Classificação do câncer de mama em homens
O câncer de mama é classificado de diferentes maneiras, com base nos resultados dos exames laboratoriais após biópsia ou cirurgia. As amostras de tecido mamário retiradas durante uma biópsia são enviadas para análise em um laboratório de patologia. O objetivo do exame anatomopatológico é a obtenção do diagnóstico, por meio da análise das alterações teciduais presentes nas amostras retiradas na biópsia ou na cirurgia.
Grau do câncer de mama
O patologista atribui um grau histológico para o tumor, baseado nas características individuais das células e sua disposição em relação às demais. O grau ajuda a prever o prognóstico do paciente. Em geral, um número mais baixo indica um tumor de crescimento mais lento, enquanto que um número mais alto indica um tumor de crescimento mais rápido e mais susceptível de se disseminar:
- Grau 1 (Bem diferenciado). As células são de crescimento mais lento e se parecem mais com o tecido mamário normal.
- Grau 2 (Moderadamente diferenciado). As células têm características entre os graus 1 e 3.
- Grau 3 (Pouco diferenciado). As células cancerígenas são muito diferentes das células normais e provavelmente se desenvolverão e se disseminarão mais rapidamente.
Testes para classificar o câncer de mama em homens
Os principais testes realizados nas amostras de biópsia pelo patologista são:
Receptores hormonais (Estrogênio e progesterona)
Os receptores são proteínas celulares que podem se ligar a certas substâncias, como os hormônios, que circulam no sangue. As células normais da mama e algumas células do câncer de mama têm receptores que se ligam ao estrogênio e a progesterona. Esses dois hormônios muitas vezes estimulam o crescimento das células cancerígenas.
As células cancerígenas da mama podem conter um, ambos ou nenhum desses receptores:
- Cânceres de mama receptores de estrogênio (ER-positivos ou ER+).
- Cânceres de mama receptores de progesterona (PR-positivos ou PR+).
HER2/neu
Em um pequeno número de cânceres de mama em homens, as células têm uma grande quantidade de uma proteína promotora de crescimento denominada HER2/neu (HER2). Os tumores com níveis aumentados de HER2/neu são referidos como HER2-positivos. As células podem se tornar câncer de mama HER2-positivo por terem muitas cópias do gene HER2/neu (conhecido como amplificação de genes). As células cancerígenas com quantidades superiores do normal da proteína HER2/neu tendem a crescer e se disseminar mais agressivamente do que outros cânceres de mama.
Todos os cânceres recém diagnosticados de mama devem ser testados para HER2/neu porque o prognóstico para HER2-positivo é melhor quando o tratamento é realizado com medicamentos específicos contra a proteína HER2/neu, como o trastuzumabe e o lapatinibe.
Na amostra da biópsia ou cirurgia são realizados os seguintes testes:
- Imunohistoquímica. Nesse exame os anticorpos que identificam a proteína HER2/neu são aplicados na amostra, fazendo com que as células mudem de cor se muitas cópias dessa proteína estão presentes. Os resultados desse exame são apresentados como 0, 1+, 2+, ou 3+.
- FISH. A hibridização fluorescente in situ (FISH) utiliza peças fluorescentes de DNA que especificamente se aderem às cópias do gene HER2/neu nas células, podendo então ser contabilizadas sob um microscópio especial.
Classificação com base nos receptores hormonais e status HER2
Os médicos muitas vezes dividem o câncer de mama invasivo com base na presença dos receptores hormonais (ER e PR) e se o câncer tem ou não HER2.
Receptor de hormônio-positivo. Se as células cancerígenas da mama contêm receptores de estrogênio ou progesterona, podem ser denominados receptor de hormônio positivo (ou apenas hormônio-positivo). Os cânceres de mama em homens receptores de hormônio positivo podem ser tratados com hormonioterapia que reduzem os níveis de estrogênio, bloqueiam os receptores de estrogênio ou afetam os níveis de andrógeno (hormônio masculino). Isso inclui os cânceres ER-negativo e PR-positivo. Os cânceres positivos para os receptores hormonais tendem a crescer mais lentamente do que os receptores hormonais negativos (e não têm nem receptores de estrogênio nem de progesterona). Cerca de 90% dos cânceres de mama em homens são receptores hormonais positivos.
Receptor de hormônio-negativo. Se as células cancerígenas da mama não têm receptores de estrogênio ou progesterona, são considerados receptores de hormônio negativos. O tratamento com hormonioterapia não é útil para esse tipo de câncer. Esses tumores tendem a crescer mais rapidamente do que os cânceres positivos para os receptores hormonais. Se eles recidivam após o tratamento, isso ocorre mais frequentemente nos primeiros anos.
HER2-positivo. Os cânceres que têm muita proteína ou gene HER2 são denominados HER2 positivos. Esses tumores podem ser tratados com medicamentos que têm como alvo o HER2.
HER2-negativo. Os tumores que não têm excesso de HER2 são chamados HER2 negativos. Esses não respondem ao tratamento com medicamentos que têm como alvo o HER2.
HER2 baixo. Alguns cânceres de mama que têm um resultado de IHC 1+ ou IHC 2+ junto com um teste FISH negativo são denominados tumores HER2-baixo. Esses tumores ainda estão sendo estudados, mas parecem se beneficiar de determinados medicamentos que têm como alvo o HER2.
Triplo-negativo. Se as células cancerígenas da mama não têm receptores de estrogênio ou progesterona e não têm HER2, são denominadas triplo negativo. Esses tendem a crescer e se disseminar mais rapidamente do que a maioria dos outros tipos de câncer de mama. Como as células tumorais não possuem receptores hormonais, a hormonioterapia não é útil no tratamento desses tumores. Como não têm muito HER2, a terapia-alvo com medicamentos específicos para HER2 também não é eficaz. No entanto, a quimioterapia convencional ainda pode ser utilizada.
Triplo-positivo. Esse termo é usado para descrever tumores que são ER-positivos, PR-positivos e que têm muito HER2. Esses tumores podem ser tratados com medicamentos hormonais, bem como com aqueles que têm como alvo o HER2.
Outros exames de laboratório
Teste de ploidia e taxa de proliferação celular
Esses testes podem ser realizados para determinar a agressividade do tumor. A ploidia das células cancerígenas se refere à quantidade de DNA presente.
- Se houver uma quantidade normal de DNA nas células, elas são diploides. Esses cânceres tendem a crescer e se disseminar mais lentamente.
- Se a quantidade for anormal, as células são descritas como aneuploides. Esses cânceres tendem a serem mais agressivos e crescem e se disseminam mais rapidamente.
Os testes de ploidia ajudam a determinar o prognóstico, mas raramente mudam o tipo de tratamento e são considerados como testes opcionais. Eles geralmente não são indicados como parte da rotina de tratamento do câncer de mama.
Proliferação celular. É a rapidez com que uma célula cancerígena copia seu DNA e se divide em duas células. Se as células cancerígenas estão se dividindo mais rapidamente, isso significa que o tumor está crescendo mais rapidamente ou é mais agressivo. O DNA é copiado quando a célula está se preparando para se dividir em duas novas células. A fração da fase S é a porcentagem de células em uma amostra que copia seu DNA. A taxa de divisão de células cancerígenas também pode ser estimada por um teste de Ki-67. Se a fração da fase S ou o teste do Ki-67 for alto, isso significa que as células cancerígenas estão se dividindo mais rapidamente, o que pode indicar um tumor mais agressivo.
Análise padrão dos genes
Os pesquisadores descobriram que avaliar os padrões de determinados genes específicos, ao mesmo tempo pode ajudar a prever (ou não) se um tumor de mama em estágio inicial tem probabilidade de recidivar. Isso pode ajudar no momento de decidir se devem ser utilizados tratamentos adicionais, como a quimioterapia após a cirurgia. Dois desses testes (Oncotype DX® e MammaPrint®) olham para diferentes conjuntos de genes.
Mais informações são necessárias para decidir a eficácia desses testes para o câncer de mama em homens. No entanto, já existem dados suficientes de que os testes podem ajudar os homens com câncer de mama em estágio inicial para decidir sobre o tratamento quimioterápico após a cirurgia. Converse com seu médico se esses testes podem ser adequado para o seu caso.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 31/08/2022, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.
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