Câncer de mama: 2/3 das brasileiras só fazem exames quando estimuladas

Duas em cada três brasileiras só fazem exames clínicos de rotina para detecção do câncer de mama ou autoexame quando são estimuladas por médicos ou campanhas de conscientização, segundo mostra a pesquisa Datafolha O Que as Mulheres Brasileiras Sabem Sobre o Câncer de Mama e o que Podemos Absorver em Prol da Equidade na Saúde?.

Ainda assim, os exames são mais comuns entre as mulheres das classes A e B, com idades entre 40 e 59 anos.

Os dados do estudo encomendado pela Gilead Oncologia e chancelado pelo Instituto Oncoguia foram apresentados nesta quarta-feira (27/9) no 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), realizado em São Paulo. O levantamento foi feito a partir de dados de 1.007 entrevistas realizadas entre novembro e dezembro de 2022 com mulheres de 25 a 65 anos.

Elas foram questionadas sobre o sistema de saúde que utilizam, quando realizaram a última consulta ginecológica, como avaliam a própria saúde e o seu grau de informação sobre o câncer de mama – incluindo os diferentes tipos da doença –, além de formas de tratamento.

Mais de metade das entrevistadas (56%) eram negras; 45% da classe C e 36% das classes D e E. As respostas expõem as diferenças de acesso a informações, consultas de rotina, exames diagnósticos e tratamentos por faixas de renda e escolaridade.

Pelo menos 6% das entrevistadas relataram ter dificuldade de acesso aos exames, como não conseguir marcar pelo Sistema Único de Saúde (3%), demora para conseguir (2%), preço elevado (1%) e não ter aparelho disponível na região onde mora (1%).

“Se a gente consegue tocar positivamente uma mulher para que ela faça a mamografia, o exame precisa estar disponível, ou vamos perder essa paciente”, afirma a fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

Desinformação sobre o câncer de mama
Embora sete em cada dez mulheres afirmem se sentir bem informadas em relação ao câncer de mama, elas demonstram desconhecimento sobre os subtipos da doença, exames de diagnóstico e formas de tratamento.

Cerca de nove em cada 10 participantes não souberam indicar nenhum subtipo de câncer. Apenas 11% das entrevistadas tinham conhecimento sobre ao menos um deles.

A oncologista Ana Amélia Viana, da Hupes-UFBA e oncologia Rede D’Or Bahia, avalia que os números mostram a existência de um buraco muito grande na passagem da informação.

“A gente precisa trabalhar para entregar essa comunicação para quem precisa. Muitas vezes, a paciente acha que vai prevenir o câncer fazendo o exame diagnóstico, o que não é verdade”, conta a médica, que é membro do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Segundo Ana Amélia, é importante a população conhecer os diferentes tipos de câncer e os perfis com maior recorrência para poder se prevenir adequadamente.

“A mulher negra, por exemplo, precisa ter em mente que possui um risco maior de ter o câncer de mama do tipo triplo negativo, mais agressivo e que ocorre mais cedo. Ela deve estar informada de que precisa fazer mamografia mais cedo”, explica.

Matéria publicada no portal Metrópoles em 27/09/2023

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