[CÂNCER DE MAMA] Celeste Bottrel Batista

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Celeste Bottrel Batista - Tenho 53 anos, Sou casada, tenho 2 filhos que sempre foram a razão da minha vida. Sou artesã,mas cursei faculdade de Direito e colei grau dia 14 de março de 2013, sendo que o último ano da faculdade foi dividido com o tratamento do câncer. E agora tento me preparar para prestar o exame da OAB.

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer de mama?

Celeste Bottrel Batista - Em dezembro de 2011, sete meses após ter feito meus exames de rotina, coloquei na cabeça que precisava refazê-los. E após a relutância da médica em repeti-los, fui refazê-los e assim constatado o câncer.

Instituto Oncoguia - Qual foi sua reação ao descobrir o diagnóstico?

Celeste Bottrel Batista - No momento fiquei impassível, como se fosse uma coisa esperada. Há dez anos fiz uma cirurgia para retirada de um nódulo nesta mesma mama, que segundo a biópsia era benigno. Nessa cirurgia foi deixado pelo mastologista um fio metálico como se fosse para marcar o lugar e ali, exatamente ali, apareceu o tumor maligno que foi retirado em janeiro de 2012.

Instituto Oncoguia - Qual foi sua maior preocupação neste momento?

Celeste Bottrel Batista - Meus filhos e minha mãe. Sou filha única e tenho a mais absoluta certeza que ninguém cuidará dela como eu. Outra preocupação: o tumor seria resquício do retirado há dez anos?

Instituto Oncoguia - Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?

Celeste Bottrel Batista - Foi marcada a biópsia, por meio de punção, que foi feita próximo ao Natal, ficando um tempo interminável até receber o resultado. Fiz a consulta com o mastologista dia 02 de janeiro, ressonância magnética, cintilografia óssea, entre outros. O que me incomodou muito foi a demora entre a punção e a cirurgia.

Instituto Oncoguia - Em que momento do tratamento você se encontra agora?

Celeste Bottrel Batista - No momento estou em tratamento com Herceptin.

Instituto Oncoguia - Quais tratamentos você já realizou?

Celeste Bottrel Batista - Primeiramente fiz quimioterapia, 8 sessões, com espaço de 21 dias entre elas. Logo após fiz radioterapia, 30 sessões concomitante com Herceptin.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil?

Celeste Bottrel Batista - A quimioterapia, porque nos deixa muito debilitada, por pelo menos três dias após a aplicação e no meu caso, eu viajava para a capital doEstado, mais ou menos 360 km da minha cidade para ir fazer a aplicação, voltando no mesmo dia.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Celeste Bottrel Batista - Efeitos colaterais existem, os meus considero que não foram tão terríveis. Sentia-me muito fraca, era difícil até para pegar um copo d’água, mas não tive enjoos.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Celeste Bottrel Batista - Celeste Bottrel Batista - Meu médico têm muitas pacientes, trabalha muito, mas mesmo assim é atencioso e me transmite segurança.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Celeste Bottrel Batista - Cardiologista, em razão do Herceptin poder trazer complicações e Gastroenterologista.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento com equipe multiprofissional?

Celeste Bottrel Batista - Estou fazendo acompanhamento com a psicóloga Dra. Jurama Ribeiro de Oliveira que foi quem me fez descobrir que eu tenho direito, direito de ser feliz, direito de expor minha opinião, direito de ser respeitada, direito de ficar triste, etc., está me dando suporte para enfrentar a doença. Quanto a dieta alimentar, passei a dar preferência à alimentação natural, crua na maioria das vezes e sem carnes. Não fui à nutricionista.

Instituto Oncoguia - Durante o tratamento do câncer, o que foi mais difícil de enfrentar?

Celeste Bottrel Batista - A solidão. Esta que sempre foi minha companheira e nunca me queixei, mas dessa vez doeu. Apesar de que Deus sempre me socorriatambém nessas horas.

Instituto Oncoguia - O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?

Celeste Bottrel Batista - A determinação em viver porque minha mãe precisa de mim. Os filhos não precisam, estão adultos, são do universo, não criamos filhos para nós, mas gostaria de ficar mais um tempo com eles.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Celeste Bottrel Batista - Hoje ainda estou envolvida com exames e expectativas com os resultados, mas estudo (OAB) o dia inteiro, quando não estou cuidando da casa e dos meus cães, que volta e meia tem alguém querendo me entregar um bichinho para adoção, dos cuidados com mamãe que tem 89 anos e do meu marido que também está precisando passar por umas consultas médicas.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Celeste Bottrel Batista - Encarar, o inimigo você precisa olhar de frente. Canalizar o pensamento em Deus, para quem tem fé, as coisas se tornam mais fáceis, canalizar o pensamento na cura. A vida não pode parar com o diagnóstico do câncer, sempre digo: ninguém morre antes da hora, então não podemos nos abater antes da hora.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Celeste Bottrel Batista - Conheço pessoas que não sabem dizer o tipo de câncer que tiveram ou tem, deixam isso a cargo de outras pessoas, "cada um é cada um”, mas acho fundamental entendermos o que se passa conosco, porque Deus nos orienta diante de nossas indagações e assim temos mais chances de encontrarmos o caminho melhor.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Celeste Bottrel Batista - Busquei informação nessa rede maravilhosa que é a internet. Procurei saber sobre alimentação, que tipo de câncer é esse que me acometeu, Her2 positivo. Encontrei respostas e conheci pessoas maravilhosas, como Evelin Scarelli, Muriel Freitas, entre outras tantas.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Celeste Bottrel Batista - Conheci o Oncoguia por meio da minha amiga Evelin Scarelli, guerreira, que tanto nos ensina com o seu aprendizado pessoal no universo oncológico.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão para nos dar?

Celeste Bottrel Batista - Não, o portal está super completo, atendendo a grande variedade de dúvidas.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de contar?

Celeste Bottrel Batista - Gostaria de deixar aqui um pedido, se é que pode assim ser chamado. Existem muitas campanhas para as mulheres fazerem o autoexame, etc., porém chego a triste conclusão com a minha história e de tantas outras mulheres, que está faltando profissional no mercado realmente dedicado a diagnosticar o câncer precocemente. São raros aqueles que detectam muito no inicio. Isso exige dedicação em aguçar a vista para descobri-lo cedo. No meu caso passei por isso há dez anos. O radiologista não reconheceu o nódulo, levei a mamografia para o meu ginecologista, Dr. Ediomar Vargas, precisa ser ressaltado o nome, em Itaperuna, ele olhou e disse: "você tem que tirar isso, se for procurar outro médico para tirar opinião, não deixe de dizer que eu mandei você tirar. Hoje, você faz 3 químios e está curada”. E eu fui atrás da bendita 2ª opinião. Ninguém foi capaz de enxergar o que ele enxergou. Esperei seis meses, para em Vitória, outra radiologista dizer que só um médico muito bom em imagem teria condições de detectar o nódulo. E não deveriam ser todos bons? Não entendo. Hoje fico com essa grande interrogação: o tumor que apareceu em 2011, o que tem em comum com o de dez anos atrás? Quem poderá responder isso? Então aqui fica o meu pedido encarecido aos formandos na área de radiologia principalmente, agucem suas vistas, percam horas e horas, noites e noites, analisando e comparando mamografias até conseguirem diagnosticar quando o tumor for ainda um grão de areia, porque aí sim estarão salvando milhares de vidas.