Baixo acesso a Tratamentos Oncológicos é realidade em Goiás
Este e outros temas foram debatidos na IV edição do Fórum Regional de Discussão de Políticas de Saúde em Oncologia, na última quinta-feira
O IV Fórum Regional de Discussão de Políticas de Saúde em Oncologia, realizado na última quinta-feira (1) em Goiânia, aclarou que assim como em praticamente todo o país, pacientes oncológicos do Estado de Goiás sofrem com o baixo acesso a tratamentos de qualidade e em tempo adequado.
O evento organizado pelo Instituto Oncoguia – organização sem fins lucrativos com sede em São Paulo, que tem por missão acabar com o preconceito, sofrimento e as mortes causadas pelo câncer no Brasil - reuniu prestadores, governo, poder judiciário, profissionais da saúde e pacientes, entre outros, para a discussão e busca de soluções conjuntas aos principais problemas enfrentados pelas pessoas em tratamento do câncer no Estado.
Palestrantes e participantes da plateia apontaram que os poucos serviços credenciados pelo Ministério da Saúde para a realização do tratamento oncológico no Estado, estão trabalhando no seu ‘limite’ para atender ao máximo a demanda. Relataram que pacientes de todas as regiões de Goiás, e também de Estados que fazem divisa como Tocantins são obrigados a procurar outros centros urbanos para se tratarem, enfrentando problemas com transporte, moradia e alimentação.
Radioterapia
O desafio mais sério é relativo à radioterapia: Apenas dois Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons) de Goiás promovem hoje o tratamento a pacientes do SUS. Com isso, relatou a médica radioterapeuta e membro da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Dra. Nilceana Freitas, a cada ano quase 50% dos pacientes oncológicos de Goiás não conseguem realizar o tratamento.
Segundo a médica, o déficit de aparelhos a serviço do SUS tem obrigado hospitais de referência, como Araújo Jorge (Goiânia), a funcionar diariamente até às 2h da manhã.
"Isso é extremamente alarmante. Além do desgaste sofrido pelos pacientes, há outro problema. Não é ideal que o aparelho fique em funcionamento por tantas horas”, afirmou.
A médica disse ainda que o problema da radioterapia em Goiás é político e não técnico. Isso porque, clínicas particulares do Estado estariam já há alguns anos tentando credenciamento junto ao Ministério da Saúde para prestação de serviço ao SUS, sem sucesso.
"São entraves políticos que repercutem nas negativas. Mas o fato é que se contasse com a capacidade instalada de equipamentos que existem provavelmente esses pacientes não precisariam ser atendidos de madrugada e entrarem em filas de espera para tratar-se”.
Mais Desafios – Diagnósticos Tardios
Discussões sobre a recém aprovada Lei dos 60 Dias (que determina o início do tratamento oncológico pelo SUS em até 2 meses após o diagnóstico) trouxeram à tona outro desafio ao Estado de Goiás: a melhoria urgente na Atenção Básica de Saúde.
O Presidente do Hospital Araújo Jorge, Dr. Alexandre Meneghini, afirma que enquanto Hospitais de alta complexidade fazem ‘o possível e impossível’ para atender a Lei, pacientes não incomumente, chegam ao serviço com diagnósticos em estágios avançados.
"Em Goiás entre 80% - 90% dos casos de câncer são descobertos em estágios avançados. Temos um gravíssimo problema na atenção primária à saúde”, reclama.
E acrescenta: "Nós, prestadores, temos uma boa relação com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás e estamos ajudando-a a reestruturar o sistema de regulação para permitir o maior controle dos casos. Mas precisamos de mais proatividade do governo”, acrescenta.
Dra. Marisa de Souza, gerente de atenção à saúde da Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Secretaria de Estado da Saúde – GO), concorda. Para ela, investindo-se em unidades básicas de saúde, o Estado dará aos médicos condições de descoberta de casos em estágios iniciais e de atendimento digno aos pacientes.
"E acrescento que o princípio de tudo é diálogo. "Precisamos estar juntos (governos, prestadores, entidades), para olhar para as pessoas que estão doentes”. Se não tiver uma política de governo, a nossa estrutura fica fragilizada”.
No IV Fórum Regional de Discussão de Políticas de Saúde em Oncologia também foram debatidos outros temas , tais como Direitos do Paciente com Câncer e Garantia de Atendimento e Ampliação da Cobertura de Planos de Saúde. A edição de Goiás faz parte de uma série de eventos do gênero que o Instituto Oncoguia vem realizando no país. Além de Goiânia, Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR) já sediaram o Fórum Regional.
No segundo semestre de 2013, o Instituto Oncoguia promoverá a IV edição Nacional do Fórum de Discussão de Políticas de Saúde em Oncologia, na cidade de São Paulo (SP).
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Sobre o Instituto Oncoguia
O Instituto Oncoguia é uma entidade sem fins lucrativos com sede na capital paulista, fundada em 2009 com a missão de promover o acesso do cidadão à informação, prevenção, diagnóstico e tratamento, para acabar com o preconceito, sofrimento e as mortes causadas pelo câncer. Composta por equipe multidisciplinar de profissionais da área da saúde, direito e comunicação, o Instituto Oncoguia desenvolve projetos em 4 núcleos: Núcleo de Informação de Qualidade, Núcleo de Educação em Saúde, Núcleo de Assistência e Suporte e Núcleo de Advocacy. Dentre os principais projetos estão oPortal Oncoguia (o maior e mais completo canal de informações brasileiro em oncologia), oPrograma Oncoguia na Comunidade que objetiva mobilizar e conscientizar a comunidade de M’Boi Mirim para a importância da saúde da mulher e oPrograma de Apoio ao Paciente com Câncer (PAP), em que, por meio de ligações gratuitas, tem por objetivo ajudar o paciente com câncer a viver melhor, por meio de orientação de qualidade com atendimento especializado e personalizado focado prioritariamente no esclarecimento de dúvidas relacionadas a qualidade de vida e direitos dos pacientes. O programa atende também familiares, público leigo e profissionais em geral.
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