[CÁNCER DE MAMA] Pâmela Barbosa Camilo

Pamela Barbosa CamiloInstituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Pâmela Barbosa Camilo - Oi, meu nome é Pâmela Barbosa Camilo, tenho 28 anos e moro em São Paulo capital, sempre gostei muito de esportes, gosto muito de ilustrações e arte em geral e ultimamente aprendi a gostar muito de cozinhar e ler livros.

Instituto Oncoguia - Qual seu tipo de câncer?


Pâmela Barbosa Camilo - Tenho câncer de mama – carcinoma invasivo diferenciado grau 3 triplo negativo.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Pâmela Barbosa Camilo
- Por acaso, como todo ano fui a uma consulta com o ginecologista e ele pediu aquela bateria de exames que todo médico pede, e neles estava uma ultrassonografia das mamas, geralmente faço esses exames no final do ano, como não havia feito no final do ano anterior fiz em junho, logo após meu aniversário, o que calhou a digamos me salvar pois se tivesse feito só no final do ano talvez a história não tivesse sido a mesma.

Após o ultrassom o ginecologista pediu a biópsia para descartar, mas que ele não achava que fosse nada pela minha idade e analisando o exame, de qualquer maneira fiz uma core biópsia.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?


Pâmela Barbosa Camilo
- Me senti como se estivesse vivendo a história de outra pessoa, aquilo não podia ser meu, na época estava com um amigo e apenas peguei o resultado (que por sinal eu estava muito confiante que não seria nada), li e não acreditei no que li e falei para o meu amigo: ok, estou ferrada e larguei o exame na mão dele, não falei absolutamente nada na metade do caminho, naquele dia ainda voltaria para o trabalho, e minha cabeça começou a pensar em tudo que poderia acontecer e tudo que eu provavelmente iria passar, ai então eu falei pra ele: quero ir pra casa, não vou trabalhar.

E acho que ai veio uma das coisas mais difíceis, contar aos meus familiares.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?


Pâmela Barbosa Camilo
- Acho que preocupação, no primeiro momento, é sempre a mesma... Será que vou morrer? É isso? Porque você não está preparado pra lidar com um câncer, nunca vivenciou aquilo, somos muito, digamos, ignorantes no assunto, até lidarmos com isso.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?


Pâmela Barbosa Camilo - Levei meu exame no mesmo dia para o meu ginecologista e ele pediu calma e solicitou um imunohistoquímico da biópsia, fui atrás de tudo isso, e a partir desse dia tive um mês agitadíssimo, pois no meu convênio nenhum médico queria fazer a cirurgia e nem me diziam o que eu precisava fazer, foi desesperador, eu tinha câncer e ninguém me dizia qual procedimento eu deveria tomar, só me diziam que era muito sério e que precisava tratar logo.

Até achar onde me tratar, passei por mais ou menos uns 4 mastologistas, até que resolvi me tratar pelo SUS, já que pelo meu convênio seria praticamente impossível, estava correndo contra o tempo, consegui pelo SUS e ai minha vida foi fazer exames atrás de exames e ser virada do avesso, e tudo isso te deixa muito mal, porque você vive o medo de algo a mais ser achado nos exames, não sabe se aquilo é local ou não.

No começo de setembro depois de quase dois meses de loucura, eu já tinha minha quimioterapia marcada então tive 20 dias para pensar no que eu estava prestes a viver.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?


Pâmela Barbosa Camilo
- Já, estou no final, falta somente uma sessão para terminar, no total são 6 sessões da vermelha e branca juntas, o que percebo ser diferente de quase todo mundo que está passando pelo mesmo que eu, o oncologista quis bater de frente e com tudo por eu ser nova, já tenho até minha cirurgia marcada.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil?


Pâmela Barbosa Camilo - Não sei como é a radioterapia, mas acho que se você puder ter uma vida normal, já deve ser melhor que a químio.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?


Pâmela Barbosa Camilo
- Tive tantos que fica difícil enumerar aqui, desde enjoos a problemas intestinais, a mucosites.

Cada sessão é uma surpresa diferente, na primeira fiquei muito muito mal pois segundo protocolo o tipo de químio que eu faço tem que ser administrada com granulokine nos 5 dias seguintes, e como eu não usei na primeira, tive neutropenia febril, tive muita mas muita dor no corpo, nas sessões seguintes não tive febre, mas muitos novos sintomas vão aparecendo.

São todos muito chatos, mas nenhum chega a ser insuportável, a quimioterapia é algo bem chatinho, eu digo que você acaba vivendo numa bolha, pelas restrições e limitações, mas o foco é sempre manter a calma, e saber que aquilo vai acabar!

A perda do cabelo é um momento triste, mas eu achei o mais fácil de se lidar.

O nervosismo e a ansiedade fazem os efeitos serem piores ou até mesmo surgirem.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?


Pâmela Barbosa Camilo
- Tive duas médicas, a primeira eu quis trocar, pois a achava muito desumana, não sei se isso é ingenuidade minha, mas um médico que trata algo assim precisa ser um pouco mais humano, pois está lidando com uma fase bem delicada da vida de uma pessoa, mas o que mais me chateou nela foi o descaso com a injeção para a imunidade. Porém, percebi que a maioria dos oncologistas são meio frios, minha oncologista agora gosto dela, mas em um hospital do SUS não se tem muita intimidades com eles. Ela me atende bem, e se preocupa com minhas necessidades, isso pra mim já basta.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?


Pâmela Barbosa Camilo
- Passo com um psiquiatra e uma psicóloga que já passava a 4 anos, pois tive síndrome do pânico na época, além deles, passei por nutricionista.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?


Pâmela Barbosa Camilo - Faço, faço a 4 anos, porém, estava a quase um ano sem passar por ela, pois não achava tempo para nada, era muito focada no trabalho, ela me ajuda demais, me apoia me incentiva e me mantém no foco, já a considero uma grande amiga.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?


Pâmela Barbosa Camilo
- Passei mas de nada me adiantou, tenho problemas pra ganhar peso, mas a dieta que ela me passou já era basicamente tudo que eu me alimentava, pesquisei muito sobre alimentação antes de começar, fiquei muito bem informada.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?


Pâmela Barbosa Camilo - Ainda não terminei, faz uma semana que fiz a quinta sessão, e daqui 20 dias faço a última, essas ultimas estão sendo piores, não sei se por ansiedade ou pelo corpo estar cansado, mas mantenho o foco de que está acabando e tudo isso será só uma história pra contar e um grande aprendizado.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?


Pâmela Barbosa Camilo
- Conturbada, a medicação mexe muito com meus nervos, minha concentração minha autoestima, achei que estudaria muito, que aproveitaria muito o tempo, mas me foco basicamente em me alimentar bem e resolver as coisas que aparecem de sintomas, me preocupo muito em descansar, me alimentar e caminhar pelo menos umas 3x na semana.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Pâmela Barbosa Camilo
- Sou designer gráfica, vivia focada no trabalho e em ter uma vida profissional cada vez melhor, hoje não sei nem ao certo se é isso que ainda quero para minha vida, passava muito estresse e sempre coloco isso como ponto chave de tudo isso ter desencadeado, já que meu tipo de câncer não se tem muita explicação por ser um triplo negativo. Estou planejando repaginar minha vida, aprender coisas novas e trabalhar em coisas diferentes, não me importo mais com status, quero apenas, ser feliz e ter paz.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Pâmela Barbosa Camilo
- Por mais que seja difícil, tenha calma, respire fundo, câncer não é o fim do mundo, e hoje em dia as medicações são muito mais controladas do que a muitos anos atrás, lembrar se sempre que o primordial de tudo é sempre ter fé e garra, encare o que precisar encarar, sempre com o objetivo de que aquilo vai ser só uma fase ruim.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?


Pâmela Barbosa Camilo
- Altíssima, se lê muitos relatos horríveis e tenebrosos na internet sobre a quimioterapia, coisas que te assustam e interferem no seu tratamento, então, por mais difícil que seja, não se apegue aos depoimentos negativos, foque nas pessoas que estão, que é sim possível passar por tudo isso e ficar bem e curado e saber suas limitações pois elas existem sim, e são pro seu bem, você aprenderá a ser um verdadeiro Buda, terá a paciência que jamais esperaria ter e será mais forte do que nunca, jamais, imaginou ser.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?

Pâmela Barbosa Camilo - Me informei com mulheres que estavam passando ou já haviam passado por isso tudo, tentei abstrair coisas negativas e me focar em soluções, um blog que me ajudou imensamente é o blog da Vânia Castanheira – minha vida comigo, lá tive informações de como manter minha imunidade boa e muito mais.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?  

Pâmela Barbosa Camilo
- Nas buscas por informações, muitas das respostas achei pelo site!

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?


Pâmela Barbosa Camilo
- Acho que não, o site é muito completo e bem atencioso, sinto apenas uma carência de informação quanto a uma vida esportiva para mulheres que precisam tirar os linfonodos, se há uma vida ativa de atividades físicas depois de um procedimento como esse, e como ele seria, quais suas limitações e etc.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?  


Pâmela Barbosa Camilo
- Sinceramente eu não tenho do que reclamar de onde estou sendo atendida, são muito rápidos e muito atenciosos, no Hospital Pérola Byington, Hospital da mulher, mas sei que muitas pessoas passam por necessidades e muita gente nem se quer consegue o INSS para poder se manter durante o afastamento do tratamento, isso é um absurdo, não escolhemos ficar doente, nem mesmo ficarmos afastados da vida que continua lá fora, mas precisamos de dinheiro pra muita coisa pra nos mantermos bem alimentados e termos a higiene necessária, casos como de câncer não deveriam nem se quer ser questionado em uma perícia.

E sei também que muita mas muita gente sofre para fazer seus exames e começar um tratamento, precisa haver mais agilidade pois isso pode ser o que salvará aquela pessoa.

E uma última coisa, deveria existir uma proibição de carência de convênio em situações como essa, eu tinha um convênio e era negada a me tratar por estar em carência para as medicações, o câncer não espera, e quando a carência passa, pode ser tarde demais.
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