Cicatrizes x Quelóides
A cicatrização é um processo fundamental para manter a integridade do corpo humano. Toda a vez que ocorre um corte na pele, uma escoriação, ou uma área foi queimada, uma série de processos orgânicos ocorre no local para tentar recuperar o tecido que foi lesado.
Quanto maior for o tamanho e a duração da ferida, maior será a cicatriz. Muitas cicatrizes inicialmente inestéticas tornam-se aceitáveis com o passar do tempo. O aspecto da cicatriz dependerá da sua localização, cor, textura, comprimento, largura e profundidade. Alguns locais do corpo caracteristicamente apresentam forte tendência em formar cicatrizes mais evidentes e inestéticas.
Nas áreas de constante movimento uma cicatriz inicialmente bem conduzida pode se tornar larga, como ocorre no ombro, braços, pernas e costas.
Algumas cicatrizes formadas por esses traumas quase não deixam vestígios. Outras, mais exuberantes e de coloração avermelhada, são as cicatrizes hipertróficas. Há casos específicos, como o das cicatrizes provocadas por queimaduras que, às vezes, são muito extensas e causam problemas sérios para a vida do paciente.
Vários fatores influenciam no tipo de cicatriz que será formada: fatores relacionados ao próprio paciente, a localização da cicatriz, o tipo de trauma que produziu a ruptura da pele e a evolução do processo de cicatrização, que passará sempre pelas mesmas fases qualquer que tenha sido a causa determinante da lesão. Outros fatores determinantes são: cor da pele, a idade e a fase hormonal. Contudo, é algo imprevisível na maioria dos casos.
Mas não se deve esquecer que assim que o cirurgião retirar os pontos, a cicatriz passa a requerer cuidados. É sempre importante fazer uma anamnese para avaliar a qualidade de cicatrização, se for detectada tendência para formar más cicatrizes, é fundamental o início precoce do tratamento.
Durante o processo de cicatrização são fundamentais alguns cuidados, como hidratar a pele com creme por causa do prurido provocado pela cicatrização dos tecidos. Além disso, a massagem feita durante a hidratação favorece a ruptura das traves cicatriciais que poderiam favorecer o surgimento de aderências num plano irregular na superfície da cicatriz.
Se a coceira for muito intensa, prescrevem-se anti-histamínicos noturnos por via oral. Se os sintomas forem intensos, acrescenta-se um corticoide. A superfície recém-cicatrizada não tolera arranhaduras que podem inclusive romper os pontos da sutura.
Importante também é o alerta para que a paciente não tome sol no local enquanto a cor da cicatriz não tiver adquirido a tonalidade normal da pele, utilizando filtro solar para proteger a cicatriz como faria com a pele de qualquer outra parte do corpo.
Tratamento de Cicatrizes
Atualmente existem vários tratamentos clínicos e cirúrgicos que apresentam bons resultados estéticos e no controle dos sintomas.
Estes tratamentos podem ser clínicos não invasivos, baseados na aplicação de malhas não compressivas, gel de silicone e massagens, às vezes associadas a cremes com corticóides ou hidratantes, e há os mais invasivos com injeções de triancinolona e corticóides tópicos.
Como se vê, dependendo da cicatriz e da fase evolutiva em que se encontra, o tratamento clínico pode variar muito.
Quando uma cicatriz é hipertrófica, rosada, que coça e dá fisgadas, o tratamento tem a finalidade de controlar os sintomas. Existem diferenças histológicas entre uma cicatriz que já está madura e aquela em fase inicial de evolução, que serão importantes na escolha do tratamento.
Queloide
Os riscos de surgimento de queloide não podem ser afastados em nenhuma cicatriz, pois dependem mais de características individuais e do processo de cicatrização do que da técnica utilizada. Um queloide não aparece imediatamente após a cirurgia, pois sua formação depende da deposição anômala e exagerada de fibras colágenas na cicatriz. Por isso a necessidade de tratamento preventivo precoce para evitá-lo.
Sabe-se que pessoas de pele negra, morena, orientais ou miscigenados têm maior propensão à formação de queloides. Porém isto não é uma regra imutável. Há também pessoas de pele branca que desenvolvem queloides igualmente, todos devem ter em mente os cuidados com a sua prevenção.
O tratamento do queloide conta com o uso de vários procedimentos clínicos (compressão, massagem, aplicação de corticosteroide local), radioterapia superficial, betaterapia e cirurgia. Somente um especialista poderá decidir quais medidas serão instituídas e em que sequência será feito o tratamento. O risco de recidiva está sempre presente apesar de qualquer terapia, pois existem características individuais e regiões mais propensas no corpo, especialmente em nosso povo tão miscigenado.
A cirurgia plástica tem um grande arsenal técnico para melhoria de cicatrizes. O especialista poderá utilizar procedimentos cirúrgicos isolados ou combinados entre si. Os mais comuns são revisão cirúrgica da cicatriz, dermabrasão, preenchimento, micro enxertos, criocirurgia e infiltração de corticosteroide.
Muitas vezes associam-se tratamentos clínicos para melhoria do resultado, tais como peeling superficial, creme despigmentante, protetor solar, compressão, massagem e fisioterapia.