[CÂNCER DE MAMA] Neide Maria Roque da Silva

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar? 

Neide Maria - Meu nome é Neide Maria Roque da Silva, sou casada, tenho 52 anos, moro em São Paulo há 40 anos, mas sou de Pernambuco.  Gosto de teatro, de dançar, de cinema e de praia, além de estar com os amigos.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Neide Maria - Fazendo o autoexame. Eu mesma senti o nódulo e no dia seguinte,  procurei meu médico, que pediu uns exames e constatou que eu estava com câncer (Carcinoma Mamário Invasivo Grau III).

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Neide Maria - Eu me senti muito mal, não sabia o que falar ou fazer, me deu vontade de sair correndo. Pensei que ia morrer, foi horrível e até agora não caiu a ficha, até porque já é meu segundo câncer (tive dois primários). O médico disse que somente 10% das mulheres que já tiveram câncer de mama, desenvolvem um segundo câncer primário e, infelizmente, faço parte deste rol.

Foi um choque muito grande! Quando recebi o diagnóstico do segundo câncer, pensei: "Mas, novamente?”.  E foi aquele desespero! Todo mundo se abraçando, chorando e pedindo pra eu ter calma. Mas temos que ter forças, até porque tenho um filho que vai se formar e eu quero estar presente na formatura dele.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Neide Maria - Sim, já estou na 4ª quimio branca. Vou fazer radioterapia também.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil?

Neide Maria - O mais difícil é a quimioterapia, pois eu fico muito enjoada, muito mal, cheia de afta na boca, perco o apetite... Está sendo muito difícil a quimioterapia!

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Neide Maria - A relação do médico com o paciente eu acho falha, pois toda vez somos atendidas por um médico diferente. Além do mais, sempre fico sem resposta, eu nunca fico satisfeita, porque toda vez que a gente vai na consulta é um médico diferente que não sabe da minha história. Desde o diagnóstico desse segundo câncer, já passei por dois médicos diferentes.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Neide Maria - Estou em tratamento quimioterápico. Vou fazer 6 sessões e já estou na quarta. Depois farei a radioterapia.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Neide Maria - Não estou trabalhando, apenas estou cuidando da minha saúde. Depois que eu terminar meu tratamento vou ver o que vou fazer. Quero mudar, quero novos ares, até porque sou bacharel em direito, mas não exerço a profissão. Trabalhei por muito tempo em um escritório de advocacia e deixei para casar e cuidar do meu filho.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Neide Maria - Muita calma, respira fundo, que hoje o diagnóstico do câncer não é sentença de morte. Seja feliz, sorria, ame, abrace, procure os amigos que com certeza você terá.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Neide Maria - Eu procuro muito na internet. É muito bacana você interagir com ONG’s que falam sobre o câncer. Procuro novos amigos que estão passando pela mesma situação e pergunto muito. É muito importante!

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?  

Neide Maria - Na internet.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?  

Neide Maria - Pediria que fiscalizassem a nova lei dos 60 dias. O Brasil tem lei, mas não é cumprida. Eu tiro por mim. Foi muita luta e eu não fui atendida em 60 dias. Se eu não tivesse arregaçado as mangas, ter procurado ouvidoria, secretaria da saúde, eu não teria conseguido nada. É tudo muito bonito na propaganda, mas é tudo mentira! Quando a pessoa recebe o diagnóstico do câncer, corre contra o tempo.