Câncer: uma doença crônica?
O câncer nem sempre é um evento único. As características da doença fazem com que, às vezes, o câncer nunca desapareça por completo.
Em alguns casos o tratamento pode controlar a doença, impedindo o tumor de crescer ou de se espalhar, mas não curá-lo. Nesses casos, mesmo que o câncer aparentemente tenha sumido e o paciente tenha pausas entre os tratamentos, eventualmente o câncer volta a aparecer. Quando isso acontece, o câncer se torna uma doença crônica, assim como o diabetes, pressão alta e algumas doenças cardíacas.
Além de “crônico”, o médico também pode usar o termo “controlado” ou “estável”, principalmente se os exames não indicarem que o tumor está mudando, crescendo ou se espalhando.
Certos tipos de câncer, como o câncer de ovário, leucemias crônicas e alguns linfomas, são alguns exemplos de cânceres que se tornam crônicos com bastante frequência. Cânceres que se espalharam ou recidivaram (voltaram) em outras partes do corpo, como o câncer de mama metastático ou o câncer de próstata, também são caracterizados como crônicos.
Viver com câncer é diferente de viver após o câncer. E isso está se tornando mais comum a cada dia.
Nesta página:
O ciclo de recorrência e remissão
Ainda que a maioria dos cânceres crônicos não possa ser curada, muitos podem ser controlados por meses ou até anos. Alguns ainda podem fazer com que o paciente passe por mais de uma remissão e recorrência. Ou seja, o câncer responde inicialmente bem ao tratamento, mas teima em reaparecer.
Essa remissão pode acontecer de algumas formas.
- Remissão completa: quando um tratamento elimina completamente todos os tumores que podem ser medidos ou vistos em um exame.
- Remissão parcial: o câncer respondeu parcialmente ao tratamento, mas ainda não desapareceu. Uma resposta parcial é comumente caracterizada por uma redução de, pelo menos, 50% no tumor mensurável. Em situações de um câncer crônico, essa é a forma mais frequente de remissão dos pacientes.
É importante ressaltar que, para que o caso seja qualificado como uma remissão é preciso que a ausência ou redução do tamanho dure pelo menos um mês. Infelizmente, não há como dizer quanto tempo o câncer ficará controlado, então uma remissão não significa necessariamente que o câncer foi definitivamente curado.
Alguns cânceres (de ovário, por exemplo) têm uma tendência natural de recidiva e remissão. Frequentemente, esse ciclo repetido de crescimento, encolhimento e estabilização pode significar uma sobrevida por muitos anos, durante os quais o câncer pode ser gerenciado como uma doença crônica. Além de viver por mais tempo, o tratamento nesses casos tem como objetivo controlar o câncer, ajudar a aliviar os sintomas e, principalmente, dar e manter a qualidade de vida aos pacientes.
Câncer avançado ou metastático? Saiba a diferença
Tanto cânceres avançados como metastáticos podem se classificar como doenças crônicas.
O termo “câncer avançado” é geralmente usado para descrever cânceres que não podem ser curados. Isso significa que não desaparecerão completamente com o tratamento. No entanto, existem tratamentos capazes de controlar a doença avançada por longos períodos de tempo e, nesses casos, a neoplasia avançada se torna crônica. Para alguns pacientes, o câncer pode ser descoberto já em estágio avançado. Para outros, ele se torna avançado anos após o diagnóstico inicial.
Mesmo que o câncer avançado não possa ser curado, o tratamento pode:
- Reduzir o câncer
- Desacelerar seu crescimento
- Ajudar a aliviar os sintomas
- Aumentar o tempo de vida
Os cânceres avançados são comumente classificados de duas formas: localmente avançados ou metastáticos.
Localmente avançado significa que o câncer cresceu além da parte do corpo de origem, mas ainda não se espalhou para outros órgãos. Por exemplo, alguns cânceres que começam no cérebro podem ser considerados avançados por causa de seu grande tamanho ou proximidade a órgãos importantes ou vasos sanguíneos. Isso pode torná-los potencialmente fatais, mesmo que não tenham se espalhado para outras partes do corpo.
Já cânceres metastáticos se espalharam para outras partes do corpo além da onde surgiram. Os cânceres metastáticos geralmente são considerados avançados quando não podem ser curados ou controlados com tratamento. Sendo assim, nem todos os cânceres metastáticos são avançados. Alguns, como o câncer testicular, podem se espalhar para outras partes do corpo e ainda contar com chances de cura.
Escolhendo o melhor tratamento para o meu caso
Quando se tem um câncer crônico as opções de tratamento irão depender de alguns fatores:
- Tipo de câncer.
- Local no corpo onde ele começou.
- Se ele se espalhou para a região ao redor e quanto.
- Se ele se espalhou para outros órgãos e para onde.
Em geral, um câncer que se disseminou precisará de tratamento sistêmico, ou seja, que alcance todas as partes do corpo (quimioterapia, terapia alvo, imunoterapia ou terapia hormonal). Esses tratamentos são administrados por via oral ou intravenosa.
Já tratamentos como cirurgia ou radioterapia tratam apenas uma determinada parte do corpo, mas podem ajudar a prevenir ou aliviar certos sintomas. Aliviar efeitos colaterais como dor, constipação, desconforto estomacal, náuseas e vômitos pode ajudar você a se sentir melhor. Quase sempre é possível fazer algo para ajudar a manter ou melhorar sua qualidade de vida.
Na hora de decidir como seguir com o tratamento de uma doença crônica como o câncer, além das recomendações médicas, suas prioridades, necessidades e desejos também devem ser levados em consideração.
O objetivo de qualquer cuidado com o câncer é proporcionar a você a melhor qualidade de vida possível, pelo maior tempo possível. Converse com sua equipe médica sobre o que é importante para você. Diga a eles o que você quer continuar fazendo e quais são seus planos para o futuro.
Você tem o direito de ser o tomador de decisões no planejamento do seu tratamento. E até se irá continuar com esse planejamento ou não.
Alguns pacientes escolhem continuar o tratamento oncológico se houver chance de remissão e se os efeitos colaterais forem bem controlados. Outros, podem decidir que os sintomas e outras dificuldades do tratamento do câncer (como custo, viagens e tempo longe de casa) não valem os possíveis benefícios. Por isso, alguns podem escolher não seguir com o tratamento.
Seja qual for, essa escolha não é simples e pode ser difícil para você ou para alguns dos seus entes queridos aceitarem. Tente incluí-los no seu processo de decisão para que entendam os seus motivos e para que você também possa saber o que os preocupa. De qualquer forma, você tem o direito de escolher o que é melhor para você.
Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia com informações da American Cancer Society