[CÂNCER DE MAMA] Lilian Rejane

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Lilian Rejane - Tenho 55 anos, sou bióloga, e atualmente estou no 9º período de Direito. Sou muito feliz, alegre, adoro sorrir, dar gargalhadas... Adoro teatro, viajar, ficar em casa curtindo o jardim, os animais, a casa...

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer?

Lilian Rejane - Descobri através de um exame de prevenção. Minha ginecologista que detectou e mandou fazer uma mamografia.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Lilian Rejane - Ao ler o resultado, fiquei assustada, não pensei que iria morrer, aliás nunca tive esse pensamento. Foi mais um susto pelo desconhecido.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação no momento em que te deram a notícia?

Lilian Rejane - Minha maior preocupação foi a minha filha, que na época tinha 9 anos, e como morávamos longe da família, não sabia com quem deixá-la para fazer a cirurgia. Mas depois minha mãe, sogra , irmãos e cunhada nos ajudaram, e muito.

Instituto Oncoguia - Em que momento do tratamento você se encontra agora? Quais tratamentos você já realizou?

Lilian Rejane - Vou completar 18 anos de cirurgia esse ano, nossa! Até eu me assustei, como o tempo passa... enfim estou excelente, fazendo exames anualmente.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Lilian Rejane - O tratamento quimioterápico, mas não posso queixar-me, foi tudo muito tranqüilo.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Lilian Rejane - Eu tinha muita fome, engordei, não vomitei, tinha muito sono. Até hoje meu médico diz que sou atípica.

Instituto Oncoguia - Como é a sua relação com o seu médico?

Lilian Rejane - Maravilhosa, hoje em dia já não freqüento com tanta assiduidade o cirurgião, tenho um mastologista agora.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento com equipe multiprofissional?

Lilian Rejane - Não, nunca fiz, eu tenho uma tática: quando fico triste, falo comigo mesma, dirigindo, no chuveiro, e quando não aceito mais, digo assim: xô, acabou! E acaba mesmo, tristeza vai embora. Aliás, não é tristeza, são preocupações da vida mesmo!

Instituto Oncoguia - Na sua opinião, o que é mais difícil de enfrentar durante o tratamento e por quê?

Lilian Rejane - Sou sincera, não achei dificuldades, e olha que na minha época a radioterapia, era marcada no corpo, com caneta, que não podia sair, então eu saia com aquelas marcas, e nunca senti menor ou menosprezada por isso. Andei muito tempo com aquele dreno no seio, passeava, fazia de tudo. Depois de três meses de cirurgia fui a praia, de biquíni. Sem problema!

Instituto Oncoguia - O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?

Lilian Rejane - Meu marido, uma pessoa maravilhosa, que soube ser esposo, amigo, companheiro e acima de tudo um verdadeiro marido! Minha filha, minha família, isso foi muito importante. E eu acho que minha alegria de viver ajudou muito. Meu médico fala isso sempre!

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Lilian Rejane - Hoje faço parte de um Movimento que dá apoio a pacientes portadores de câncer, já fui presidente, e hoje sou vice, pois por esse trabalho que é todo voluntário, fiz vestibular de Direito, e vou me formar no final de 2012.

Adoro ficar no hospital dando apoio, conversando, ouvindo, sorrindo, brincando, enfim ajudar as pessoas a passar por um período da vida.

Estou estudando Direito, para poder ajudar mais esses pacientes, quero poder depois de formada, mostrar os direitos que os pacientes portadores de câncer tem, e nem todos usufruem desses direitos. Eu falo sempre, que ninguém pede para ter câncer, então já que existe direitos que podem ajudar, vamos buscá-los!

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Lilian Rejane - Paciência, calma, determinação, pensar sempre que tudo dará certo, que é um período da vida, e principalmente pensar que Deus "nos dá o fardo que podemos carregar”, e também que não cai uma folha de uma árvore, sem a vontade de Deus.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Lilian Rejane - A informação é fundamental. Se o paciente não tem essa informação fica muito perdido, e eu acho que todos tem direito a todas as informações relativas a doença, a não ser que não queira saber...

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Lilian Rejane - Devido a eu ser bióloga, foi tudo mais fácil. Meu marido é médico, mais uma vantagem para mim, que não deixava passar nada, eu sempre era informada de tudo. E hoje em dia a internet tem um valor imensurável. Esclarece qualquer coisa.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Você tem alguma sugestão a nos dar?

Lilian Rejane - Através da internet, adorei, antes eu participava mais, mas esses dois últimos anos de curso, me deixou um pouco afastada. Eu acho que vocês procuram sempre orientar, acho isso muito importante!

Instituto Oncoguia - Como você acredita que o trabalho do Oncoguia ajuda os pacientes? Te ajudou/ajuda de alguma forma?

Lilian Rejane - Ajuda e muito, através das pessoas, dos casos que cada um tem a contar. Acho esse site maravilhoso. Ajudou-me a conhecer pessoas e poder contar a minha estória.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Lilian Rejane - Eu acho importante divulgar pessoas que tiveram câncer e estão vivas. Meu médico-cirurgião, pois eu fiz mastectomia radical, dizia sempre para eu contar minha estória, pois as pessoas adoram dizer que conheceu alguém e essa pessoa morreu. Não é assim, vamos divulgar os casos que sobreviveram, para dar ânimo e esperança para quem está no começo de uma trajetória, que pode ter muito obstáculos, mas será vitoriosa!

Eu fiz mastectomia radical, e nunca quis reconstruir. Não tenho vontade, meu marido não faz questão, pois não é um seio, que me deixa mais ou menos mulher, muito pelo contrário, sinto-me mulher como antes de tirar o seio. Uso prótese, vou a praia, uso biquíni, maiô, não tenho problema nenhum. Sou muito feliz, e muito mais por estar viva e com saúde!