Cirurgia para câncer de cavidade nasal e seios paranasais
A cirurgia é o tratamento essencial para os tumores da cavidade nasal e seios paranasais. Muitas vezes, a cirurgia é feita em combinação com outros tratamentos, como radioterapia e/ou quimioterapia para um melhor resultado.
A área em torno da cavidade nasal e dos seios paranasais tem muitos nervos importantes, vasos sanguíneos e outras estruturas. O cérebro, olhos, boca e carótidas (artérias que fornecem sangue ao cérebro) também estão próximos, tornando o planejamento cirúrgico complexo. O objetivo da cirurgia nessas áreas é retirar todo o tumor e uma pequena quantidade de tecido normal adjacente, mantendo a aparência e suas funções, como a fala, respiração, mastigação e deglutição, tão normais quanto seja possível.
Dependendo da extensão da cirurgia, a aparência pode ser alterada, o que pode variar desde uma pequena cicatriz até alterações mais extensas, principalmente se nervos, partes ósseas ou outras estruturas foram acometidos e removidos. É importante conversar com o médico antes da cirurgia sobre as possíveis alterações na aparência e as opções disponíveis para reconstrução.
Câncer de cavidade nasal
Muitas vezes, os tumores da cavidade nasal são retirados por excisão local ampla, o que implica na remoção do tumor e de uma área de tecido normal adjacente, com o objetivo de não deixar células cancerígenas remanescentes.
Se o tumor está localizado na parede divisória da cavidade nasal (septo nasal), às vezes, parte ou todo o septo será removido.
Se o tumor está localizado na parede lateral da cavidade nasal, muitas vezes, essa parede terá que ser removida por um procedimento denominado maxilectomia medial. Se o tumor já atingiu a pele ou camadas mais profundas invadindo o tecido externo do nariz, parte (ou totalidade) do nariz poderá ser removida. Existem muitas maneiras de reconstruir o nariz a partir dos tecidos faciais adjacentes.
Câncer de seios paranasais
O tipo de cirurgia realizada para tumores dos seios paranasais depende do tipo do tumor, localização, tamanho e acometimento de outras estruturas.
Se o tumor é pequeno ou benigno é realizada uma etmoidectomia externa. O cirurgião fará uma incisão no lado superior do nariz ao lado da pálpebra superior, removendo o osso no lado interno da órbita e do nariz para alcançar os tumores no interior dos seios etmoidais.
Se o tumor também envolve o seio maxilar é realizada uma maxilectomia (remoção de todo ou parte do osso maxilar). O tipo de maxilectomia depende da localização do tumor e se ele envolve os tecidos adjacentes. O cirurgião pode fazer uma incisão do lado do nariz e da sobrancelha à pálpebra superior, ou a incisão pode ser feita sob o lábio superior. Nesse procedimento podem ser retirados o osso do palato duro, os dentes superiores de um lado da boca, parte ou a totalidade da órbita, parte do osso da face e parte óssea superior do nariz.
Se o tumor envolve os seios etmoidais, seios frontais e/ou seios esfenoidais é realizada uma ressecção craniofacial (extração total ou parcial) Esse procedimento é similar à maxilectomia, exceto que podem também ser retiradas a parte superior da cavidade ocular e a parte anterior da base do crânio. É uma cirurgia ampla que envolve uma equipe cirúrgica composta por otorrinolaringologista e neurocirurgião.
Cirurgia endoscópica
Nesse tipo de cirurgia, o cirurgião utiliza um endoscópio, um tubo flexível iluminado que é inserido no nariz para alcançar a cavidade nasal ou sinusal, para visualizar e remover o tumor. Em geral, a recuperação cirúrgica é mais rápida com a ressecção endoscópica.
A cirurgia endoscópica é frequentemente utilizada em tumores menores. Para tumores maiores, pode ser realizada para conter a doença em pacientes que não apresentam um bom estado de saúde geral para realizar uma cirurgia de grande porte.
Dissecação dos linfonodos
Os tumores da cavidade nasal e dos seios paranasais, às vezes, se espalham para os linfonodos do pescoço. Dependendo do estadiamento e da localização do tumor é realizado o esvaziamento cervical.
Existem vários tipos de procedimentos para a realização do esvaziamento cervical com o objetivo de remover os linfonodos comprovadamente ou com a suspeita de conter a doença. A quantidade de tecido removido dependerá do tamanho do tumor e do grau de disseminação para os gânglios linfáticos:
- Esvaziamento cervical radical. Remove quase todos os linfonodos de um lado do pescoço, bem como os músculos, nervos e veias.
- Esvaziamento radical modificado. Remove a maioria dos linfonodos de um lado do pescoço entre a mandíbula e a clavícula, bem como algum tecido muscular e nervoso.
- Esvaziamento cervical seletivo. Remove apenas alguns linfonodos de áreas específicas do pescoço.
Possíveis riscos e efeitos colaterais da cirurgia
Toda cirurgia apresenta algum tipo de risco, que podem incluir coágulos sanguíneos, infecções, complicações da anestesia, má cicatrização e pneumonia. Entretanto, esses riscos são geralmente baixos. As cirurgias para tumores maiores ou de difícil acesso podem ser mais complexas e, nesses casos, os efeitos colaterais podem incluir infecção, sangramento nasal, cicatrizes, problemas para comer e falar e alterações na visão. A cirurgia também pode alterar a aparência, se forem retirados ossos do nariz ou do rosto.
Possíveis riscos e efeitos colaterais do esvaziamento cervical
Os efeitos colaterais mais frequentes do esvaziamento cervical são dormência auricular (orelha) do lado afetado, falta de força para elevar o braço acima da cabeça e flacidez do lábio inferior. Esses efeitos ocorrem quando os nervos dessas áreas estão danificados. O acometimento do braço e do lábio inferior geralmente desaparece após alguns meses da cirurgia. Mas, se um dos nervos é removido como parte do esvaziamento radical ou por causa da disseminação do tumor, a alteração será permanente. Após a realização de qualquer um dos tipos de esvaziamento cervical, os fisioterapeutas poderão ensinar exercícios aos pacientes para melhorar o movimento e força do pescoço e ombro.
Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Cirurgia Oncológica.
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 19/04/2021, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.
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