[CÂNCER DE MAMA] Maria Claudia Lage

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer?

Maria Claudia - Todo ano faço exame: mamografia, ultrassom, papanicolau e ultravaginal. Em setembro 2010 os exames deram tudo normal e em setembro 2011 a médica achou um nódulo. Dia 04/11/11 após tomografia, magnificação e biopsia deu positivo.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Maria Claudia - Entrei na sala da médica e a mesma abriu o resultado na minha frente, positivo. Dai para frente só conseguia ouvir: carcinoma lobular, mastectomia radical... Chorei, chorei. Por uma hora fiquei fora do ar, se caísse um milhão ou um avião na minha frente não ia fazer diferença nenhuma.

Instituto Oncoguia - Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?

Maria Claudia - Após sair do estado de choque, comecei a ligar para algumas amigas, depois fui ao plano de saúde marcar os exames, em 3 dias já tinha feito todos .

Instituto Oncoguia - Em que momento do tratamento você se encontra agora? Quais tratamentos você já realizou?

Maria Claudia - Em 18/11/11 fiz mastectomia, dia 01/12/11 tirei os linfonodos (total de 12). Em 26/12/11 fiz a primeira de quatro sessões da quimioterapia vermelha. Hoje 21/03/12 fiz a primeira de quatro sessões da quimioterapia taxotere e no dia 26/03 começo a radioterapia. Vão ser 28 sessões.

Também estou fazendo a reconstrução da mama, já sai com um extensor, já coloquei 420 ml de soro, como tenho uma mama média vou ter que colocar mais 180 ml. Mas agora vou ter que parar, só posso voltar após o termino da radio.

Creio que até setembro devo colocar a prótese definitiva, e após 6 meses fazer o mamilo.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Maria Claudia - A quimioterapia vermelha. Deixa a auto-estima em baixa, perder o cabelo foi muito difícil, não me reconheço quando olho no espelho. Efeitos colaterais são fortes e maltratam nosso corpo, mente e alma.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Maria Claudia - Nutricionista e a psicóloga agora por causa do cabelo. Não tive problema com o seio, mas o cabelo eu pirei! risos.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, o que é mais difícil de enfrentar durante o tratamento e por quê?

Maria Claudia - Ainda estou de licença médica e vou ficar até junho, minha quimio e radio terminam juntas. Volto ao trabalho em primeiro de julho, espero que ainda tenha a minha vaga garantida. Futuro é uma palavra muito distante, pois eu vivo o hoje, um dia por vez, não existe mais futuro no meu dicionário. No meu dicionário é o hoje, o presente, amanhã, amanhã é muito longe, quando ele chegar a gente vive.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Maria Claudia - Sinceramente, é muito difícil dar orientações, mas acho que a pessoa precisa digerir o diagnóstico, se tiver vontade de chorar, chore com muita vontade, gritar, grite bem alto. Extravasa tudo e depois comece a tomar as providências necessárias. É preciso tomar conta da doença antes que ela tome conta de você. Jamais deixar a doença te dominar, você precisa estar à frente dela.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Maria Claudia - Quando recebi o diagnóstico comecei a pesquisar como "louca” na internet e percebi que tinha tantas informações contraditórias que acabei desistindo.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Maria Claudia - A melhor informação é você ter um médico que esteja disposto a responder suas dúvidas, deixar as coisas bem claras, eu sou assim preto no branco. Falei para minha médica seja sincera, sem rodeios, seja clara e objetiva. Toda consulta levava meu caderninho com no mínimo 10 perguntas, risos. No final da consulta ela já estava me cobrando por pergunta.

Creio que todo paciente independente da doença tem o direito de saber qual é a sua doença. O que pode ocorrer, quais as conseqüências do tratamento.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Maria Claudia - Não podemos deixar de lutar.