[CÂNCER COLORRETAL] Marilice

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Marilice - Família com 6 irmãos, três meninas e três meninos, 50 anos, casada há 33 anos com o maridão também com 50 anos, um filhote com 32 anos e uma filhota com 22 anos, sem netos ainda, rsrsr pedindo para pegar os anjinhos na sexta e devolver no domingo tão sujo que a nora vai ter que deixar o rebento de molho no OMO, não quero nem dar banho, só bagunça! Trabalho há 22 anos na mesma empresa, no setor administrativo e financeiro, mas do tipo assume tudo: RH, cobrança, importação, exportação entre outros, acho mesmo que sou "operadora multifunção”. rsrsrs

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer colorretal?

Marilice - Hemorroidas inflamadas, dores no osso do joelho até o tornozelo, as fezes cada dia mais finas... A médica do posto tratou das varizes e encaminhou para cirurgia vascular, mas em todo o momento eu falei a ela que minhas dores eram no osso e não na carne, tenho pouquíssimas varizes aparentes, então decidi procurar um proctologista particular. No consultório mesmo ele examinou e disse que tinha um nódulo e pediu uma colonoscopia com urgência. Sempre tive o intestino preso, mas tinha uma dieta rica em fibras.

Instituto Oncoguia - Qual foi sua reação ao descobrir o diagnóstico? O que sentiu?

Marilice - Quando ele falou nódulo, pensei, e se for um câncer? Tenho que ser forte, na vida só não se dá jeito para a morte e fui fazer a colonoscopia, quando fui pegar o resultado o médico que fez o exame já me disse: É câncer e é maligno. Eu super tranquila, segurando meu filhão para ele não desabar, meu marido estava viajando neste dia e recebeu a notícia pelo telefone, como uma bomba, minha sogra entrou em depressão, minha mãe havia falecido uns meses antes.

Instituto Oncoguia - Qual foi sua maior preocupação neste momento?

Marilice - Conseguir o tratamento no Hospital Erasto Gaertner, pois particular não tinha condições de arcar com as despesas, comprar a minha casa para ficar mais perto do hospital, pois morava de aluguel próximo da empresa que trabalho.

Instituto Oncoguia - Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?

Marilice - Voltar ao posto de saúde e esfregar os exames na cara da médica incompetente que me atendeu, ela quase caiu da cadeira, queria me mandar para o Hospital Angelina Caron porque tinha uma amiga que trabalha lá, mas eu bati o pé e disse que queria ir para o Erasto Gaertner, então consegui a guia para a primeira consulta.

Instituto Oncoguia - Em que momento do tratamento você se encontra agora?

Marilice - Estou fazendo fisioterapia para incontinência fecal. Esta semana fiz os exames de rotina a cada 6 meses e vou saber do resultado dia 18 de fevereiro e também passo com a nutricionista seguindo uma dieta nada saudável, rsrsr, pobre em fibras, açúcar e gordura, mas de vez em quando meto o pé na jaca, ninguém merece ficar sem chocolate, croissants, pizza (como com tomates e sem o queijo, rsrsrs).

Instituto Oncoguia - Quais tratamentos você já realizou?

Marilice - Fiz 30 sessões de radioterapia, um ano e meio de quimioterapia, cirurgia para retirada do tumor, usei a bolsa de colostomia por um ano e dois meses, e agora faz um ano e meio que fiz a cirurgia de reversão da bolsa.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Marilice - Acho que os dois, a químio e a radio, mas tirei de letra. Perdi muito peso por não conseguir comer, mas levava na brincadeira, fiquei com um corpinho de pirigueti e não perdi meus cabelos.

Instituto Oncoguia - Você realizou seu tratamento pelo SUS ou plano de saúde?

Marilice - Totalmente pelo SUS, pelo plano faço alguns exames e consulto com um proctologista para saber uma segunda opinião.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Marilice - Sim, na radio quase não conseguia sentar. Com a químio, senti muita fraqueza, não conseguia comer uma semana após as aplicações, depois que passava os efeitos, saia para passear, dançar, visitar a família... e comer tudo que dava vontade.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Marilice - É difícil dizer, cada consulta é um médico diferente, nesses três anos de tratamento foram diversos, mas todos muito atenciosos, mas se você não perguntar, especular, eles te atendem rapidinho. rsrsr

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Marilice - Fisioterapeuta e nutricionista.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento com equipe multiprofissional?

Marilice - Psicóloga? Tô FORA, minha cabecinha está muito boa, falo da doença com qualquer pessoa, não tenho vergonha. Sou uma pessoa feliz!

Instituto Oncoguia - Durante o tratamento do câncer, o que foi mais difícil de enfrentar e por quê?

Marilice - Acho que tirei de letra, não tive momento difícil, no dia da primeira cirurgia morreu uma paciente de 44 anos, minha sogra ligou e disse: Como está? Muito bem, tomando sol na cama e fazendo um crochezinho. Quantas têm no quarto? Eu disse sete, não, não, são seis. É? Sim, uma acabou de morrer, as enfermeiras colocaram um biombo e falaram baixinho vamos comigo até lá em baixo, não quero ir sozinha, a outra respondeu brincando, cobre ela que tá gelada. Então percebi que tinha falecido, e elas tinham que levar o corpo para o necrotério. Falei para minha sogra: Morreu, antes ela do que eu! Seja o que Deus quiser, vou encarar minha luta de cabeça erguida, não tenho medo da morte, quase me ofereci para ajudar, fiquei com dózinha da enfermeira, e no final da tarde havia feito dois gorrinhos de lã para ela e para a filhinha dela, fiquei famosa nos corredores do hospital, todos queriam, mas eu já estava com o soro nas mãos e precisava descansar para a cirurgia.

Instituto Oncoguia - O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?

Marilice - Brincar sempre, não deixar de viver cada momento, de curtir a vida plenamente. Para contar ao sobrinho tatuador que a tia véia já tinha decidido fazer a tatuagem. Na cabeça? Ele achou estranho, e eu falei: Eu estou com câncer, vou ficar careca e não quero usar aqueles lencinhos, perucas, chapéus, kkk vou fazer uma tatoo bem linda atrás da cabeça, minha bolsinha de colostomia eu chamava de Louis Vuitton (a bolsa mais cara do mundo) pena que ela esteja cheia de Coco Chanel! Meu cabelo não caiu e faz 5 meses que fiz a tatoo no braço (flores) e nesta segunda vou fazer outra no pé.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Marilice - Minha vida está ótima, cuidando da casa, fazendo muito crochê, lendo, indo à praia, piscina, viajando, balada, só não consegui voltar a trabalhar, a incontinência fecal ainda persiste e todos os dias tenho que estar no hospital para fazer a fisioterapia.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Marilice - Não pare a sua vida, siga o tratamento, mas não deixe de viver, a vida é muito curta e não sabemos se estaremos aqui amanhã Vamos morrer sim, (QUEM NÃO TEM CANCER TAMBÉM VAI) kkkk, ninguém fica pra semente, algum dia partiremos, não sabemos como... Procure ter qualidade de vida e fazer o que gosta, NÃO engula sapos, brinque, dançe, ria, visite, passeie, viaje, não perca as oportunidades, Deus nos deu outra chance de viver intensamente, o diagnóstico foi só um alerta para você acordar e ver que a vida é bela e tem coisas maravilhosas que você ainda não viveu.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Marilice - Prioridade... Pesquise, pergunte, especule, fale com outros pacientes nos corredores do hospital...

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Marilice - Com os médicos, pacientes, internet, enfermeiras.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Marilice - Pesquisando algo sobre o assunto na net.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão para nos dar?

Marilice - Escrever mais sobre incontinência fecal, e me passar casos de outros pacientes que tem ou tiveram este problema, divulgar sobre o plug anal que muitos não conhecem.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de contar?

Marilice - No dia que fiz minha primeira cirurgia, meu irmão havia perdido uma cunhada, com 24 anos, câncer na bacia e ela deixou um filhote de seis meses que ele está criando... Pensei, eu to com a vida ganha, meus filhos adultos, com um bom emprego, consegui comprar a minha casa, não pago nem IPTU, meu marido sempre ao meu lado, to com a vida ganha, o que vier agora é lucro! Hoje aposentada por invalidez, dinheirinho no bolso sem precisar acordar cedo para o trabalho, dormir até cansar, ficar na preguiça, bailar nos finais de semana, viajar sempre que der, crochetar até doer os dedinhos, e ficar no papo do Facebook com os amigos, é isto simplesmente SER FELIZ!
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