[CÂNCER COLORRETAL] Karina Fideles

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar? 

Karina Fideles - Me chamo Karina Fideles, tenho 41 anos, moro em Belo Horizonte, MG. Sou mãe de gêmeas (4 anos), psicóloga e professora universitária. Gosto muito da minha profissão e, nas horas vagas, adoro trabalhar com reciclagem de materiais produzindo brinquedos e utilidades para minhas filhas.

Instituto Oncoguia - Qual seu tipo de câncer ?

Karina Fideles - Fui diagnosticada com câncer de cólon transverso.
 
Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Karina Fideles - Estávamos, eu e meu marido, comemorando o aniversário dele, dia 19/04/2013, quando identifiquei um sagramento vermelho vivo nas fezes. Certa de que era um problema das hemorroidas devido à gravidez gemelar, resolvi procurar minha gastroenterologista para verificar. Após relatar que na minha família houve três casos de câncer de intestino, aos 44 anos, e todos culminando em óbitos, a médica disse que iria encurtar meu caminho e, ao invés de me encaminhar ao proctologista para verificar o possível problema das hemorroidas, me deu um pedido para fazer colonoscopia, pois, com tantos casos na família, eu já havia passado da idade de iniciar o controle.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Karina Fideles - Recebi o diagnóstico logo após a colonoscopia. Estava sozinha, pois meu acompanhante ainda não havia chegado para me buscar, e o médico alegou ter lido na minha ficha que, como eu era psicóloga, ele me daria o resultado sozinha mesmo. Disse que havia um tumor, me mostrando a imagem, e que, infelizmente não gostaria de estar me dando esta notícia, mas que era caso cirúrgico, com urgência. No momento, só pensei que deveria retirar, o mais rápido possível aquilo que estava dentro de mim. Acho que não deu tempo de pensar muito nas consequências: liguei para meus compadres e amigos do laboratório Salomé, e levei o material para biópsia, pessoalmente.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Karina Fideles - Meu maior medo sempre foi pensar na possibilidade de não poder ver minhas filhas crescerem.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Karina Fideles - Antes mesmo do resultado da biópsia, meus compadres, médicos patologistas, já me encaminharam para o Dr. Alberto Waisntein, na Clínica ONCAD - Oncologia Cirúrgica e Cirurgia do Aparelho Digestivo, que me atendeu na mesma semana (fiz a colono na terça e na sexta-feira, Dr. Alberto já me atendeu), agendando a cirurgia para a outra terça-feira. Ou seja, acho que nem tive tempo para pensar entre o diagnóstico e a cirurgia.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? 

Karina Fideles - Após a cirurgia, veio a dúvida em fazer ou não a quimioterapia. Escutei a opinião de cinco oncologistas, sendo quatro em Belo Horizonte e um em São Paulo, e optamos por não fazer. O problema foi ter que me submeter a outra cirurgia em menos de 10 meses da primeira.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? 

Karina Fideles - Como meu tratamento foi a colectomia, após dez meses de cirurgia, tive que fazer outra cirurgia para correção de uma hernia incisional que considerei muito pior do que a colectomia. Houve necessidade de colocar uma tela, e tive que ficar com um dreno à vácuo, extremamente incomodo, e a recuperação foi dolorosa, coisa que não senti com a colectomia.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Karina Fideles - Desde o primeiro momento, Dr. Alberto foi muito preciso. Alegou que a cirurgia seria curativa e, em nenhum momento me apavorou. Sempre me senti muito segura e confiante com a palavra dele. Sua condução do tratamento é determinada e consciente. Fiz diversos exames não muito comuns, tais como mapeamento genético no AC Camargo, em SP, tomografia com contraste hepato específico, mas que sempre foram indicados com objetivos específicos e precisos, na tentativa de eliminar quaisquer dúvidas. Dr. Alberto sempre diz que eu preciso viver minha vida normalmente e que cabe a ele procurar "coisas" que não queremos encontrar.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Karina Fideles - Tive contato com outros dois oncologistas. Um muito experiente mas com pouquissimo trato interpessoal e outro, muito jovem, sem experiência, que não me passou nenhuma segurança, alíás, me apavorou com uma suspeita de metástase no fígado, gerando muita apreensão de minha parte. Retomei com Dr. Alberto e hoje confio amplamente em sua condução de meu tratamento.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Karina Fideles - Não fiz, mas sempre fiz terapia em minha vida, pela minha formação profissional. Me cerquei das minhas amigas, que em sua maioria também são psicólogas, mas nunca descartei a possibilidade de  retomar a psicoterapia em qualquer momento que sentir necessidade.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Karina Fideles - Logo após a cirurgia, procurei uma nutricionista que me orientou sobre diversas combinações alimentares. Alterei pouca coisa meus hábitos alimentares mas dentre eles, diminui, sensivelmente, a ingestão de carne vermelha e de leite.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Karina Fideles - Após a cirurgia para correção da hérnia incisional entrei na fase de acompanhamento trimestral com exames regulares (tomografias, raio-x, exames de sangue...).
 
Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Karina Fideles - Desde o diagnóstico, nunca pensei em parar de trabalhar. Hoje, penso estar menos ansiosa e preocupada com as coisas corriqueiras da vida. Tenho tentado não esperar fins de semana ou feriados para fazer um passeio ao parque com minhas filhas, dar uma volta de ônibus, que elas tanto gostam ou até mesmo brincar na piscina em plena uma segundona!

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Karina Fideles - Mantive minha carga horária na Universidade e acabei aumentando minhas horas no consultório. Tenho planos de participar de mais congressos, de voltar a publicar mais e de viajar muito mais. Sempre adorei viajar e agora, mais do que nunca, penso em programar viagens com minha família!
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Karina Fideles - Penso que a principal atitude deve ser a POSITIVA. Chorar nos momentos que tem que chorar, mas pensar que o diagnóstico de câncer não é uma sentença de morte. Em um primeiro momento, acho que todos pensamos na morte, mas essa correlação já não existe. Com o avanço da medicina, os recursos são muito mais precisos e possibilitam uma qualidade de vida muito melhor do que há uns 10 anos atrás.
Continuar trabalhando foi um dos bons motivos para me sentir produtiva e confiante e, aceitar a doença também foi fundamental para uma atitude pro-ativa. A negação só atrapalha... Se perguntar PARA QUE e não o porque é muito importante!

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Karina Fideles - Acho fundamental que se saiba tudo sobre o que acontecerá, quais os procedimentos, efeitos, consequências, riscos, etc. Não sei se pelo meu perfil, de pesquisadora, sempre quis saber, nos mínimos detalhes. Se eu entendo o processo, consigo aceitá-lo com mais facilidade. 

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? 

Karina Fideles - Sempre busquei com meu médico e nos livros, periódicos e pesquisas publicadas.
 
Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Karina Fideles - Através de sites relacionados.
 
Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Karina Fideles - Acho que vocês tem uma abordagem séria, coerente e otimista. Penso, talvez em ações mais descentralizadas, talvez em campanhas mais estadualizadas, com ações presenciais.
 
Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Karina Fideles - Tenho acompanhado a luta para o pagamento da químio oral, pelo atendimento mais rápido. Acho que estão no caminho!
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