[CÂNCER DE PÂNCREAS] Janeska de Almeida

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Janeska de Almeida - Meu nome é Janeska de Almeida, tenho 38 anos, sou casada e tenho duas filhas, 1 com 16 anos e outra com 10 anos. Moro na cidade de Eldorado do Sul/RS

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Janeska de Almeida - Foi bem por acaso, fui ao hospital para fazer um exame de hepatite, pois estava muito amarela. Não foi acusada hepatite, mas eu estava com a taxa de bilirrubina muito alta e, após uma ecografia, na emergência mesmo foi constatada uma obstrução no canal biliar e fígado dilatado. O primeiro diagnóstico foi de uma pedra da vesícula ter se deslocado para o canal. Fiquei internada no mesmo dia para novos exames e monitoramento, devido à bilirrubina muito alta. Havia na época 5% de chances de tumor e 95% de cálculo. Só fiquei sabendo que era um tumor maligno após a cirurgia.

Instituto Oncoguia - Quantos anos você tinha?

Janeska de Almeida - 36 anos, foi em 25/12/2008 que internei no hospital Santo Clara, do complexo Santa Casa de Porto Alegre.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Janeska de Almeida - Na verdade os médicos haviam me explicado que fariam uma ressonância na hora da cirurgia. Se fosse um cálculo eu ficaria com um corte de aproximadamente 15 cm e 3 furinhos, se fosse um tumor, teriam que abrir um corte bem maior. Fiz uma cirurgia de Whipple clássica sem preservação do piloro. Quando acordei na UTI e vi o tamanho do corte já tinha idéia, mas ainda não sabia se o tumor era maligno. Depois de eu ir para o quarto, após 10 dias na UTI, recebi a visita da equipe de oncologia, faziam perguntas e queriam marcar uma consulta para quando eu saísse de alta. Perguntei para a médica se era um tumor e se era maligno, só então tive a confirmação.

Instituto Oncoguia - O que sentiu?

Janeska de Almeida - Fiquei um pouco chocada, mas não tive muito tempo para pensar. A sensação é muito estranha. Na verdade, no fundo eu acho que já sabia. Também não fiquei me lamentando. Chorei um pouco sozinha e levantei a cabeça, pois a equipe médica que fez a cirurgia já havia me explicado que em caso de ser um tumor, seria feita esta cirurgia e essa era a única forma de cura. Acho que me agarrei à cura. Me sentia curada.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Janeska de Almeida - Recebi alta 25 dias após a cirurgia, implorando muito, pois eles ainda queriam me deixar lá em observação, recém eu tinha começado a alimentação via oral e ainda tinha 2 drenos. Saí com a condição de não levantar da cama e não fazer nenhum esforço por 3 meses. Retornei após 1 semana ao hospital e às consultas com a oncologia e radiologia marcadas.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?
 
Janeska de Almeida - A equipe da radiologia me dispensou, pois eu havia extirpado o tumor e a radioterapia não se aplicava. A equipe da oncologia deixou eu escolher fazer ou não a quimioterapia. Escolhi não fazer. A médica me disse que não poderia me dar nenhuma garantia do tumor não voltar no pâncreas.

Instituto Oncoguia - Qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?

Janeska de Almeida - Como já expliquei acima escolhi não fazer a quimioterapia.

Instituto Oncoguia - Como você lidou com as mudanças na aparência?

Janeska de Almeida - Perdi aproximadamente 30 kg. Sobrou muito em minhas roupas antigas.

Instituto Oncoguia - O que mais te incomodou?

Janeska de Almeida - Me incomoda ainda a cirurgia em si. Tenho dores ainda e algumas sequelas. O que sobrou do pâncreas, não produz mais enzimas e estou tendo que tomar um medicamento chamado Creon 25000, para poder me alimentar e Imosec para controlar as diarréias.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Janeska de Almeida - Tenho náuseas, diarréias constantes (mesmo ingerindo o Imosec), dores musculares, fiquei com intolerância à lactose. Não consigo mais comer doces. Estou me readaptando, buscando ainda o melhor alimento para mim. Os médicos não fizerem nenhuma restrição. Eu vou ter que ir descobrindo o que faz menos mal.

Instituto Oncoguia - Você continuou trabalhando ou não?

Janeska de Almeida - Quando tudo isso aconteceu eu já estava desempregada. Acho que agora vai ser meio difícil arrumar um emprego.

Instituto Oncoguia - Como era a relação com o seu médico?

Janeska de Almeida - A equipe médica que me atendeu na emergência e continua me acompanhando até hoje e, segundo eles pelo resto da vida, é maravilhosa. Inclusive a Dra. Cristine me deu o celular dela para chamar a qualquer hora. Levando em consideração que estou fazendo meu tratamento pelo SUS, não preciso tecer mais nenhum comentário. A equipe do Dr. Fontes é maravilhosa, em especial a Dra. Cris, que sempre me deixa segura.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Janeska de Almeida - Estou fazendo acompanhamento também com uma equipe de proctologia, pois foram encontrados na colonoscopia após a cirurgia pólipos de alto grau no intestino.

Instituto Oncoguia - Como você está agora que tudo já passou?

Janeska de Almeida - Hoje estou um pouco preocupada, na verdade acho que após um diagnóstico de câncer, nunca mais uma dor passa sem ser percebida. É uma sombra que nos acompanha pelo resto da vida. Os médicos me deram 5 anos de sobrevida. Na última tomografia que fiz apareceram duas lesões tumescentes, uma onde estava a cabeça do pâncreas e outra de 5,7 cm no intestino, vou ter que refazer os exames agora neste mês para verificar o que são na realidade.

Instituto Oncoguia - Você sente que tudo voltou ao normal?

Janeska de Almeida - Nada mais é como antes, mas estou me adaptando bem.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Janeska de Almeida - Meu marido é o melhor companheiro que uma mulher pode ter. Ele vive para dar a melhor sobrevida que eu possa ter. Encontrou vários produtos a base de soja para eu poder comer mais ou menos o que eu comia antes, leite condensado, creme de leite, achocolatado, iogurte, leite, queijo. No meu aniversário em 20/03, fiz uma torta para cantar parabéns toda a base de soja, com recheio de frutas. E ficou bom!

Instituto Oncoguia - Que sugestões você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Janeska de Almeida - Não entrar em desespero e nem em depressão. A metade da cura está na cabeça da gente. Quanto mais energia negativa acumularmos em torno de nós, mais difícil fica para lutar contra o câncer. Temos que ser mais forte que ele. Se não der para vencê-lo, que pelo menos não seja o nosso foco principal. Faça tudo o que tiver vontade, veja muito seus amigos e conviva muito com todas as pessoas e coisas que você gosta. É o que eu tenho feito e parece estar funcionando.

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