[CÂNCER DE MAMA] Fernanda

FernandaInstituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Fernanda - Meu nome é Fernanda, sou casada, tenho 28 anos, moro em Barueri/SP. Gosto muito de dançar, ler e assistir filmes.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer de mama?

Fernanda - Periodicamente vou ao ginecologista e fazia exames de ultrassom, no último foi detectado o nódulo em minha mama direita, no mesmo dia a doutora fez uma mamografia. Após a biopsia solicitada pela mastologista veio o resultado, estava mesmo com câncer.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Fernanda - No primeiro momento não acreditei que estivesse ouvindo o diagnóstico do médico, estava firme dentro do consultório. Ao sair daquela sala senti como se o meu mundo tivesse caído por terra, todos os meus sonhos haviam sido destruídos. Tinha tantos planos e já não sabia se eu poderia realizar todos.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Fernanda - Minha família. Como iria dar a noticia aos meus pais. Eu não iria realizar meu sonho de ser mãe.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Fernanda - Após o diagnóstico chorei durante 3 dias seguidos, sempre com o meu marido ao meu lado que também estava inconsolável. Então chegou o momento de revelar à família, fui para a casa dos meus pais num fim de semana e com todos reunidos Ricardo (meu marido) contou, pois eu não tive coragem. Minha mãe ficou perdida, descontrolada, meu pai se negou a ouvir, meus irmãos sofriam juntos, meus sobrinhos os crescidos estavam tristes, e lembro como se fosse hoje minha sobrinha mais velha Isabella dizer que não era justo eu morrer chorando muito, foi quando expliquei a ela que não estava definido que eu ia morrer que eu iria lutar até o fim e que precisava que todos estivessem unidos e firmes.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Fernanda - Sim.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Fernanda - Até o momento a quimioterapia. A ansiedade que causa esperar ter sintomas, ou não saber se irá ficar careca, o cansaço.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Fernanda - Não. Graças a Deus.Fico nauseada os três dias após a quimioterapia, mas depois minha rotina volta ao normal.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Fernanda - Busquei a opinião de dois profissionais. O primeiro não pode esclarecer muito minhas dúvidas e sempre falava da doença como um negocinho. O segundo Dr. Hirofumi (mastologista) foi bem direto, me disse tudo, no primeiro momento tudo de ruim do tipo de câncer, após novos exames me informou que eu podia optar por dois tipos de tratamentos. Então junto com minha família optamos iniciar pela quimioterapia. Assim iniciei minha luta contra o câncer.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Fernanda - Minha oncologista Dra. Andrea.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Fernanda - Não achei necessário. Sou uma pessoa de muita fé, e de alguma forma que não sei como explicar cada dia mais me fortaleço, e me sinto mais viva. Como tenho reagido muito bem, pensei em até participar de um grupo para poder apoiar outras pessoas que estão vivendo este mesmo momento. Já realizei um teste psicológico na minha primeira químio, e me sai muito bem, lembro que o doutor disse que eu estava muito bem, centrada, e que tinha pleno conhecimento da minha doença.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Fernanda - Sim, nas sessões de químio, recebo a visita de uma nutricionista que acompanha minha alimentação.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Fernanda - Estou em tratamento. Meu tratamento se divide em 4 etapas: 4 sessões de quimioterapia vermelha de 21 em 21 dias, 12 sessões de quimioterapia 1 vez por semana, cirurgia (caso seja necessário) e radioterapia.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Fernanda - Bem. Vivo um dia após o outro. Vou trabalhar, cuido da casa do meu marido, de mim.

Muitos me disseram para ficar em casa, mas isso não me deixaria bem. Gosto de trabalhar, meus pensamentos são ocupados por outras coisas, levanto todos os dias e tenho o prazer de me vestir, escolher o lenço que combina com a roupa (comprei dezenas), faço minha maquiagem, coloco meu salto alto e bora lá, para mais um dia. Tenho dias que fico triste, na semana que raspei a cabeça foi bem difícil, mas não passa de um momento. Todo mundo tem seus dias de depre, não é?

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Fernanda - Hoje penso muito no meu futuro, mas meus planos não mudaram muito, no primeiro momento achei que não seria capaz de realiza-los. Mas hoje vejo que minha casa está quase pronta, poderei sim construir uma família, fazer uma nova faculdade.

Confio fielmente em minha cura, e rezo todas as noites para que outras pessoas que vivem o mesmo momento possam ter ao seu lado uma família e amigos como eu tenho, pois eles são minha força. O futuro a Deus pertence.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Fernanda - Lute. Não desanime. Por pior que pareça o diagnóstico, você tem que estar preparado para a grande luta que irá enfrentar. E confie em Deus, ele tudo sabe. Viva essa fase como se fosse só uma etapa de tantas outras que você passará em sua vida.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Fernanda - Essencial. Saber o estágio em que se encontra, pois só você poderá decidir o seu tratamento junto com o seu médico, esquivar não vai ajudar.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?De que maneira?

Fernanda - Livros, revistas, internet, outros pacientes.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Fernanda – Internet.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Fernanda - Não. Parabenizo vocês pelo trabalho.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Fernanda - Graças a Deus eu não necessitei de atendimento público, pois tenho convênio, mas em contato com outros pacientes que não tem a mesma sorte que eu, verifiquei que a demora para o diagnóstico é absurda. Deveriam estudar uma forma de ajudar o paciente nesse momento tão delicado. Chega de promessas não cumpridas.
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