[CÂNCER DE OVÁRIO] Josilaine Bubach

Josilaine Bubach, diagnosticada com câncer de ovário, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.

Leia abaixo a história de Josilaine Bubach.

Meu nome é Josilaine Bubach, tenho 36 anos, solteira, médica ginecologista/obstetra.

Em novembro de 2013 fiz uma ultrassonografia transvaginal, pois ia começar a usar uma vitaminas para "envelhecimento saudável". Não tinha sintomas e havia feito uma tomografia pélvica há exatamente 1 ano (2012) pois tenho cálculo renal e sempre acompanhava. Também tinha uma colonoscopia de 1 ano (2012) pois naquela época tive alteração do hábito intestinal e como tenho história familiar de câncer de intestino, meu proctologista solicitou que fizesse o exame, esses dois exames estavam normais. Haviam 7 meses que tinha feito minha rotina ginecológica com exame físico e colpocitológico normais. Há 7 meses também sem uso de contraceptivo oral, o qual usei desde os 19 anos, fazendo pausa, desde essa época então com ciclos menstruais normais.

Essa ultrassonografia evidenciou uma massa pélvica e após vários exames e consulta com ginecologistas, fui para mesa de cirurgia em dezembro 2013, com biópsia de congelação confirmando câncer. Fizeram laparotomia mas não foi possível ressecar o tumor: muito grande, carcinomatose peritoneal com implante inclusive em diafragma, íntimo contato com bexiga e intestino. Sendo assim, iniciei quimioterapia em 6 de janeiro 2014. Terminei a sexta sessão em 23/4/2014 e devo ser submetida a cirurgia para retirada do tumor no final de maio.

Sou uma paciente que "foge" às regras: jovem, usava contraceptivo, fazia exames periódicos (inclusive ginecológico), com tumor em estágio avançado (IIIC) e praticamente sem sintomas.

Dentre esses, os que se relacionam ao câncer de ovário são o desconforto abdominal, com sensação de empachamento e leve desconforto ao urinar (porém esses sintomas tenho há vários anos, digamos assim, desde a minha adolescência).

Deixo aqui um alerta: como ginecologista, sei que os protocolos não mostram que se deve fazer/solicitar ultrassom de rotina para a mulher, pois, segundo as estatísticas, isso não melhora a sobrevida. Porém, quando a gente passa por alguma situação semelhante, nós temos a oportunidade de "pensar duas vezes". Tenho visto que o câncer a cada dia acomete pessoas jovens. Será que isso tem haver apenas com a genética? Tenho amigos da minha faixa etária com câncer de intestino, estômago e cérebro e são pessoas que já eram do meu convívio social, antes do meu diagnóstico. Sendo assim, acho que deve ser feita uma campanha sim, para que até mesmo os ginecologistas possam solicitar ultrassonografia para pacientes jovens, pois, ao se diagnosticar uma lesão precocemente, temos grande chance de cura. E quando falamos de pacientes jovens, falamos de planos e um futuro pela frente, em relação a maternidade, vida conjugal, e isso vale mais do que apenas se falar em estatísticas. Essas vidas valem ouro! Já um simples exame de ultrassom, aqui na minha cidade, custa R$ 60,00 em média. Isso é muito para o sistema público que tanto joga fora e usufrui do dinheiro dos nossos impostos? Acho que não!