[CÂNCER DE MAMA] Marina Maior

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Marina Maior - Meu nome é Maria, 34 anos, tinha 33 no momento do diagnóstico. Moro no Rio, sou médica pneumologista. Moro com meu namorado, que tem sido a pessoa mais especial, juntamente com a minha madrinha e minha mãe. Não tenho filhos, e sinceramente nem sei como será após o tratamento... Mas no momento só tenho um foco: minha cura!

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?
 
Marina Maior - Ao tomar banho senti um nódulo na mama esquerda. Percebi que ele aumentou num espaço de um mês. Como minha mãe também é médica, antes de procurar um especialista, fiz aquela coisa básica de médico, pedi a ela mesma um pedido de ultrassonografia e uma mamografia. Ao receber o laudo, eu mesma abri e eu mesma tomei aquele susto... Só aí fui procurar uma especialista, que me pediu uma biópsia.
Fica uma dica: assim que sentir que tem algo de errado, procure um médico especialista e de sua inteira confiança.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?
 
Marina Maior - Quando fiz a biópsia, acho que até por ser colega, a radiologista (foi a mesma que fez a ultrassonografia prévia) foi me explicando tudo e falou que a "imagem” tinha melhorado em relação ao exame prévio...Claro que aquilo me encheu de esperanças e eu fui sozinha pegar o laudo, no dia 24 de janeiro de 2011. Eu mesma abri o envelope e li no meio de uma rua movimentada... Acho que ali acabava minha fase de negação! Era um carcinoma ductal infiltrante: eu estava com câncer de mama!

Instituto Oncoguia - O que sentiu?
 
Marina Maior - A rua parecia que tinha parado, não havia mais ninguém ao meu redor, o chão se abriu... Abri, reli o envelope, conferi se o nome estava certo, olhei para as palavras, me lembrei das aulas na cadeira de Mastologia e Oncologia... E sim, não adiantava, estava com  câncer...No mesmo momento não conseguia mais dirigir, liguei para minha mãe e meu namorado e eles me acalmaram. Marquei para o mesmo dia a consulta com uma mastologista indicada por um grande amigo dos meus pais.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Marina Maior - A primeira coisa que me veio à cabeça foi o medo de morrer. Por mais que eu soubesse que são grandes as chances de cura, que a medicina evoluiu muito, não adianta, ainda associamos a palavra câncer à morte. Ainda mais porque infelizmente, na minha especialidade, quando se descobre um câncer de pulmão, ele já está lá há muito tempo...
Depois vem a preocupação com a família e com meu namorado... Não queria que eles sofressem, não queria que eles passassem por isso! Se dependesse de mim, gostaria muito de poupá-los desse sofrimento. Mas, acho que eles jamais iam querer isso... E como eles ajudam!
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?
 
Marina Maior - No mesmo dia marquei a mastologista, já fui de cara com ela. E tem que ser assim, você tem que gostar do seu médico, tem que confiar nele. Saber se ele é bom tecnicamente, claro, mas também haver uma ótima relação médico-paciente! Fui nela e já acertamos tudo o mais rápido possível. Marquei o cirurgião-plástico logo depois. E já comecei aquele corre-corre na realização de exames pré-operatórios. Fiz a mastectomia total no dia 8 de fevereiro de 2011. A cirurgia foi muito tranquila, não tive nenhuma dor no pós-operatório e o dreno só incomodou um pouquinho. Já coloquei o expansor nesse primeiro momento, e isso melhorou muito minha auto-estima!
   
Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?
Marina Maior - Estou em tratamento. Pelo tipo de tumor, o meu tratamento levará 1 ano ao todo, sem contar o período em que usarei o Tamoxifeno (Tenho HER2 Positivo, e com isso usarei o Herceptin por 1 ano).
  
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?
 
Marina Maior - A quimioterapia. Acabei de terminar a 1ª fase do ciclo de QT (a vermelha). A medicação realmente enjoa muito, apesar de já existirem medicamentos muito potentes contra os enjoos. No mais, só tive a queda de cabelo, que também nos afeta num 1º momento, mas que depois, acho que meio que acostumamos. Ah, também tive uma reação na pele, mas que parece ser raríssima, então... Ninguém mais vai ter isso, não! A gente fala que médico tem esmeraldite, tem coisas que só acontecem com a gente! Fiquem tranquilas! Até porque para tudo tem um jeito, e é só pensar que é uma fase to tratamento para ficarmos curadas!

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Marina Maior - Tive. Como disse acima, tive essa reação cutânea e enjoos. Realmente os enjoos são bem pesados. Mas só duram no máximo 5 dias. Com a medicação para o enjoo, eu não vomitei nenhuma vez. A perda do cabelo afeta muito mais o psicológico do que propriamente nosso lado físico. Dói lá dentro quando caem os tufos de cabelo, mas depois a gente acaba acostumando. E existem mil lenços e perucas, e a gente acaba se redescobrindo.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?
 
Marina Maior - Com a mastologista, Dra. Monica Ribeiro, nem sei como comentar. Ela é a perfeição em forma de médica. O cirurgião-plástico (Dr. Luiz Fernando Gonçalves) também é excelente, me explicou tudo, me orientou em tudo, sempre me deixou super à vontade para qualquer questionamento, sem contar na sua qualidade técnica. O oncologista (Dr.Tabak) me deu uma verdadeira aula de câncer de mama. Cada um a seu modo, me fez saber que eu estava em boas mãos. 
 
Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?
 
Marina Maior - Como trabalho numa equipe multidisciplinar, já viu, né? Lidei com enfermeiras, psicóloga e nutricionistas-amigas. Elas me orientaram no que eu precisei. Sem contar que na clínica oncológica existem enfermeiras excepcionais (Enfas. Fernanda Lemos e Gisele), que sempre me orientaram e me animaram.
  
Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?
Marina Maior - Não. Fazia antes de descobrir o câncer, mas após essa confusão de consultas, exames, cirurgias, acabei não indo mais...
   
Instituto Oncoguia - E com nutricionista?
 
Marina Maior - Uma amiga nutricionista me orientou e me ajuda na hora do aperto dos enjoos.
 
Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.
Marina Maior - Estou louca para voltar a trabalhar, mas meu oncologista prefere que eu aguarde um pouco mais, em virtude de eu lidar com pacientes e eu estar com a imunidade diminuída. Não vejo a hora de ser liberada, morro de saudade de atender aos pacientes.
Quero terminar uma especialização em geriatria e quem sabe ano que vem começar um doutorado? Quero também me dedicar mais à minha família e ao namorado, a um trabalho de voluntariado, viajar... Enfim, aproveitar muito mais a vida! Do jeito que me faça mais feliz! 
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
 
Marina Maior - Não se desespere, a medicina realmente evoluiu muito nos últimos anos, há sempre grandes chances de cura. Nunca desanime, nunca relegue sua saúde a um segundo plano, se cuide, não procure tratamentos alternativos.
Tenha um médico de confiança, para quem você se sinta à vontade de perguntar, conversar, tirar dúvidas...
 
Se der vontade de chorar, chore! Mas não deixe que isso te domine por muitos dias. Procure ajuda! Não queira fazer tudo sozinha...
Se aproxime de alguma religião... A que você tinha, a que você tem, uma nova...não importa no que você acredita, mas tenha sempre fé!
 
Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?
 
Como disse a Lilian Basqueira, faça um blog! Nossa, como ajuda! Primeiramente ajuda você a organizar seus pensamentos, seus medos, suas angústias. Depois, porque te permite conhecer outras pessoas que estão passando pelo mesmo que você. Por mais que você tenha mil amigos e familiares, às vezes, só quem passa pelo que passamos consegue nos entender a fundo e você descobre que aquela besteira que estava te enchendo há dias é mais normal do que você pensa. Ainda tem a vantagem de te permitir conhecer pessoas maravilhosas e mais do que especiais!

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Sempre é importante conhecer o inimigo para saber qual a melhor forma de enfrentá-lo. Muitas vezes desanimamos porque não temos conhecimento suficiente e achamos que a luta está perdida... Que nada! As chances de cura são enormes!!

O importante é onde buscar essa informação: Google não costuma funcionar! Cada caso é um caso e você acaba se assustando mais do que se ajudando. Procure ajuda junto ao seu médico, procure informações em blogs, sites como o Oncoguia...

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?
 
Sim. Como médica me prometi que ia querer ser a mais leiga possível, não ia querer saber de estatísticas, ia confiar nos meus médicos e pronto. Mas acabei lendo um livro de mastologia para ter um mínimo de noção. Sinceramente? Acho melhor trocar ideias com outras pacientes e deixar a parte técnica para os médicos. Muitas vezes saber alguns dados me desanimou...conversar com as outras "meninas dos blogs” me ajudou muito mais!

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? 
 
Através de outros blogs.
 
Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?
 
Não há muito a acrescentar, o site é ótimo e sempre me ajudou quando precisei. Do momento do diagnóstico, para tirar dúvidas em relação aos meus direitos, ao ler outras pacientes...Enfim, muito obrigada e que vocês apenas se mantenham sempre assim!
Este conteúdo ajudou você?

Avaliação do Portal

1. O conteúdo que acaba de ler esclareceu suas dúvidas?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
2. De 1 a 5, qual a sua nota para o portal?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
3. Com a relação a nossa linguagem:
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
4. Como você encontrou o nosso portal?
5. Ter o conteúdo da página com áudio ajudou você?
Esse site é protegido pelo reCAPTCHA e a política de privacidade e os termos de serviço do Google podem ser aplicados.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho