[CÂNCER DE OVÁRIO] Ana Karla de A. Magalhães

Prestes a completar 18 anos, ainda no ano de 2000, Ana Karla de Arruda Magalhães, que mora em Caruaru (PE) descobriu que tinha câncer de ovário. O diagnóstico veio depois de um aborto espontâneo que ela sofreu. Sem casos na família, Karla não sabia de onde tinha vindo a doença e, a partir daí, há 11 anos (e nove cirurgias) vem lutando contra ela. Veja entrevista.

 

 

Karla Magalhães - Eu tinha acabado de me casar e estava grávida. Sentia muitas dores e tive um aborto espontâneo. Foi fazendo os exames que descobriram o câncer em um dos meus ovários. Fiquei arrasada, sem entender o porquê dele.

 

Karla Magalhães - Precisava me conformar. Foram dias difíceis nos quais eu não entendia como alguém de minha idade poderia ter câncer. Sou a "filha única” da família a ter câncer. Essa doença não tinha passado por nós ainda. Eu, muito jovem, não assimilava nada. Quando falaram em cirurgia eu fiquei estática. Depois, fui entendo mais e me conformando. Sabia que iria fazer de tudo para me livrar dela.

 

Karla Magalhães - Igualmente chocante. Tenho mais irmãos e todos não acreditavam no que estava acontecendo. O nome câncer é muito pesado. Com o passar do tempo, todos foram retomando suas rotinas, sempre me apoiando. Meu marido que foi difícil. Acabamos nos separando porque ele dizia que não iria viver com um hospital ambulante por conta das sete cirurgias que tinha feito, até então. Eu sofri, mas, agora vejo que foi bom. Estou casada novamente e muito feliz.

 

 

Karla Magalhães - Por enquanto só as cirurgias. Nunca fiz quimioterapia por causa da minha vontade de ser mãe. Seria muito agressivo. Já tomei medicações e agora estou indo e vindo dos médicos.

 

Karla Magalhães - Por ser muito jovem e querer ter filhos, os médicos acharam melhor não retirar meus ovários e útero de uma vez só. Fui fazendo pequenas cirurgias. Mas, agora, não teve jeito. Ainda tenho o útero, ele está intacto, mas, já perdi um ovário e o outro está comprometido também. Acho que terei que fazer mais uma ainda este ano.

 

Karla Magalhães - Ainda não sei. Não pude congelar meus óvulos, não tinha dinheiro, e também não consegui pelo SUS, já que a fila de espera é de cinco anos e não daria tempo. Talvez eu consiga usando os óvulos da minha irmã, mas, o médico não aconselha. Ele acha que não dará certo por as chances serem mínimas. De toda forma, eu vou tentar.

 

Karla Magalhães - Eu continuarei lutando e sei que vou me curar. Mas, sinceramente, só vou me considerar realizada na vida quando eu conseguir ter este filho. Só assim saberei que tenho saúde novamente. Não penso em adotar, quero engravidar e vou fazer tudo para que isso aconteça.