[CÂNCER DE MAMA] Luciana B. Fassina

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Luciana - Me chamo Luciana B. Fassina e tenho 42 anos, moro em Campinas, SP, e o que mais gosto é estar com minha família.  

Instituto Oncoguia - Qual o seu tipo de câncer?

Luciana - Câncer de mama. Não me esqueço do resultado: Carcinoma ductal invasivo, grau III.
 
Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Luciana - Começou com um aumento dos seios e um líquido esbranquiçado, como se tivesse amamentando. Ao procurar meu ginecologista, disse que era hormonal e pediu somente uma Ultrassonografia, mesmo tendo insistido em fazer a mamografia (aleguei que nunca tinha feito e tinha mais de 40 anos), mas não achou necessário. O exame não acusou nada. Passado uns meses, comecei a ter muita dor local, fui ao mastologista e fiz mamografia, onde foi detectado um nódulo com cerca de 3 cm. Acabei fazendo outros exames para melhor diagnóstico. Ali percebi que estava com câncer.
 
Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Luciana - Eu estava com meu marido e foi um baque e tanto! Deu um nó na garganta, não conseguia perguntar nada, só ouvia e balançava a cabeça, "fingindo” entender tudo. Passou um filme de minha vida em poucos minutos de consulta.
 
Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Luciana - Pensei em não poder educar e ver minha filha de 3 anos crescer.
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Luciana - Não me desesperei, nem chorei. Encarei. Tudo aconteceu no final de 2012, deixei o ano acabar. Viajei e fiquei com pessoas que amo e me fez muito bem. Ganhei energia para enfrentar tudo o que viria, sempre com muito apoio da família e grandes amigos.

Nestas horas você percebe quem está ao seu lado. Apesar de algumas pessoas tentarem me desestabilizar em um momento que eu precisava de muita paz, não conseguiram. Me fechei para os pensamentos negativos, só positividade. Dia 05/01/2013 passei por uma mastectomia, já com colocação de prótese extensora e, apesar de somente o "linfonodo sentinela” ter dado positivo, por margem de segurança foi feito o esvaziamento axilar.
 
Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Luciana - Sim, fiz quimioterapia até julho, 4 vermelhas e 12 brancas. Estou concluindo a radioterapia de 25 sessões e farei uso de Tamoxifeno por 5 anos.
 
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil?

 Luciana - A quimio, com certeza. Passei muito mal e fiquei com imunidade baixa e desidratada.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Luciana - Muitos. Queda de cabelo, cílios e sobrancelhas, cansaço e dores no corpo, linfedema (em tratamento), mas o pior foi os dias intermináveis de enjoos e vômito.
 
Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Luciana - Com todos eles a relação foi de muita confiança.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Luciana - Fisioterapeuta, nutricionista, radio-oncologista, enfermeiros, mastologista, oncologista.
 
Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Luciana - Não.
 
Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Luciana - Sim, faço acompanhamento mensal.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Luciana - Faltam 2 sessões de radioterapia e hormonioterapia por 5 anos.
 
Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Luciana - Procuro não pensar mais no que passei em relação ao câncer. Não consigo fazer grandes planos. Acordo, agradeço e vivo meu dia. Desacelerei, estou menos ansiosa e não dou tanta importância para os problemas, tudo no seu tempo.
 
Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Luciana - Sou bióloga por formação, fui professora por um tempo, depois trabalhei em uma empresa como administrativo e quando fui diagnosticada não estava trabalhando, pois havia optado em ficar com minha filha. Já estava tentando voltar ao mercado de trabalho quando tive a notícia e assim que possível pretendo trabalhar novamente.   
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Luciana - Não se desespere, não se revolte, não questione e, principalmente, não desista! Você não está sozinha nesta, não dê ouvidos à histórias de outras pessoas (cada caso é um caso), cuide não somente do corpo físico, mas também do espiritual, com certeza passará com maior leveza por este período.  
 
Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Luciana - Necessária. É imprescindível saber com o que estamos lidando.
 
Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?

Luciana - Com médicos, internet, ONG.
 
Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?  

Luciana - Através do Facebook. Adoro o Oncoguia, aliás, quero parabenizá-los pelo trabalho!

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?  

Luciana - Que os pacientes tenham realmente acesso a exames primordiais para detectar o câncer. No caso do câncer de mama, a mamografia. E que seja menor a burocracia em relação à aquisição de medicamento a que temos direito, a demora na liberação pode levar mais de mês e enquanto isto temos que custear o alto valor.