Avaliação da saúde do paciente com câncer

Você sabia que cerca de 10% a 20% das mortes de pacientes com câncer acontecem por causa da desnutrição e não pela doença oncológica em si? Além disso, a deficiência nutricional em pacientes com câncer pode causar:

  • Diminuição da resposta ao tratamento.
  • Aumento de toxinas no organismo.
  • Piora da qualidade de vida.

Por esse motivo, a avaliação nutricional do paciente com câncer é fundamental para identificar qualquer risco nutricional. Assim, o profissional de saúde consegue fazer a intervenção correta e precoce evitando a evolução do quadro de desnutrição.

A triagem nutricional é o procedimento que avalia se a pessoa está com risco nutricional e deve ser realizada no momento da descoberta da doença, durante o tratamento e no final do tratamento, considerando sempre:

  • Ingestão alimentar.
  • Mudança de peso.
  • Índice de massa corporal (IMC).
  • Composição corporal (quantidade de massa muscular).

Ingestão alimentar e mudança de peso no paciente com câncer

O profissional da saúde deverá considerar diversos fatores durante a avaliação da ingestão alimentar que podem impactar diretamente na mudança de peso:

  • Xerostomia (boca seca).
  • Alterações no olfato e paladar.
  • Náuseas.
  • Vômitos.
  • Irritação dentária.
  • Mucosite ou aftas.
  • Constipação.
  • Diarreia.
  • Má absorção de nutrientes.
  • Infecções.
  • Dor aguda e crônica.
  • Sofrimento psíquico.

IMC – Índice de Massa Corporal

O cálculo do IMC é utilizado para avaliar se o paciente está dentro do peso considerado normal. Apesar de muito utilizado, este método não deve ser avaliado sozinho, pois não considera as variáveis como: sexo, idade, etnia, massa muscular e condições clínicas. Portanto, é recomendado associar sempre a outros métodos de avaliação.

Composição corporal

As avaliações da massa muscular e de gordura, complementares à avaliação nutricional, podem ser realizadas por vários métodos como: exame físico e a antropometria (peso, altura, circunferências e dobras), ou utilizando técnicas mais sofisticadas, como a bioimpedância elétrica (BE), por meio da análise do ângulo de fase e massa livre de gordura, além da densitometria óssea.

Esses métodos são essenciais para identificar caquexia e sarcopenia, que é quando a pessoa tem perda de massa muscular, muito comum em pacientes oncológicos.

A dieta do paciente com câncer

O próximo passo, quando o paciente apresenta risco nutricional, é a intervenção nutricional com um bom planejamento da dieta. Deve ser individualmente personalizado por um nutricionista, considerando todos os fatores avaliados na triagem nutricional.

Benefícios:

  • Melhora da ingestão de alimentos.
  • Redução dos desequilíbrios metabólicos.
  • Manutenção da massa muscular.
  • Melhora da resposta aos tratamentos oncológicos.
  • Aumento da qualidade de vida.

É fundamental que o aconselhamento nutricional seja feito por um nutricionista especializado e jamais por conta própria.

Dietas da moda são geralmente muito restritivas no tipo e na quantidade de alimentos específicos e, como tal, geralmente restringem a ingestão total de alimentos. Essas dietas aumentam o risco de ingestão de baixas calorias, gorduras e proteínas aumentando o risco de deficiência nutricional (calórica e de macro e micronutrientes). Nos pacientes oncológicos que já estão desnutridos, isso pode ser ainda mais prejudicial.

É importante que o nutricionista considere na dieta alimentos com nutrientes “protetores” chamados de nutrientes imunomoduladores. Isto porque ajudam o organismo a reforçar a imunidade do paciente com câncer que tem o seu sistema imune debilitado.  

Se a ingestão alimentar por via oral permanecer inadequada, a nutrição por via enteral ou parenteral pode ser indicada, dependendo do nível de função do sistema gastrintestinal. O ponto importante é que, diferentemente da desnutrição simples, o baixo consumo de calorias e nutrientes, bem como a perda de massa muscular observada nos pacientes com câncer, é impulsionado por uma combinação da redução da ingestão alimentar e de desarranjos metabólicos. Esses distúrbios nutricionais e metabólicos são frequentes no câncer, mas com uma boa avaliação e um bom tratamento, podem ser reversíveis.

Fonte:

  • Diretriz BRASPEN de terapia nutricional no paciente com câncer. BRASPEN J 2019; 34 (Supl 1):2-32.
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