose são todos filhos menores de idade da Sra. Silvia, e ela sozinha não saberá decidir se fazer algum teste numa criança trará ou não algum benefício para este filho que só teria um risco de desenvolver o câncer em idade adulta.

Nosso objetivo não é fornecer uma tabela dos tumores mais frequentemente associados a predisposição hereditária. E sim, que todo leitor tenha em mente a importância de conhecer bem a história familiar de câncer, para discutir com o oncologista responsável pelo tratamento da pessoa que está doente.

Embora esta área do conhecimento médico seja complicada, e ainda esteja em evolução, quero que o paciente pense nesta "investigação genética” de maneira adequada. A informação obtida por uma investigação genética pode ser um auxílio extraordinário na instituição de medidas preventivas ao câncer, com taxas de sucesso que beiram os 100% em alguns casos. Ou seja, há doenças de origem hereditária aonde tratamentos preventivos podem evitar quase 100% dos futuros tumores que iriam ocorrer.

Rafael Kaliks
Oncologista Clínico
Diretor Científico do Instituto Oncoguia
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