[CÂNCER DE COLO DO ÚTERO] Ângela Maria da Silva

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar? 

Ângela Maria da Silva - Meu nome é Ângela Maria da Silva, tenho 41 anos. Sou de Almirante Tamandaré, Paraná e adoro Viajar.

Instituto Oncoguia - Qual seu tipo de câncer?

Ângela Maria da Silva - Colo de Útero.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Ângela Maria da Silva – Bom, em maio de 2014, durante uma relação sexual, tive um grande sangramento, dai falei opa não é normal (já que havia retirado meu útero há 6 anos por conta de um mioma), fui ao ginecologista, ele pediu exames e uma biopsia. Quando fui fazer a biopsia, com a colposcopia, a médica não conseguiu ver, pois tinha uma infecção vaginal muito grande, daí tratamos a infecção. Voltei, ao médico no dia 12/09 e recebi o "triste” resultado do câncer.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Ângela Maria da Silva – Chorei,chorei,chorei, pensei morri, a minha vida passou na minha mente, meu neto com apenas 2 anos de idade, meu casamento que é uma benção, minha mãe já com 65 anos... senti medo, muito medo.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Ângela Maria da Silva – Deixar as pessoas que eu amo, e também será que vou aguentar o tratamento? A família é muito importante, porque você não tem vontade de comer, nem de tomar banho, nem de nada, a minha família mudou a vida pra cuidar de mim, minha irmã Jocelene foi minha sombra, me acompanhou em todo o tratamento, se não fosse ela, minha mãe e meu esposo, não teria chegado até aqui.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Ângela Maria da Silva – Depois do primeiro susto, que leva uns dias acho que quase 1 mês, dai você começa a pesquisar e ver o que se trata, porque antes de ser diagnosticada, você não se preocupada com esse tipo de doença. Fui vendo e me consultei com oncologista, que me disse as chances de cura, fui acostumando com a ideia e contando para as pessoas do problema que teria que enfrentar, organizando a minha profissional porque você tem que dar uma parada para se tratar (pelo menos comigo foi assim). Eu me considero muito fraca, é Deus que nos fortalece, sabe aquela frase "Deus só da grandes batalhas para grandes guerreiros” ou "você é forte” isso não convence ninguém, eu sou fraca e sofri muitas dores durante o tratamento chorava e ainda choro, eu falo pra quem eu convivo, não se faça de forte, CHORE sempre que estiver com vontade e se estiver com dor FALE, não precisamos e não somos fortes o tempo todo.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Ângela Maria da Silva – Sim, pelo meu diagnóstico já de vida (já havia operado útero há 6 anos, e fiz a bariátrica (redução do estomago) há 1 ano e 5 meses, pesava 156 kg hoje com 79kg) o médico optou iniciar por quimio e radioterapia, daí até a liberação do plano, quando foi liberado, a máquina da radio estragou, enfim, iniciei o tratamento dia 10/11/2014, isso foram-se 6 meses , a principio seriam 6 sessões de quimioterapia, 1 por semana, de branqueoterapia e 30 radio, juntas com as quimio e 4 braqueterapia. Como meu organismo debilitou muito por causa da bariátrica, tive uma anemia profunda que ainda estou em tratamento, só consegui fazer 4 quimio e 28 radio estou finalizando as braqueoterapias, só faltam 2 (aleluia).

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Ângela Maria da Silva – Olha a quimio é terrível, a radio no final foi triste, mais a braqueo esta é de matar, porque você ficar na mesma posição (ginecológica) por mais ou menos 2 hrs e como a radio estreita o canal da vagina, pra colocar os aparelhos é triste, estou sofrendo mais com a braqueoterapia mesmo. Eu falo se você não tratar o câncer te mata e o tratamento quase te mata te traz de volta.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Ângela Maria da Silva – Sim, ânsia, diarreia, mal-estar, pressão baixa, dores no estômago, já que ele é reduzido, piorou muito, emagreci 6 kg , tive queimaduras na saída do xixi e do cocô, por causa da radio (que teve que ser usada uma dose maior do que em uma pessoa magra por causa da camada de gordura), o pior foram as queimaduras mesmo na saída do xixi e do cocô, não da pra sentar, nem fazer as necessidades direito. Eu chorava de dor.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Ângela Maria da Silva – Bom meu médico mesmo só vou vê-lo agora depois do tratamento, os médicos da quimio e da radio, foram ÓTIMOS.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Ângela Maria da Silva – Enfermeiros são anjos de Deus, e também o otorrino, porque estou com dores de ouvido.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Ângela Maria da Silva – Já faço por causa da bariátrica, então continuo.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Ângela Maria da Silva – Sim.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Ângela Maria da Silva – Finalizarei dia 28/01/2015, meu retorno no oncologista será 30/01/2015.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Ângela Maria da Silva – Tirando a tensão das sessões de braqueterapia, estou vendo CORES ONDE SÓ HÁ CINZA. A vida muda de rumo e você começa a perceber que pequenos problemas são pequenos problemas, e o mais importante é saber que Deus esta cuidando de cada um de nós, uma frase que vivo "VIVA O HOJE COM MUITA CALMA, CADA DIA PRESENTE DE DEUS”.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Ângela Maria da Silva – Eu sou instrutora de auto-escola, e pelo INSS voltarei ao trabalho só dia 01/06/2015, se estiver tudo bem até lá. Planos para o futuro, "ir mais a praia”, como moro aqui na região metropolitana de Curitiba, daqui ali pra ver o mar em 1 hora de viajem, tenho um medo que acredito ser de todos "metástase”, mais vamos crer que isso não irá acontecer.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Ângela Maria da Silva – Tenha FÉ, não sei qual sua crença, se você acredita em alguma coisa ou não, mais tenha FÉ. Você tem que saber que o médico pode fazer, olha as chances são tais... mas, se você acreditar num Deus que cura 100%...

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Ângela Maria da Silva – Depende, as informações são importantes, mais cada organismo reage de um jeito, eu li tanta coisa e ouvi tanta coisa, que comigo não teve nada disso, então se informe claro, para não andar no escuro, mais saiba você terá a sua experiência.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Ângela Maria da Silva – Google (kkk) conversando com pessoas que também estão na luta diária como eu.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Ângela Maria da Silva – Pelo facebook.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Ângela Maria da Silva – Não, acredito que esta ótimo o trabalho assim.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Ângela Maria da Silva – Eu fiz pelo plano de saúde, mais convivi com pessoas que fazem tratamento pelo SUS, o que mais me incomodou e incomoda até hoje são as pessoas não terem dinheiro pra se alimentar. Eu com redução de estômago perdi no tratamento 6 kg, o doutor mandou eu me alimentar a cada duas horas, Graças a Deus tinha condições de comprar um lanchinho, mais conheci pessoas que não tinham a mesma condição e ficavam horas esperando a condução da prefeitura vir buscá-los, isso sim é desumano, não sei como pode ser resolvido, mais que é triste você estar em tratamento e passar fome isso é =(.