Câncer de pulmão: os desafios do diagnóstico precoce

O câncer de pulmão, quarto tipo mais comum em homens e mulheres, não apresenta sintomas específicos ou característicos e, por isso, é muitas vezes assintomático nos estágios iniciais, sendo frequentemente diagnosticado de forma mais avançada. No estágio inicial, os sinais de alerta podem estar na tosse frequente que não melhora com o tempo e rouquidão enquanto no estágio avançado sintomas compreendem hemoptise (catarro com sangue), dor no peito, falta de ar e perda de peso sem causa aparente. O diagnóstico definitivo é feito por biópsia, embora exames como raio-X e tomografia computadorizada sejam utilizados para identificar anomalias.

Detectar o câncer de pulmão precocemente é crucial para aumentar as chances de cura e sobrevivência. "Durante a pandemia, observamos um aumento no diagnóstico precoce devido ao maior número de tomografias realizadas", conta o oncologista. A detecção precoce permite tratamentos menos invasivos e mais eficazes, que variam de acordo com o tipo e estágio da doença”, explica o oncologista clínico da Oncomed-MT, Gabriel Zanardo, (CRM 5968-MT | RQE 3845).

Prevenção – A prevenção é a chave para reduzir a incidência de câncer de pulmão. "Não fumar e, para quem fuma, parar de fumar, são as principais medidas", enfatiza o médico. Para aqueles que estão expostos ao tabaco há mais tempo, recomenda-se realizar tomografias de baixa dose para a detecção precoce.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam que mais de 30 mil pessoas serão diagnosticadas com a doença no Brasil anualmente entre 2023 e 2025. O principal fator de risco para o desenvolvimento da doença é o tabagismo, responsável por cerca de 80% das mortes causadas pela doença. "O cigarro é a principal causa de morte evitável no mundo", afirma Zanardo. Outros fatores de risco incluem a exposição à poluição, minérios e fatores genéticos. 

Cigarro eletrônico - Os cigarros eletrônicos, frequentemente apresentados como uma alternativa mais segura ao tabagismo tradicional, também apresentam riscos significativos à saúde. Estudos mostram que esses dispositivos contêm substâncias químicas nocivas que podem causar danos aos pulmões e ao sistema cardiovascular. Além disso, o uso prolongado de cigarros eletrônicos pode levar à dependência de nicotina, dificultando ainda mais a cessação do uso de produtos derivados do tabaco. Portanto, é essencial estar ciente desses riscos e buscar apoio para abandonar todos os tipos de tabaco e nicotina.

A doença pode ser classificada principalmente em dois grandes grupos: câncer de pulmão de pequenas células e câncer de pulmão de não pequenas células. Esta última categoria se subdivide em adenocarcinoma e carcinoma epidermóide. "Hoje sabemos que dentro desses subtipos existem várias mutações que diferenciam muito o câncer de pulmão, o que direciona o tratamento", explica o médico.

O tratamento da doença pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapias direcionadas para mutações específicas. Segundo o médico, nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento do câncer de pulmão, especialmente com a introdução da imunoterapia. "A imunoterapia começou a ser mais divulgada em 2015. A modalidade consiste em combater o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico, promovendo um tratamento com menos toxidade e mais qualidade de vida ao paciente", explica. Apesar do aumento de sobrevida com a evolução do tratamento a imunoterapia não é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar dos desafios da abstinência, melhorias significativas podem ser observadas rapidamente. A boa notícia é que, após cinco anos, o risco de câncer de pulmão diminui em 50%. O importante é parar de fumar o quanto antes e lembrar que, para uma reabilitação bem-sucedida, os primeiros passos são essenciais na busca pela qualidade de vida.

 

Fonte: G1 Globo

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