[CONSULTA PÚBLICA] Oncoguia se posiciona sobre consulta sobre Cetuximabe no SUS
O Instituto Oncoguia vem através desta se posicionar em relação à consulta pública sobre incorporação de Cetuximabe no SUS, para câncer colorretal metastático.
O documento da CONITEC afirma, na discussão, que "o desfecho duro, sobrevida global, não apresenta aumento estatisticamente significante”. No que tange à população de pacientes com tumores k-Ras selvagem, que são os pacientes objeto desta medicação, esta informação está errada: a) no estudo listado como 2.1 (Crystal updated), a Sobrevida Global no grupo que recebeu Cetuximabe foi estatisticamente superior (HR 0,79, IC0,67 a 0,94); b) no estudo listado como 8 (FIRE-3), a SG foi superior com diferença de 7,5 meses (33,1 vs 25,6 meses, estatística e clinicamente significativo (mesmo sendo um desfecho secundário).
A avaliação econômica apresentou a razão de custo-efetividade de um modelo que utilizou como fonte de dados de eficácia a análise de subgrupo realizado após a conclusão do estudo (post hoc), sem poder estatístico. Embora a análise RAS tenha sido inicialmente post hoc, vários outros estudos validaram de forma prospectiva o uso do antiEGFR (não só Cetuximabe, mas, também Panitumumabe*) para pacientes RAS wild type (isto inclui N-Ras e K-Ras). Assim, sem a comprovação de ganhos em sobrevida por falta de poder estatístico, o estudo de custo-efetividade ficou prejudicado. O cálculo de impacto orçamentário seguiu as diretrizes.
A sugestão de que a inclusão dos dados do estudo FIRE-3 não deveria ocorrer, pelo fato de o braço controle não ser o padrão do SUS (contém Bevacizumabe) é completamente inapropriada e mostra um apego a conceitos atrasados que desconsideram as necessidades de pacientes oncológicos como se o padrão SUS de tratamento fosse perfeito e suficiente. Se continuarmos a praticar a medicina de 5 ou 10 anos atrás em breve não haverá nenhum estudo novo que compare novas terapias com o padrão do SUS.
Na opinião do Comitê Científico do IO, uso de antiEGFR em pacientes com câncer colorretal metastático all RAS Wild type deve ser disponibilizado pelo SUS (obviamente será necessário oferecer testagem de RAS para todo o SUS). Defendemos que sejam incorporados não só o Cetuximabe, mas também o Panitumumabe*, permitindo assim que seja feita compra do mais barato. Em função do custo, poder-se ia discutir a restrição do uso à 2ª ou 3ª linhas ou negociar fortemente uma redução do preço com a indústria detentora do seu registro.
Tenha acesso ao formulário elaborado pelo Oncoguia para Consulta Pública CONITEC/SCTIE N°20/1015 - Cetuximabe Câncer Colorretal Metastático.
*Referência: N. Engl. J. Med. 2013 Sep 12;369(11):1023-34. doi: 10.1056/NEJMoa1305275.
O documento da CONITEC afirma, na discussão, que "o desfecho duro, sobrevida global, não apresenta aumento estatisticamente significante”. No que tange à população de pacientes com tumores k-Ras selvagem, que são os pacientes objeto desta medicação, esta informação está errada: a) no estudo listado como 2.1 (Crystal updated), a Sobrevida Global no grupo que recebeu Cetuximabe foi estatisticamente superior (HR 0,79, IC0,67 a 0,94); b) no estudo listado como 8 (FIRE-3), a SG foi superior com diferença de 7,5 meses (33,1 vs 25,6 meses, estatística e clinicamente significativo (mesmo sendo um desfecho secundário).
A avaliação econômica apresentou a razão de custo-efetividade de um modelo que utilizou como fonte de dados de eficácia a análise de subgrupo realizado após a conclusão do estudo (post hoc), sem poder estatístico. Embora a análise RAS tenha sido inicialmente post hoc, vários outros estudos validaram de forma prospectiva o uso do antiEGFR (não só Cetuximabe, mas, também Panitumumabe*) para pacientes RAS wild type (isto inclui N-Ras e K-Ras). Assim, sem a comprovação de ganhos em sobrevida por falta de poder estatístico, o estudo de custo-efetividade ficou prejudicado. O cálculo de impacto orçamentário seguiu as diretrizes.
A sugestão de que a inclusão dos dados do estudo FIRE-3 não deveria ocorrer, pelo fato de o braço controle não ser o padrão do SUS (contém Bevacizumabe) é completamente inapropriada e mostra um apego a conceitos atrasados que desconsideram as necessidades de pacientes oncológicos como se o padrão SUS de tratamento fosse perfeito e suficiente. Se continuarmos a praticar a medicina de 5 ou 10 anos atrás em breve não haverá nenhum estudo novo que compare novas terapias com o padrão do SUS.
Na opinião do Comitê Científico do IO, uso de antiEGFR em pacientes com câncer colorretal metastático all RAS Wild type deve ser disponibilizado pelo SUS (obviamente será necessário oferecer testagem de RAS para todo o SUS). Defendemos que sejam incorporados não só o Cetuximabe, mas também o Panitumumabe*, permitindo assim que seja feita compra do mais barato. Em função do custo, poder-se ia discutir a restrição do uso à 2ª ou 3ª linhas ou negociar fortemente uma redução do preço com a indústria detentora do seu registro.
Tenha acesso ao formulário elaborado pelo Oncoguia para Consulta Pública CONITEC/SCTIE N°20/1015 - Cetuximabe Câncer Colorretal Metastático.
*Referência: N. Engl. J. Med. 2013 Sep 12;369(11):1023-34. doi: 10.1056/NEJMoa1305275.