[CÂNCER DE MAMA] Elizabeth Ribeiro Corrêa

Me chamo Elizabeth Ribeiro Corrêa e tenho 49 anos. Me formei em Educação Física em 1990, e trabalhava como professora estadual, até que detectei meu segundo câncer em 2010.
 
O primeiro, de mama, foi em 1999, e como o diagnostiquei cedo, retirei somente o nódulo, numa cirurgia feita por um médico amigo da família. Precisei fazer apenas a radioterapia preventiva no INCA. E, mesmo com alguns médicos querendo fazer uma nova cirurgia lá, consegui evitá-la, refazendo a biópsia e provando ao diretor do hospital que não havia necessidade para tal.
 
Sempre fui uma pessoa muito alegre, mas meu segundo câncer, no intestino, de cólon de reto, veio numa época de minha vida em que eu passava por uma depressão profunda, por conta de uma desilusão amorosa, e talvez, por isso, eu não tenha dado a ele a importância que deveria. Isso acabou por facilitar a minha recuperação, pois quando o médico oncologista me disse que eu não teria que fazer tratamento algum, devido ter sido retirado todo o tumor e não ter sido dectectada nenhuma metástase, foi que me dei conta da vitória que obtive!
 
Foi uma luta árdua porque passei por 3 cirurgias, tive complicações no pós-operatório das 3, e tive que usar colostomia por quase 1 ano. Minha médica é uma excelente pessoa e uma profissional exemplar! Tenho muita admiração por ela e sei que devo a ela minha vida. Também, a minha mãe, que me colocou com dependente em seu plano de saúde, pois eu já vinha tentando investigar a doença pelo SUS, sem obter sucesso. Se não tivesse tido acesso ao plano, acredito que não teria dado tempo de operar e obter a cura! Ainda agora, terei que fazer a 4ª cirurgia, por ter aparecido uma nova hérnia abdominal. A luta continua!
 
No meu primeiro câncer, eu tive mais medo por estar mais nova e achar que não ia poder curtir a vida, e principalmente, o Carnaval de Salvador, que eu tanto gostava de ir, pra ver Ivete Sangalo; pessoa esta que me deu uma tremenda força na época, sempre me perguntando como estava o tratamento, e chegando a me dizer que quando eu fosse fazer a radioterapia, era pra eu fingir que estava indo ao seu show, fazendo "RadioIveteterapia”: indo pro hospital ouvindo suas músicas. E assim eu o fiz, passando por tudo na maior tranqüilidade!
 
Não tive nenhum efeito colateral importante, além da baixa imunológica, a qual, ninguém havia me avisado que teria, então, tive alguns problemas pequenos de saúde, tais como alergias, gripes, fraqueza, etc...
 
Em minha opinião, meu pior momento foi durante a recuperação do pós-cirúrgico das cirurgias do câncer do cólon, pois o corte é muito grande, e como eu tive que ficar no CTI por 2 vezes (após ter uma peritonite, uma telectasia, duas anemias, uma hérnia, uma infecção de parede e um seroma). Tive que passar muitos dias hospitalizada, e depois, em repouso absoluto em casa. Como eu estava acostumada a fazer exercícios e praticar esportes, ficar "de castigo”, além das dores normais, foi (ou está sendo), o pior de tudo!
 
Achei muito deficitário o acompanhamento dos demais profissionais, pois só tive contato com psicólogos uma vez em cada um dos hospitais, e a mesma coisa em relação a nutricionistas e demais profissionais. A enfermagem então, deixou muito a desejar, me causando problemas por inúmeras vezes, mas eu sempre relatava os problemas aos responsáveis.
 
Minha vida hoje já não é a mesma de antes, talvez pela depressão, ou pelos diversos problemas enfrentados, que não são apenas os relatados aqui. Perdi muito da minha motivação pra viver, mas tento diariamente encontrar novos objetivos, novos sonhos...
 
Algumas vezes, tendo que mudar radicalmente meus hábitos, inclusive os alimentares, para poder continuar a desejar ter uma vida nova, dentro dos limites que a doença me impôs. Pretendo voltar a estudar, já que serei aposentada pela doença pelo tempo de licença ter passado do limite.
 
Também quero viajar mais, e conhecer lugares e pessoas. Talvez, trabalhar em outra coisa que não exija tanto esforço. Porém, eu sinto que já não tenho a mesma força de antes, contudo sinto que tenho a presença de Deus, e isso deve ser levado em conta pra motivar a mim e também, a todas as pessoas que, como eu, tem que enfrentar essa batalha quase diária pela vida.
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