[CÂNCER DE OVÁRIO] Elenice Santos Lameiro

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Elenice Lameiro - Meu nome é Elenice Santos Lameiro, tenho 52 anos, sou casada e tenho um filho de 24 anos. Sou formada em Serviço Social e trabalho atualmente na Área de Folha de Pagamento de uma multinacional.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Elenice Lameiro - Não tinha dor, sangramento, nada do tipo; estava deitada um dia e apalpando meu abdome senti algo duro, uma massa dura do lado direito. Gostaria de ressaltar que meus exames periódicos (ultrassom, mamografia, papanicolaou, estavam super em dia (fazia cerca de 10 meses que eu havia feito tudo e sempre estava ok). Outra coisa importante dizer é que eu estava tendo dores nos braços e pernas e nas articulações há mais ou menos uns 8 meses, fui a vários médicos e fui diagnosticada com reumatismo e estava tratando disto. Um mês antes de descobrir a doença tive diarreia por 1 mês direto, um episódio todos os dias e depois passou sozinho, sem medicamentos.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Elenice Lameiro - Recebi o diagnóstico no dia da minha cirurgia (histerectomia total),após passada a anestesia. Eu sabia que no momento da cirurgia já seria feita a biópsia, estava muito ansiosa. Apesar do médico ter tido bastante cuidado ao falar comigo, lembro que ele chegou perto da minha cama, pegou a minha mão e disse: "Tenho duas notícias pra te dar, uma boa e outra ruim; a ruim é que deu positivo pra malignidade e a boa é que retiramos tudo e é tratável”. Fiquei arrasada, chorei muito, muito mesmo. Fiquei assim meio de mal com a vida rsrs! apesar de me apegar ao que ele falou que era tratável e de ter fé em um Deus que é Deus do impossível, a dor era grande, física pela cirurgia ter sido bastante agressiva e também dor emocional, dor da alma. Outra coisa que me deixou pra baixo é que há alguns anos atrás perdi uma irmã com leucemia, eu sou a mais velha dos irmãos e ela era a mais nova, tinha 18 anos; não pude deixar de lembrar tudo o que passamos com ela e agora tudo de novo, isto me entristecia muito.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Elenice Lameiro - Sempre fui uma pessoa que lê bastante e sempre li que o câncer de ovário é um dos mais difíceis de curar, então pensava nisto, e tinha dúvidas também em que estágio eu estava da doença, pois sabia que o tumor extraído era muito grande (cerca de 15cm de diâmetro).

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Elenice Lameiro - As coisas foram se assentando, se acalmando de certa forma; apesar de não haver metástase o estadiamento da doença foi III, por causa do tamanho do tumor e seu crescimento rápido.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Elenice Lameiro - Sim, depois de mais ou menos 50 dias da cirurgia, iniciei as sessões de quimioterapia (6 ao todo).

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Elenice Lameiro - Para mim foi indiscutivelmente as quimioterapias. Pelos efeitos colaterais que eu tive.

Instituto Oncoguia - Quais efeitos colaterais você teve? Qual o pior?

Elenice Lameiro - Tive vários mas o pior dos sintomas era dor nos ossos desde o topo da cabeça até a ponta dos pés; eu sentia como se estivesse sendo torturada mesmo, como se meus ossos estivessem sendo triturados numa máquina de moer carne; era esta a sensação..sentia isto por uns 7 dias a cada quimio; os remédios apenas amenizavam mas não passavam a dor;

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Elenice Lameiro - Meu médico e sua equipe responsável pelas quimios são muito atenciosos, cuidadosos, detalhistas, estudiosos do caso... Parece quase um cientista rsrs! Minha relação com eles é ótima.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Elenice Lameiro - Com a nutricionista, fisioterapeuta e com a psicóloga (todas da clínica em que me trato).

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Elenice Lameiro - Sim, foram poucas sessões mas fiz.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Elenice Lameiro - Terminei as quimios há 3 meses, agora farei acompanhamento de 3 em 3 meses.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Elenice Lameiro - Retornei ao trabalho faz uma semana, ainda tenho dores musculares e dores nas mãos por conta da neuropatia periférica, que, segundo o médico, são por causa das quimios e ficarão por um bom tempo. Estas dores são piores quando acordo pela manhã, mas passam no decorrer das horas e não chegam a atrapalhar minhas atividades. Outra coisa que incomoda são os fogachos, vários durante o dia por conta da retirada dos ovários. Mas nada disto tira meu ânimo e minha vontade de poder voltar a vida, o período do tratamento é penoso, é como se a vida da gente ficasse parada, como se fosse apertado um botão de STOP rsrs e agora está voltando. Claro que este tempo em que a vida estava em "STOP” serviu pra repensar, refletir e com certeza depois do câncer, penso mais em mim, priorizo meu bem-estar, minha alimentação, meus limites.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Elenice Lameiro - Trabalho com Folha de pagamento, lidero uma equipe de pessoas muito queridas e com certeza a volta ao trabalho está me fazendo muito bem; eu estava muito ansiosa por voltar, retomar minha vida, minha rotina; isto está fazendo parte do tratamento. Como já tenho 52 anos uma hora terei que parar de trabalhar, mas quero ser eu a decidir sair e não a vida me dando rasteira e me tirando daqui! rs! Tenho muita confiança em Deus, apoio e força da família e amigos. Isto está sendo fundamental na vontade que tenho de ficar curada.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Elenice Lameiro - Vou usar as palavras que uma enfermeira da clínica em que me trato usou na primeira vez que a conheci: " Quando você recebe o diagnóstico do câncer é como se um vendaval, um tsunami passasse por sua vida que nesta metáfora é uma casa; revira tudo, tira tudo do lugar. Passado o primeiro momento, o susto, o medo, e quando você começa o tratamento é o momento de arrumar a casa, ou seja, levantar o sofá, desvirar o quadro que ficou de ponta cabeça, erguer a mesa”. Enfim, é isto, apesar de muito difícil não podemos perder o foco da esperança, da cura e do tratamento que temos à nossa disposição.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Elenice Lameiro - É fundamental conversar e perguntar para o médico tudo o que se quer saber. Durante todo o período das quimios eu fiz um diário, numa agenda anotava todos os sintomas que tinha desde o primeiro dia da quimio até o dia da consulta; quando chegava pra consultar puxava minha agenda, o médico ria mas escutava e anotava tudo o que eu relatava.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Elenice Lameiro - Sempre li bastante e neste período li bons livros e pesquisei muito na internet em blogs e sites sérios.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Elenice Lameiro - Sugestão não tenho, mas gostaria de parabenizá-los pelo belo trabalho que fazem, sempre informando e atualizando os pacientes que enfrentam esta doença.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Elenice Lameiro - Gostaria de pedir que as questões referentes à saúde no Brasil fossem priorizadas. Não é só câncer, mas outras doenças também não esperam e muitas pessoas sofrem e morrem com a burocracia de prazos extensos para aprovar que remédios e exames sejam liberados.

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