[CÂNCER DE MAMA] Maria Aparecida Affonso

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Maria Aparecida - Tenho 55 anos, sou professora de inglês, astrologia, numerologia, tarô, leitura.

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer?

Maria Aparecida - Fui fazer exame de rotina, porém, à princípio só dava um pequeno nódulo que a ginecologista interpretou como uma displasia. Após muita insistência, de minha parte, ela fez outro pedido de exame, então, com novo exame, fez um encaminhamento para um mastologista.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Maria Aparecida - O mastologista fez uma punção. Quando fui pegar o resultado ele me entregou o envelope e olhando para o computador, disse que estava marcando minha cirurgia e passando risco cirúrgico. Quando ele disse isso, vi que tinha dado positivo. Fiquei sem fala. Peguei a papelada para os exames e fui me embora. Achei que já estava morrendo.

Instituto Oncoguia - Em qual etapa do tratamento você se encontra agora? Quais tratamentos você já realizou?

Maria Aparecida - Em julho deste ano, completará 10 anos. Fiz químio e radioterapia.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Maria Aparecida - Não tive problemas com a quimio, poucas vezes fiquei enjoada. Já a radio foi ruim. Ir todo dia me cansava, os cuidados para que a pele não ficasse queimada. Isso me estressava muito.

Instituto Oncoguia - Como é a sua relação com o seu médico?

Maria Aparecida - Ótima. Todos por quem passei me deram muita força.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento com equipe multiprofissional?

Maria Aparecida - Sim. Tive psicóloga, nutricionista, psiquiatra, fisioterapia, assistência social.

Instituto Oncoguia - Na sua opinião, o que é mais difícil de enfrentar durante o tratamento e por quê?

Maria Aparecida - Sempre morei sozinha, parentes (poucos) que moram longe. Então, tive que aceitar ajuda de outras pessoas, ficar o pós cirúrgico na casa dos outros também não foi fácil aceitar.

Instituto Oncoguia - O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?

Maria Aparecida - Os amigos. Muitos querendo me ajudar. Quebraram minha resistência em pedir ajuda e fizeram com que eu visse que não poderia enfrentar tudo sozinha.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Maria Aparecida - Estou aposentada. Trabalhava para o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Fui aposentada pela perícia médica. Tenho alguns problemas com meu braço (linfedema). Continuo meus estudos esotéricos. Faço mapa astral.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Maria Aparecida - Que tenham fé, acreditem na cura, peçam ajuda e esclarecimentos, confiem nos médicos e no tratamento. Que não deixem de fazer o que gostam. Sempre gostei de usar maquiagem, usar saltos. Quando ia para alguma consulta, me arrumava toda. Todos me elogiavam. Usava uns lenços bem transados. Na sala de espera, ensinava como fazer as arrumações.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Maria Aparecida - Super útil para mim. O INCA sempre faz reuniões explicando todo o processo do tratamento, ganhamos livretos explicativos. Também comprei livros; não só da doença como também dos meus direitos.

Instituto Oncoguia -Você buscou se informar? De que maneira?

Maria Aparecida - Sim. Livros, revistas, internet.

Instituto Oncoguia - Como você acredita que o trabalho do Oncoguia ajuda os pacientes? Te ajudou/ajuda de alguma forma?

Maria Aparecida - Sim, devido as informações, o auxílio e segurança que passam através dos artigos e dicas.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Maria Aparecida - Foi um processo doloroso. Mas, hoje, olho para trás e vejo que estou melhor. É lógico que meus problemas não acabaram. A gente sempre tem alguma coisa para resolver. Tento manter a calma e atravessar as dificuldades com mais suavidade. Penso: vou resolver cada coisa de uma vez. Se tive forças para passar todo o transtorno que um câncer traz, ainda estou aqui é porque sou uma guerreira e tudo vai dar certo. Tudo tem seu tempo para acontecer.

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