[CÂNCER DE TIREOIDE] Vanessa Santos Lima

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Vanessa Lima - Oi, meu nome é Vanessa Santos Lima, tenho 24 anos, sou solteira. Atualmente faço graduação em Engenharia Agrônoma, mas trabalhei muito tempo como assistente administrativo em um colégio particular.

Sou uma pessoa extrovertida, alegre, de bem com a vida. Amo ler, leio em media 2 livros por semana, viajar, conhecer lugares diferentes. Sou uma aventureira nata, adoro aventuras. Gosto muito de sair com meus amigos, e amo de paixão a minha família.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Vanessa Lima - No ano de 2005, trabalhava no colégio. No dia que notei a 1ª vez um nódulo no meu pescoço, eu estava em casa, havia chegado do trabalho e estava aplicando um creme no meu rosto em frente ao espelho. Notei então, que tinha um nódulo muito pequeno. No momento não imaginei que seria nada diferente. Imaginava eu que seria algum distúrbio na minha tireóide. No outro dia, ao chegar ao trabalho, havia lá uma mãe de aluno que era médica e minha amiga. Pedi a ela então que me examinasse. Ela examinou e constatou a presença do nódulo. Disse que eu não me preocupasse que provavelmente não seria nada sério. Passou-me então um exame de ultra-som, só que na época eu não tinha um plano de saúde e o pedido que ela me fez, deveria ser transcrevido pelo SUS, levei ao posto de saúde do meu bairro e demorou algum tempo para eu poder fazê-lo. Ela pediu-me então uns exames de sangue, que também demoraram um pouco para eu fazer. O resultado dos exames de sangue constatou que a minha tireóide estava normal, só que no ultra-som já havia mostrado a presença do nódulo. Comecei a pagar um plano de saúde. Ela quis que eu fizesse então a biópsia guiada pelo ultra-som para saber o que significava aquele nódulo. Demorou uns 3 meses para que eu fizesse esse exame. O meu plano de saúde ainda estava na carência e fiquei esperando pelo SUS, só que o exame pelo SUS só saiu quando eu já estava indo fazer a radioterapia em BH. Comecei a consultar com uma médica que atendia pelo plano de saúde, ela olhou todos os meus exames e com isso ficamos esperando o dia de fazer a biópsia.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Vanessa Lima - Fiquei desesperada. Fiz a biópsia e no dia de buscar o exame, aproveitei o meu horário de almoço do trabalho para ir. Nunca imaginaria eu que poderia dar algo errado. Recebi o exame e chegando ao meu trabalho, por curiosidade, abri. Lá estava escrito sugestivo a Carcinoma Papilar. Imediatamente olhei no dicionário para saber o que aquilo significava e quase morri do coração. No dicionário o significado da palavra carcinoma é tumor maligno ou câncer. No mesmo instante comecei a chorar. Foi como se o mundo tivesse caído nas minhas costas. Imagino eu que naquele momento, envelheci uns dez anos. Liguei desesperada para a médica com quem eu estava fazendo acompanhamento e pedi uma consulta urgente. Minha consulta foi marcada para aquele mesmo dia no fim da tarde. Já não consegui mais trabalhar direito e por sorte, a médica que havia me examinado a 1ª vez chegou ao colégio que eu trabalhava e conversei com ela. O jeito que ela me encarou ao olhar o exame foi meio desanimador. Pediu que eu fosse ao consultório dela no outro dia de manhã e levasse a minha mãe junto comigo. Acho que a minha maior preocupação no momento era que o meu cabelo caísse, como eu tenho um cabelo longo, tive muito medo de perdê-lo.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?

Vanessa Lima - Consultei então com a médica que me acompanhava. Foi comigo, minha prima que trabalhava no mesmo local que eu. Não sei se por receio por ter pouco tempo que consultava com ela, fiquei ainda com muitas dúvidas quando sai do consultório. Não parava de chorar um momento, e minha prima, por ser muito apegada a mim, chorava também. Isso me desesperava ainda mais. Todos os meus familiares e amigos que ficavam sabendo da doença ficavam mal. No outro dia de manhã, fui consultar com a minha 1ª médica, escrevi todas as minhas dúvidas e tirei-as todas com ela. Ela me esclareceu tudo que me angustiava. Sobre a cirurgia, a radioiodo. Pediu que eu marcasse a cirurgia o mais rápido possível e de preferência com um médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço. Saí de lá mais calma e com a certeza que Deus me ajudaria. Fui então procurar o médico que podia me operar. Atendia pelo meu plano de saúde apenas um médico especialista nessa cirurgia. Infelizmente ou felizmente esse médico não me rendeu nem um pouco de confiança. Na saída do seu consultório estava eu com mais dúvidas do que quando havia entrado. Procurei então um cirurgião geral, que foi o que me operou. Fui operada no dia 12/09/2006, fiz uma tireoidectomia total. Entrei no bloco cirúrgico as 07h00min da manhã e sai de lá às 14h45min. Não só de cirurgia, mas de repouso pós cirúrgico e volta de anestesia geral. Graças a Deus correu tudo bem. No 1º dia após a cirurgia pude comer normalmente. Fiquei internada durante 3 dias, e minha mãe esteve comigo todos os dias, me dando forças e me ajudando também. Imagino que se não tivesse a presença dela ali para me ajudar não aguentaria. Foi 1 mês sem poder virar o pescoço. A comida sólida eu comia normalmente, apenas os líquidos que tive alguma dificuldade para engolir. Dois meses após a cirurgia fui para Belo Horizonte. A minha radioterapia só é feita lá, pois apenas lá eles têm um hospital equipado com quartos de isolamento. Esse meu tratamento deve ser feito isoladamente, por causa do iodo que é um medicamento radioativo. Internei no dia 29/11/2006, fiquei nessa tortura 4 dias. Não entrava ninguém no meu quarto, apenas uma enfermeira que media todos os dias a quantidade de radiação que eu emitia. Antes de se internar, tem todo um processo de preparação. Devemos fazer um exame de gravidez para comprovar que não estamos grávidas, pois isso mataria o bebê totalmente, e assinamos um termo de compromisso comprometendo-nos em não engravidar nos próximos 6 meses. Existe ainda uma dieta feita um mês antes, na qual não podemos comer nada que contém sal iodado.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Vanessa Lima - O tratamento mais difícil com certeza é a radioiodoterapia. O remédio ministrado em si não tem problema algum, só que a maneira que ele tem que ser ministrado é que complica. Você deve ficar isolado do mundo, não recebe visitas de ninguém, a não ser a enfermeira que entra para medir a radiação que você emite. Existe a possibilidade de você dividir o quarto com alguém que esteja passando pelo mesmo tratamento que você, só que não tive essa sorte de conseguir encontrar alguém. A moça que estava marcada para ficar comigo, não conseguiu cumprir a dieta que é feita antes de entrarmos no hospital. Além de que ainda tem os efeitos colaterais.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Vanessa Lima - Acho que o enjôo é o pior efeito colateral, pelo menos no meu caso foi. Após a minha cirurgia, pelo fato de ter retirado a tireóide totalmente e não estar tomando o remédio que suprisse a minha falta de hormônios, fiquei em hipotireoidismo total, tive muita dor nas pernas, inchei bastante e andava sempre cansada e com sono. Nos dias que fiquei no hospital fazendo a radioiodo, tive muito enjôo, não consegui comer comida em nenhum dia internada. Como era isolado o quarto em que eu estava à pessoa que entregava comida entrava rápido no quarto, deixava a comida e saía. Não existia ninguém que limpasse o quarto, por isso a comida que eu não comesse devia ser jogada no triturador, existente no banheiro. Isso fazia com que eu enjoasse mais. No 2º dia pedi que não me trouxessem comida mais. Existia no quarto duas câmeras, que monitoravam para o acaso se eu passasse mal eles entravam para me ajudar. Nesse tempo internada, comi apenas frutas e tomei suco. Meu pescoço inchou bastante nos primeiros dias após tomar o medicamento, só que logo depois melhorou.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Vanessa Lima - Hoje minha relação com a minha médica é muito boa. Apenas no início que eu achava ela um pouco distante, mas eu também era uma paciente nova no consultório. Hoje sou tratada muito bem por ela. Em tudo o que eu preciso ela me ajuda.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou? Você fez acompanhamento psicológico? E com nutricionista?

Vanessa Lima - Fiz apenas acompanhamento com fonoaudiólogo. Só que demorei bastante para começar, e com isso o meu problema de voz rouca com a qual fiquei após a cirurgia, não pôde ser resolvido. Minhas cordas vocais paralisaram, e ganhei uma voz um pouco grave, só que bastante bonita, diria até que é sexy.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Vanessa Lima - Meu tratamento já finalizou. Hoje em dia faço apenas exames de rotina, de 6 em 6 meses.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Vanessa Lima - Minha vida hoje está normal, do mesmo jeito que era antes da doença. A não ser por uma cicatriz aparentemente imperceptível aos outros, tudo corre normalmente. Tenho uma cicatrização muito boa, então apesar do corte no meu pescoço ter sido grande, só que feito na dobra do pescoço, ela é quase invisível. Faço exames de rotina de 6 em 6 meses, ou quando sinto algo anormal no meu corpo. Tomo remédios diariamente, então sempre faço o controle para saber se a dosagem tomada por mim está correta. Parei de trabalhar no local em que eu trabalhava, no entanto iniciei a faculdade e faço estágio lá. Minha vida corre normalmente, às vezes até esqueço que já tive câncer.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer de tiróide como você?

Vanessa Lima - Não tenha medo. Apesar de o nome ser um pouco assustador, tudo corre normalmente. Encare a doença com otimismo, procure ajuda de um profissional da saúde e acima de tudo, confie em Deus que ele tudo pode fazer por você.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa?

Vanessa Lima - O tratamento de radioterapia que faço, toma-se remédio, só que apenas no dia em que você se interna. O remédio faz efeito no seu organismo, e a partir do momento que você ingere aquele medicamento, você emite radiações que poderiam causar problemas para a humanidade, essa é a causa do isolamento, e é por isso que todos os dias medem-se a quantidade de radiação que você emite. Existe a quantidade certa na qual você pode ser liberado do quarto. Isso varia de pessoa para pessoa. A radiação é liberada por você na forma de suor, urina e fezes. Quanto mais tempo demorar para a radiação liberada por você diminuir, mais tempo você fica no hospital. A salivação também é prejudicada. No hospital é oferecido balas para que isso melhore.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer? Você buscou se informar? De que maneira?

Vanessa Lima - Quando se tem informação sobre determinada doença, o medo que você sente daquela determinada doença diminui. Quando descobri que estava doente, busquei todo tipo de informação possível. Na internet, em livros, com pessoas que já tiveram a doença. Todo tipo de informação é valida. Isso faz com que você encare melhor a doença, e veja que se outras pessoas conseguiram vencer, a gente também conseguirá.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Você tem alguma sugestão a nos dar?

Vanessa Lima - Logo após ter terminado o tratamento senti vontade de partilhar com alguém tudo o que eu passei e quem sabe ajudar outras pessoas para que descubram a doença em estágio inicial, onde a probabilidade de cura é maior. Estava na internet e procurei algo que falasse sobre o câncer, onde pudesse partilhar informações, com isso encontrei vocês. Eu acho maravilhoso o trabalho de vocês. Agora então com a criação do "Meu oncoguia”, melhorou consideravelmente. A única sugestão que tenho a dar para vocês é que continuem com esse trabalho maravilhoso. Trabalho humano dignifica o homem. Parabéns.

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