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Câncer de pulmão não é apenas um tumor. Entenda o que está mudando

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O câncer é uma doença múltipla. Mesmo quando se trata do mesmo órgão atingido, ele se apresenta de forma específica e demanda tratamentos personalizados. No fim, nunca é apenas um tumor que replica comportamentos semelhantes em todos os pacientes e, por isso, tantos especialistas abordam essa complexidade explicando que um tipo de câncer já poderia ser denominado no plural: os cânceres. Isso ocorre principalmente em função das alterações genéticas, exploradas em estudos científicos e alvos de tratamentos inovadores. O que pode parecer uma sigla indecifrável é, na verdade, um caminho para tratamentos personalizados e ampliação das possibilidades de combater lesões de forma precisa.

No câncer de pulmão, não é diferente e letras e números que batizam os genes alterados estiveram no centro das principais inovações apresentadas no Congresso Europeu de Câncer de Pulmão (ELCC, na sigla em inglês), realizado em Paris no fim do mês passado. EGFR, HER2 e KRAS G12C foram os genes e receptores que podem ser afetados por mutações mais citados e que são alvo de preocupação da ciência pela ligação com a crescente tendência de aparecimento de tumores em jovens — e sem relação direta com o tabagismo, embora não fumar seja a melhor forma de evitar um diagnóstico de câncer de pulmão –.

“Nem todo câncer de pulmão nasce igual. Existem vários tipos e a gente sabe que existe uma porcentagem de câncer de pulmão que tem uma alteração genética molecular e que esses casos são muito mais presentes em pacientes jovens e que nunca fumaram, mulheres e, particularmente, na população asiática”, explica Oren Smaletz, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.

A compreensão e identificação dessas mutações genéticas tem papel fundamental na adoção de terapias que podem elevar o potencial do tratamento. “Antes, a gente dividia o câncer de pulmão em três tipos. Agora, sabendo a mutação, podemos dar o nome correto para o tumor”, diz o médico patologista Clóvis Klock, vice-coordenador da Comissão de Patologia da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

“As mutações determinam o tratamento, porque cada uma delas tem uma terapia-alvo e o pulmão tem vários alvos terapêuticos. É um grande exemplo de terapia personalizada”, completa.

Avanços no tratamento dos tumores
O destaque do congresso foi, sem sombra de dúvidas, a combinação de terapias que demonstrou potencial de aumentar a sobrevida em 12 meses e reduzir mortes em 25% em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células com mutação do gene EGFR. Com a combinação entre o amivantamabe (de nome comercial Rybrevant)– um tipo de anticorpo — e o lazertinibe, um inibidor da proteína tirosina-quinase (TKI), que impede a proliferação das células cancerígenas, ambos da Johnson & Johnson, 56% dos pacientes estavam vivos após três anos e meio em comparação aos 44% do grupo tratado com a terapia utilizada na atualidade, o osimertinibe, também um inibidor da TKI.

Isso foi considerado animador porque o câncer de pulmão de não pequenas células é o tipo mais comum e corresponde a 80 a 85% dos episódios da doença. Calcula-se que metade dos pacientes com metástase apresenta alguma mutação genética e a que ocorre no gene EGFR corresponde da 19% desses casos.

“Esses tratamentos têm a ver com medicina de precisão, quando podemos oferecer um tratamento mais personalizado e com mais chances de sucesso. Nem sempre conseguimos a cura, mas temos controle e respostas melhores”, diz Smaletz.

Outro estudo, brasileiro, teve como foco o mapear o melhor tratamento para uma população rara: diagnosticados com com fusão do gene ALK, um tipo de alteração genética que atinge 5% a 8% dos pacientes. A comparação entre medicações utilizadas no trabalho teve como objetivo determinar as opções que atingiram resultado de maior sobrevida, considerando que os episódios estão ligados ao grupo de jovens e não fumantes.

“É um achado de vida real em uma população rara de câncer de pulmão, que ajuda o oncologista na definição do tratamento dentre as opções disponíveis. E todas elas estão disponíveis no Brasil no sistema privado”, afirma o oncologista clínico Carlos Teixeira, coordenador do Núcleo de Tumores Torácicos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, responsável por supervisionar o estudo.

Desafios do tratamento contra o câncer
As terapias inovadoras enchem de esperança quem luta contra um tumor, mas ainda existem gargalos. O principal deles é o acesso. Novos tratamentos costumam chegar ao mercado com preços elevados e são incorporados inicialmente em sistemas privados de saúde. Assim, medicamentos que já são indicados para grupos populacionais menores, caso dos pacientes que têm determinadas mutações, entram em um funil mais apertado quando se pensa em equidade.

Elas também acabam demandando testes avançados que não estão disponíveis em todas as localidades. Basta pensar em um país continental como o Brasil, que tem centros de referência em alguns estados e vazios assistenciais em outros.

“Ainda temos um gap entre o que é feito no sistema público e no privado. Podemos fazer o teste e prover os tratamentos no sistema privado. O grande desafio da oncologia é como oferecer esses tratamentos no SUS (Sistema Único de Saúde)”, finaliza Smaletz.

Fonte: Veja

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