[CÂNCER DE MAMA] Nadja Nobre Coelho Rodrigues

Nadja Nobre Coelho Rodrigues, diagnosticada com câncer de mama, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.

Leia abaixo a história de Nadja Nobre Coelho Rodrigues. Nadja Rodrigues

Meu nome é Nadja Nobre Coelho Rodrigues, moro em Niterói – RJ, mas nasci e fui criada na capital, Rio. Sou professora estadual aposentada, divorciada e moro sozinha.

Descobri meu câncer de mama em exames rotineiros no ginecologista (mamografia, ultrassonografia, ressonância magnética). A princípio, fiquei atônita (como acredito que a maioria fica), senti uma tristeza muito grande, principalmente pelo fato de ser só. Essa foi a minha maior preocupação. Não ter quem cuidasse de mim e ter pouca condição financeira.

Não senti em nenhum momento que iria morrer, apenas fiquei preocupada em passar mal e sofrer. Fui infeliz no meu percurso inicial com a 1ª médica que me atendeu. Ela foi peremptória em afirmar que eu teria que fazer mastectomia e colocar prótese. Achei um pouco agressivo e fui procurar outros médicos. Todos falaram que NÃO! Bastaria uma quadrantectomia. Fiquei indignada porque essa médica é altamente conceituada aqui em Niterói e, se fosse por ela, teria perdido o meu seio. Então, alerta: vá a vários médicos, ouça várias opiniões até se sentir segura e confiante. E procure ler o máximo que puder sobre a doença.

Fiz a operação e na hora o resultado do exame patológico hospitalar do linfonodo sentinela deu negativo (ou seja, não iria precisar fazer quimio). Semanas após, o resultado da lâmina veio positivo, jogando por terra minhas pretensões de só fazer radioterapia;

Apesar de já ter sido operada, fui consultar um outro cirurgião no Rio para entender melhor. Ele pediu que eu refizesse os exames da lâmina em outro laboratório e o resultado veio bem mais detalhado, inclusive com o tamanho da metástase no linfonodo sentinela.

Resolvi começar o processo de quimio (após ter passado por 6 médicos) e, atualmente, o meu oncologista clínico é o médico que me atendeu logo após o diagnóstico da tal médica inicial.

A quimio me deixa enjoada, fraca e não consegui fazer de 3 em 3 semanas porque as plaquetas não subiam. Passamos a fazer uma vez ao mês. A última (da série das vermelhinhas) foi agora em 24 de setembro e em outubro iniciarei a 2ª fase, as branquinhas que serão semanais até a 1ª semana de janeiro. Depois a radio, a hormonoterapia (5 anos) e a reconstrução do seio.

Não tive aconselhamento psicológico. Fui a um médico integralista que me prescreveu algumas vitaminas e substâncias próprias para reforçar o meu organismo como um todo e me preparar para a quimio. Até hoje tomo seus remédios que irão até dezembro.

Na alimentação procurei cortar aquilo que a gente sabe que faz mal para saúde, como refrigerantes, açúcar, fritura, produtos industrializados (inclusive parei de fumar). Porém, o que mais gostaria de destacar é o seguinte: SENTI UMA GRANDE REJEIÇÃO POR GRANDE Nº DE PESSOAS!  

As impressões são as seguintes:

1) Parece que o câncer é uma doença contagiosa;
2) Parece que as pessoas tem medo de se envolverem;
3) Muitos amigos se afastam (não sei até aonde creditar a dificuldade de lidar com o problema, ou, simplesmente, terem medo de ter trabalho extra);
4) Como me senti (e me sinto triste) em perceber que até vizinhas próximas nunca se ofereceram para fazer uma sopa para mim, e/ou até passarem semanas sem ao menos ligar ou bater à porta para saber se preciso de alguma coisa.

Isso foi o que me doeu mais: a indiferença de algumas pessoas e amigos.

Mas, entendo e procuro ir levando numa boa, até porque tive exemplos (retornos) contrários de pessoas desconhecidas que foram extremamente gentis.

Conheci o Oncoguia pela internet, pesquisando e admiro MUITO o trabalho de vocês.

Quanto aos políticos, estou totalmente descrente deles. Neste país, não há interesse na saúde e educação. O recado mais direto que eu poderia dar a um político envolvido com essa questão do câncer seria:

Faça o melhor que puder, como se alguém de sua família (filha,esposa, mãe, etc.) tivesse essa doença e não tivesse recursos para lidar com ela. É preciso maior atenção, centros especializados, profissionais gabaritados, remédios gratuitos e suporte psicológico. Agilizem os processos que nos beneficiam, tal como isenção do IR.

Muito obrigado pela oportunidade de me expressar!
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