[CÂNCER COLORRETAL] Francisco G. de Araújo Fo.

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?
 
Francisco Garcia - Meu nome é Francisco Garcia de Araujo Filho, tenho cinquenta e nove (59) anos, sou casado, militar da reserva remunerada, tenho dois lindos filhos (um homem e uma princesa), era até pouco tempo atrás um atleta em potencial (sem o exagero), quando, de repente, o câncer, silencioso e inesperado como acontece com todo mundo.

Instituto Oncoguia - Sr. Francisco, como foi que você descobriu que estava com câncer? Qual é o seu diagnóstico?

Francisco Garcia - Começou com um incômodo na altura do fígado que no decorrer dos dias não aliviava. Por sugestão de um médico (meu genro) fui fazer uma ultrassonografia do fígado e aí apareceram dois nódulos. Imediatamente (moro numa cidade do interior do Rio Grande do Norte), fui procurar um gastroenterologista muito conceituado em Natal/RN, que me afirmou serem, aqueles nódulos do fígado, provavelmente provenientes de outro lugar. Solicitou alguns exames, um deles o antígeno carcinoembriogênico, com valor 586, disse-me que eu já havia descoberto na Internet (com o resultado do exame).
 
Havia uma lesão. Onde? Com o exame de colonoscopia descobriu-se que estava localizada no retosigmóide. Foi marcada a cirurgia, realizada com sucesso. Mas os nódulos do fígado continuavam lá. E aumentaram de quantidade. De dois para quatro. Como eu havia feito a cirurgia recentemente esperou-se um mês para iniciar a quimioterapia. No dia de iniciar a quimio foi feita uma tomografia dos pulmões e lá estavam eles (nódulos) espalhados pelo mediastino e pulmões. E agora?
 
Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?
 
Francisco Garcia - Por ter descoberto por mim mesmo, o choque já não foi tão grande. Mesmo assim, não é fácil pra ninguém saber uma notícia que é, na maioria das vezes, devastadora.

Instituto Oncoguia - O que sentiu?

Francisco Garcia - Havia calma em mim, nunca baixou aquele desespero, mas eu sei que se eu tivesse tido um sonho, e ao acordar tivesse descoberto que fora apenas um sonho, mesmo assim, eu nunca mais seria a mesma pessoa. Tamanho é o impacto que qualquer um sentiria se estivesse no meu lugar. Tento conviver com a certeza de que estou morrendo, mas estou lutando. Há um monte de quimioterapia a ser feita (fiz apenas a primeira sessão internado num hospital por 3 dias) e daqui a mais 3 dias recomeço a segunda sessão e eu vou à luta. No que vai dar? Não sei. Mas prometo que conto tudo, em detalhes, depois.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Francisco Garcia - Eu tenho uma bela família. A minha primeira preocupação recaiu sobre todos aqueles que me amam como minha querida mãe, mulher, filhos, netos, irmãos e outros menos votados. O que sentiriam? Incrível, o suporte que todos me deram. Às vezes, eu até acho que não estou tão severamente doente. Tanto que todos eles me passam de fé, força, amor. Eu sou um bobalhão, velho, chorão, emotivo. Porque acho que ainda teria algumas coisas a fazer e parece que não vai dar tempo é que me emociono como uma criança boba, que no fundo no fundo eu acho que sou. Nessas coisas "a fazer" gostaria muito de poder jogar bola com meu neto, Thales. Mas ele só tem 3 anos...
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?
 
Francisco Garcia - Como expliquei anteriormente já comecei o tratamento, com quimioterapia.
 
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?
 
Francisco Garcia - A hospitalização e a quimioterapia. O primeiro pelo mal-estar que me causa o ambiente hospitalar e a quimio pelos sintomas que acarreta.
 
Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?
 
Francisco Garcia - Tive sim. Apesar de ter sido preparado (com remédios) para receber a quimioterapia, mesmo assim o mal-estar geral no organismo, cansaço, etc, deixam-me "pra baixo".
 
Instituto Oncoguia - Como era a relação com o seu médico?
 
Francisco Garcia - Sempre boa, franca da minha parte, muito disciplinado para cumprir as determinações médicas que forem prescritas.
 
Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou? Você fez acompanhamento psicológico? E com nutricionista?
 
Francisco Garcia - Só com o meu genro, que é pediatra e tem sido um bom conselheiro. Não fiz acompanhamento psicológico. Quanto à nutrição, minha nora que é nutricionista tem me dado orientações importantes.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Francisco Garcia - Estou apenas na fase inicial do tratamento quimioterápico. Serão seis sessões.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Francisco Garcia - Há dias de força, fé. Outros, estou para baixo, deprimido (se não chega a tanto, pelo menos meio triste). Afinal eu sou um ser humano, como todos os defeitos inerentes e que podem parecer difíceis de entender para muitos, mas que é facílimo pra mim.
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
 
Francisco Garcia - Orientações seriam impossíveis de dar. Mas sugestão eu seria capaz de arriscar. Uma boa reflexão da sua vida poderia ser feita e se todas as coisas que você fez pelo menos a metade (entre elas, amar os animais) fizeram de você um ser humano amado por aqueles que te rodeavam,é porque a sua vida valeu mesmo à pena ter sido vivida.
 
Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa?
 
Francisco Garcia - Acho que este desabafo me fez hoje, quem sabe, um ser humano melhor. Obrigado.
 
Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer? Você buscou se informar? De que maneira?
 
Francisco Garcia - Importantíssima. É assim que gostaria que fizessem comigo. Todas as informações, quaisquer que sejam elas, para o bem ou para o mal. Não gosto de ser tratado como um inutilizado.

Procurei me informar de tudo, principalmente na Internet. Também com os médicos que me cercavam. Quando eu achava que seria forte demais para que todos soubessem de uma só vez, eu falava em doses homeopáticas, sem jogar sujo, sem sonegar a verdade.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Você tem alguma sugestão a nos dar?
 
Francisco Garcia - Procurando como seria o tratamento por quimioterapia no Google. Cheguei ao site e daí comecei a desenvolver os conhecimentos que a Oncoguia poderia me proporcionar e que eu estava procurando.

Um pobre marquês como eu não poderia dar sugestão para quem tem todas as informações e respostas, que eu estava buscando. Com tamanha doença, e por não saber o tamanho da revolução que esta mesma doença está causando no meu corpo, resta-me, com todas as forças que eu ainda tenho, dizer-lhes, muito obrigado, do fundo da minha alma.

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