Cirurgia para Câncer de Vesícula Biliar
Existem dois tipos de procedimentos cirúrgicos para o câncer de vesícula biliar:
- Cirurgia potencialmente curativa. É realizada quando os exames de imagem ou os resultados de cirurgias anteriores mostram que existe uma boa chance do cirurgião retirar todo o tumor. Os tumores podem ser descritos como ressecáveis, quando podem ser completamente ressecados por cirurgia, e irressecáveis, aqueles que se disseminaram para outros órgãos ou são muito difíceis de serem completamente retirados por cirurgia. Infelizmente, apenas uma pequena parte dos cânceres de vesícula biliar é ressecável quando é diagnosticado.
- Cirurgia paliativa. É realizada para aliviar sintomas como dor ou prevenir complicações, como obstrução das vias biliares, em casos em que o tumor está muito disseminado para ser removido completamente.
Laparoscopia de estadiamento
Muitas vezes, quando se suspeita de câncer de vesícula biliar, o cirurgião fará uma laparoscopia antes de qualquer outra cirurgia, com o objetivo de determinar até que ponto o tumor se disseminou e se pode ser ressecado. A laparoscopia pode permitir que o cirurgião visualize áreas de câncer que não foram vistas nos exames de imagem. Neste procedimento, o médico visualiza o interior do abdome com o auxílio do laparoscópio para verificar se existe disseminação da doença. Se o câncer é ressecável, a laparoscopia pode ajudar a planejar a cirurgia para remoção do tumor.
A cirurgia do câncer de vesícula biliar pode ter importantes efeitos colaterais e, dependendo de sua extensão podem ser necessárias várias semanas para a recuperação. Pacientes cujo câncer não pode ser curado devem ponderar os prós e contras da cirurgia ou de outros tratamentos que exigem um longo tempo de recuperação. É sempre importante compreender o objetivo de qualquer cirurgia para o câncer de vesícula biliar, seus riscos e benefícios, bem como se a cirurgia é susceptível de afetar sua qualidade de vida.
Cirurgia para câncer ressecável
Colecistectomia simples
A colecistectomia consiste na retirada da vesícula biliar. Se apenas a vesícula biliar é removida, a cirurgia é denominada colecistectomia simples. Esse procedimento é geralmente utilizado para retirar a vesícula biliar devido a cálculos biliares, mas não é realizado para tratar câncer de vesícula biliar.
Os cânceres de vesícula biliar muitas vezes são diagnosticados acidentalmente, após uma colecistectomia ou outro procedimento clínico. Se o tumor for diagnosticado em estágio inicial (T1a) e foi completamente removido, nenhuma outra cirurgia é necessária. Se existe uma chance de disseminação para além da vesícula biliar, é indicada a realização de uma cirurgia mais extensa.
A colecistectomia simples pode ser realizada de duas maneiras:
- Colecistectomia laparoscópica. É a forma mais comum de remover a vesícula biliar para doenças benignas, como problemas de cálculos biliares. Nessa técnica é utilizado um laparoscópio, tubo fino e flexível com uma pequena câmara de vídeo na extremidade, que é inserido através de uma pequena incisão no abdome. Instrumentos cirúrgicos auxiliares são inseridos através de várias outras pequenas incisões para retirar a vesícula biliar.
- Colecistectomia aberta. Neste procedimento, o cirurgião retira a vesícula biliar por meio de uma incisão na parede abdominal. Esse método é às vezes utilizado, para cálculos biliares, podendo em alguns casos levar ao diagnóstico de um câncer de vesícula biliar. Mas se a suspeita de um câncer de vesícula biliar for anterior à cirurgia, os médicos preferem fazer uma colecistectomia radical.
Colecistectomia radical
Muitas vezes para evitar uma recidiva da doença é preciso realizar uma cirurgia mais extensa, denominada colecistectomia radical, que é feita na maioria dos casos de câncer de vesícula biliar.
A extensão dessa cirurgia depende da localização do tumor e sua disseminação. No mínimo, numa colecistectomia radical são retirados a vesícula biliar, parte do fígado e todos os linfonodos próximos. Se o cirurgião perceber que é necessário e o paciente estiver em boas condições de saúde geral, pode também ser retirados um ou mais dos seguintes órgãos:
- Um lobo inteiro do fígado.
- Ducto biliar comum.
- Parte ou todo o ligamento entre o fígado e os intestinos.
- Linfonodos próximos ao pâncreas e de vasos sanguíneos que nutrem a maior parte do intestino delgado e pâncreas.
- Pâncreas.
- Duodeno.
- Outras áreas de órgãos, onde a doença se disseminou.
Cirurgia para câncer irressecável
A cirurgia não é indicada para tumores irressecáveis, mas em alguns casos pode ser útil, nesses casos é denominada cirurgia paliativa. O objetivo não é tratar o câncer, mas os problemas causados pela doença, como por exemplo a colocação de um cateter em um ducto biliar bloqueado pelo tumor. Isso permite manter o ducto aberto e faz com que a bile flua através dele.
Possíveis riscos e efeitos colaterais
Os riscos e os efeitos colaterais da cirurgia dependem em grande parte da quantidade de tecido retirado e do estado geral de saúde do paciente antes da cirurgia. Toda cirurgia acarreta alguns riscos, incluindo a possibilidade de hemorragia, infecções, complicações anestésicas e pneumonia.
A colecistectomia laparoscópica é o procedimento menos invasivo e tem menos efeitos colaterais. A maioria dos pacientes sentirá dor nas incisões por alguns dias após a cirurgia, a que poderá ser controlada com medicamentos analgésicos. A incisão é maior na colecistectomia aberta, o que acarreta tempo maior para a recuperação.
A colecistectomia radical é uma cirurgia maior onde podem ser retirados vários órgãos. Isso pode ter um efeito significativo na recuperação cirúrgica. Como a maior parte dos órgãos estão envolvidos na digestão, a alimentação poderá ser um problema durante algum tempo após o procedimento.
Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Cirurgia Oncológica.
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 12/07/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.