[CÂNCER DE MAMA] Carmen Lucia

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Carmen Lucia - Meu nome é Carmen Lucia, tenho 37 anos, casada, funcionária pública. Tenho como hobby a leitura. Atualmente, também nado três vezes por semana, porque me faz bem para o corpo e para a alma.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Quantos anos você tinha?

Carmen Lucia - Descobri o câncer de mama há um ano. Tinha 36 anos. Estava fazendo exames de rotina e pretendia engravidar.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? Qual era a sua maior preocupação neste momento? Você tem ou teve alguém na família com câncer?

Carmen Lucia - O chão se abriu sob meus pés. Eu me sentia num carrinho desgovernado numa montanha russa. A minha maior preocupação era com o meu marido e com os meus familiares. Tive uma tia paterna que faleceu com câncer de mama há mais de 20 anos. Foi horrível e traumático para toda a família. Então, eu não queria vê-los sofrer. Outra coisa, eu estava praticamente em lua-de-mel, porque havia me casado há nove meses. Eu achava que meu marido também não merecia passar por tanto sofrimento.

Instituto Oncoguia - O que você sentiu e ou pensou quando lhe falaram que você estava com câncer de mama?

Carmen Lucia - Pensei sobre a brevidade da vida, sobre o quanto somos frágeis. Também pensei que não temos o controle da vida. A gente acha que pode seguir um caminho, mas, de repente, algo acontece e nos obriga a tomar outro rumo.
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?

Carmen Lucia - Quando eu cheguei em casa, chorei com o meu marido. Ele estava comigo no consultório quando soube o diagnóstico. Desabamos em casa. No momento seguinte, eu pensei duas coisas: vou ser forte, porque não quero ver sofrer aqueles que eu amo; e vou ser prática!

Imediatamente, comecei a dar uns telefonemas, marcando os exames pré-operatórios.

Instituto Oncoguia - Qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Carmen Lucia - Foi a quimioterapia com certeza. Sofri muito com os efeitos colaterais. Vomitei muito e senti muita náusea. Eu já vomitava enquanto estava no hospital tomando a quimio. Fiquei muito debilitada, sentia-me muito fraca.

Instituto Oncoguia - Como você lidou com as mudanças na aparência? O que mais te incomodou? Quais eram as suas principais preocupações neste momento?

Carmen Lucia - Não usei peruca. Comprei lenços bem coloridos, chapéus bem engraçadinhos e vestidos. Também comprei um estojo de maquiagem, mas, confesso, nunca o usei. Francamente, eu não me preocupava muito com a minha aparência física. As pessoas sabiam que eu estava doente e que estava me tratando. Eu sabia que estava mal por causa do tratamento e que quando ele acabasse tudo ficaria bem. Mas, é claro, que, às vezes, assistindo à televisão com meu marido, eu via nossas imagens refletidas na tela e pensava "a que ponto eu cheguei, meu Deus!”.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Você continuou trabalhando ou não? Por quê?

Carmen Lucia - Além da queda de todos os pelos do corpo, tive também vômito, náusea, dores nas juntas. Eu não trabalhei durante todo o tratamento. Não tinha condições mesmo. Quando estava bem, fazia crochet, montava quebra-cabeças, cuidava de plantinhas.

Instituto Oncoguia - Como era a relação com o seu médico?

Carmen Lucia - Minha relação com o mastologista e com o oncologista sempre foi muito boa. Ambos são bem didáticos comigo. Explicam-me tudo com paciência. E eu também pergunto tudo, levo listinha de perguntas e não faço a menor cerimônia em perguntar. Sinto que, hoje, temos uma relação de amizade.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Carmen Lucia - Fiz a cirurgia com a equipe de mastologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Lá a equipe é multidisciplinar, então, passei pelo cirurgião plástico (fiz quadrantectomia), pelo psicólogo (fiz terapia com ele até o final da radioterapia) e pela fisioterapeuta (apenas para recuperação da cirurgia, uma vez que não fiz o esvaziamento das axilas).

Instituto Oncoguia - Como você está agora que tudo já passou?

Carmen Lucia - Fisicamente, meu cabelo já está crescendo, não estou mais inchada, recuperei a cor. Estou ótima!

Ontem tive uma crise de choro. Mas foi de alegria! Estou muito feliz, porque estou me sentindo muito bem, muito viva. O choro foi porque meu marido e eu entramos com o pedido de habilitação para adoção. Passamos por entrevista com a psicóloga e com a assistente social. E elas nos disseram que a nossa espera não será grande. E que, em breve, receberemos nossos filhos (sim, aceitamos dois irmãos!). Estamos radiantes de felicidade!

Instituto Oncoguia - Você sente que tudo voltou ao normal? Como está a sua vida hoje?

Carmen Lucia - Bom, costumo dizer que eu, antes, era feliz e sabia! Ou seja, acho que eu já era legal antes do câncer e, sinceramente, não sei se hoje sou melhor ou pior do que a Carmen sem câncer.

O que aconteceu foi que ganhei um câncer e não pude dizer "ah, não quero!”. Ele estava lá e eu tive a coragem de ir a luta para me livrar dele. Sem revoltas, sem mágoas. O câncer é democrático: ele atinge qualquer pessoa, não faz distinção de classe social, caráter, raça, nada.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Carmen Lucia - Não faça drama. Não dê ao problema uma dimensão maior do que ele tem. A doença é grave, mas existe chance de cura. Então vamos lá! Informação é tudo! Informe-se e, se possível, relacione-se com quem já passou pelo mesmo problema e está bem. Seja positivo! Mas quando quiser chorar, chore. Quando quiser desabafar, desabafe. Trate-se com muito carinho.

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