[CÂNCER DE MAMA] Ana Maria Bianchini

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Também dedico parte do meu dia ao meu bem estar físico e emocional, sempre buscando uma ligação com a mente, corpo e alma.

Gosto de estar com a minha família, meus amigos e também meus amigos de caminhada, que encontrei ao longo da doença e que hoje fazem parte da minha total recuperação.

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer?

Ana Maria - Foi em dezmbro de 2009, através do auto exame, sendo que o tumor era no mamilo, não foi difícil detecta-ló já que houve a retração do mesmo, então, fiz o exame de mamografia e ecografia para confirmação do diagnóstico.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Ana Maria - Pensei que fosse morrer naquela noite, tive a sensação de estar andando em nuvens, não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo, tive vontade de gritar, de chorar, de fugir de mim mesma! Vi minha vida se esvaindo entre meus dedos e eu não podia voltar atrás, mas como por um passe de mágica ouvi uma voz no fundo da minha mente que disse: você não pode voltar atrás mas pode fazer a diferença, foi então que me enchi de esperança e resolvi brigar pela minha saúde, pela minha vida, percebi que minha fé estava sendo testada e coloquei em prática tudo o que meus pais haviam me ensinado: " A Deus nada é impossível”.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação no momento em que te deram a notícia?

Ana Maria - Minha maior preocupação foi de como dar aquela notícia aos meus familiares (já que sou a irmã caçula de 17 irmãos) e amigos, sem que eles sofressem mais do que o necessário, pois quando damos uma notícia dessas para as pessoas que amamos, temos que transmitir autoconfiança, esperança e fé... Mas no meu caso, tendo um conhecimento científico prévio em função da profissão, somente a fé e a certeza de que Deus estava comigo, a certeza de ser amada é que me dava forças para lutar e obter a cura.

Instituto Oncoguia - Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?

Ana Maria - Procurei a Unidade Básica de Saúde, na minha cidade, que me encaminhou para o Serviço de Referência em Oncologia, por sorte, também na minha cidade. Em apenas uma semana já me encontrava diante do que então eu chamo hoje de " meu amigo”, o médico clínico do serviço oncológico que depois de sua avaliação junto com a equipe interdisciplinar determinaram o meu tratamento.

Instituto Oncoguia - Em que momento do tratamento você se encontra agora? Quais tratamentos você já realizou?

Ana Maria - Meu plano de tratamento foi traçado da seguinte forma: 4 aplicações de quimioterapia EV, mastectomia radical com esvaziamento axilar, mais 16 aplicações de quimioterapia e por fim 25 aplicações de radioterapia.

Hoje estou na fase de manutenção, faço uso de tamoxifeno 20mg ao dia.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Ana Maria - As aplicaçõesde quimioterapia, pelo medo dos efeitos colaterais.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Ana Maria - Tive sim, mas posso considerá-los de grau mínimo, foram apenas umas náuseas na primeira aplicação e depois só tive alguns eventos colaterais tópicos, de pele tipo urticária.

Instituto Oncoguia - Como é a sua relação com o seu médico?

Ana Maria - De amizade e respeito. A nossa relação é aberta ao diálogo, mas tenho sempre em mente que o especialista no assunto é ele e que se eu hoje estou curada, parte disso devo a dedicação dele e é claro a outra a minha .

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento com equipe multiprofissional?

Ana Maria - Sim, no início do tratamento.

Instituto Oncoguia - Na sua opinião, o que é mais difícil de enfrentar durante o tratamento e por quê?

Ana Maria - O preconceito. As pessoas te olham como um sinal da sua incompetência, incapaz de cuidar das ua saúde e por isso você não merece a cura.

Instituto Oncoguia - O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?

Ana Maria - O carinho e o amor da família e amigos, o acolhimento recebido da equipe de profissionais do Serviço de Oncologia, desde o porteiro até a equipe médica, todos sem distinção.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Ana Maria - Hoje estou curada e me sinto assim, agradecida a Deus por mais esta oportunidade de aprendizado, pois foi a partir dela que tomei algumas atitudes e mudei a minha vida, sou totalmente independente, ainda em licença saúde, mas ao retomar as minhas atividades vou me dedicar ainda mais as pessoas que são abandonadas ao receberem o diagnóstico de uma doença com o estigma de morte, abandonadas no sentido de carinho, amor,compreensão e sobre tudo respeito, incluindo aqui os profissionais de saúde que em sua maioria tem por hábito menosprezar o sentimento do seu cliente/paciente.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Ana Maria - Aceite a doença e tire dela o que for de bom para você. Busque apoio nas pessoas que te amam e estes nem sempre serão os nossos familiares e amigos, muitas vezes até então completamente desconhecidos! Confie e questione sempre a equipe de profissionais que irão ajuda-lo e, por último, cultive a sua fé, acredite em você e acredite sobretudo que há um Ser Superior, independente do nome que você der, Ele jamais te abandonara e que a vida é feita de momentos e este é só mais um.

Instituto Oncoguia - Qual aimportância da informação durante o tratamento de um câncer? Você buscou de informar?

Ana Maria - Informaçao é fundamental. Busquei me informar de várias formas: livros,internet, pessoas que já tinha passado por isso... Mas o que fez a diferença foi a equipe médica, que com carinho e conhecimento me apresentaram as facetas desta doença e seu potencial de destruição, bem como as formas de cura.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Você tem alguma sugestão a nos dar?

Ana Maria - Depois de muitas buscas e totais frustrações na internet, me foi apresentado o Oncoguia através do meu médico, aonde encontrei pessoas que estavam passando pelo mesmo problema, foi então que percebi que não era a única, que se outras pessoas tinham obtido a cura eu também conseguiria.

Não tenho sugestões, a não ser agradecer e pedir que continuem fazendo estetrabalho que mesmo a distância nos traz alento ao nosso sofrimento

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Ana Maria - Apenas um desabafo. Como sabemos, ao adoecermos a lei nos ampara com algumas "regalias” que você não as teria caso não adoeceçe, um caso típico é o saque do fundo de garantia, quanta ignorância no coração das pessoas quando falamos em dinheiro e outros bens materiais, foi difícil fazer valer a lei e receber os meus direitos! Foi no site do Oncoguia que descobri argumentos que embasaram a minha discussão a cerca de todos eles e hoje estou particularmente "brigando” pelo direito de reconstituir a mama retirada.

Diante disso, só tenho agradecere me colocar a disposição para qualquer coisa que eu possa contribuir.