Cuidados com a alimentação

Saiba mais sobre como cuidar de si mesmo após a gastrectomia. Aqui, separamos informações importantes para entender alguns efeitos colaterais da retirada do estômago, como a síndrome de dumping (passagem muito rápida dos alimentos do estômago para o intestino) e como evitá-la. Aprenda o que comer e o que não comer.

Sempre é importante lembrar que é essencial ser proativo ao conversar com seu médico sobre o monitoramento de sua saúde e como lidar com as suas preocupações. Não deixe nenhum desconforto de fora ao conversar com a equipe médica responsável pelo seu cuidado.

Quais alimentos comer

A tabela abaixo lista os alimentos que são mais ou menos tolerados por pacientes que fizeram gastrectomia. Os alimentos relacionados como bem tolerados são menos propensos a provocar a síndrome de dumping do que os menos tolerados.


 

Exemplo de uma refeição diária

Procure fazer pequenas refeições que sejam confortáveis, como aperitivos e lanches. A ideia é comer porções menores de comida no lugar de refeições completas durante o dia. Abaixo você encontra um exemplo de uma dieta diária para um dia normal. 

Procure adaptar a frequência e as quantidades de uma forma que se adeque às suas necessidades conforme você se ajusta aos novos hábitos alimentares e enquanto se esforça para ingerir calorias nutritivas e minimiza a perda de peso. Escolha alimentos que você tolera e continue sempre a experimentar novas opções . É importante ingerir líquidos entre as refeições para manter a hidratação.

Síndrome de Dumping

Após a cirurgia do estômago, alguns pacientes podem ter o que é comumente conhecido como a síndrome de dumping. Sem a presença do estômago para reter a ingestão dos alimentos e líquidos, não há como regular a quantidade de alimentos que chega ao intestino, uma vez que não existe mais um reservatório para reter os alimentos para que eles entrem de forma gradual no intestino delgado. Dessa forma, após uma refeição, os alimentos passam muito rapidamente ao intestino, o que pode resultar em cólicas e dor, além de provocar uma série de sintomas, como diarreia, diminuição do nível de açúcar no sangue, fraqueza ou tontura.

Até 75% dos pacientes que fazem uma gastrectomia parcial ou total podem apresentar síndrome de dumping. Os sintomas dessa síndrome são mais frequentes no pós-operatório imediato e geralmente diminuem com o tempo.

Existem duas fases da síndrome de dumping:

     Fase inicial

  • Ocorre de 15 a 30 minutos após a alimentação.
  • Provocada pela rápida entrada dos alimentos no intestino delgado.
  • Os sintomas podem incluir náuseas e vômitos, cólicas, dor abdominal, diarreia, sensação de saciedade, fraqueza, rubor, tontura e sudorese.

     Fase tardia

  • Ocorre de 90 minutos a 3 horas após a alimentação.
  • Provocada por um rápido aumento do açúcar no sangue e, em seguida, uma rápida diminuição do açúcar no sangue.
  • Os sintomas podem incluir sudorese, frequência cardíaca acelerada, fraqueza, sensação de cansaço, ansiedade ou confusão mental.

Diretrizes gerais para prevenir a síndrome de Dumping

  • Fazer pequenas refeições várias vezes ao dia, para evitar comer muito de uma vez. Você pode até tolerar porções maiores ao longo do tempo, mas mantenha as porções pequenas no início.
  • Procure ingerir alimentos proteicos em cada refeição e lanche, como carne, frango, peixe, ovos, leite, queijo, iogurte, nozes, tofu ou pasta de amendoim.
  • Não beba líquidos durante as refeições. Dê preferência a ingerir líquidos de 30 a 60 minutos antes ou após as refeições.
  • Limite o consumo de alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes, sucos, bolos, tortas, doces, donuts, biscoitos, frutas cozidas ou enlatadas em calda, mel, geleias e compotas.
  • Dê preferência a alimentos ricos em fibras sempre que possível. Isso inclui pães e cereais integrais, macarrão integral, frutas frescas e vegetais.
  • Escolha alimentos ricos em fibras solúveis, como maçãs, aveia, beterraba, couve de Bruxelas, cenoura, espinafre e feijão.
  • Procure adicionar uma porção de gordura às refeições e lanches, como manteiga, margarina, molho, óleos vegetais e molhos para salada. A adição de gorduras retarda o esvaziamento do estômago e previnem a síndrome de dumping.
  • Alguns pacientes acreditam que evitar alimentos muito quentes ou muito frios pode ser útil.
  • Mastigue bem os alimentos e coma devagar. Procure relaxar enquanto come.
  • Deitar-se logo após comer pode diminuir os sintomas.

Deficiência de nutrientes

Anemia. Anemias nutricionais resultantes da deficiência de vitamina B12, folato ou ferro são frequentes em pacientes que fizeram gastrectomia. A anemia pode ocorrer só após um ano ou mais da cirurgia, mas é importante que o nível desses nutrientes sejam monitorados.

Deficiência de vitamina B12. Os pacientes que fizeram gastrectomia total precisarão suplementar a dieta com injeções regulares de vitamina B12. Dois componentes necessários para a absorção dessa vitamina, o ácido gástrico e o fator intrínseco, se tornam menos disponíveis ou indisponíveis com a remoção total ou parcial do estômago. Portanto, esses pacientes precisam da suplementação, que pode ser feita de forma oral, com comprimidos, ou por injeções intramusculares ou subcutâneas.

Deficiência de folato. Embora seja rara, uma deficiência de folato pode se desenvolver após a gastrectomia devido à má absorção e digestão prejudicada. Se houver suspeita de deficiência de folato, o médico deve pedir um exame que observe o nível de folato nos glóbulos vermelhos para determinar se existe deficiência real . A vitamina B12 é necessária para ativar o folato, e a suplementação com folato pode mascarar uma deficiência de vitamina B12, portanto, os níveis de vitamina B12 devem ser monitorados antes da suplementação com folato.

Deficiência de ferro. Anemia por falta de ferro é um efeito frequente da gastrectomia parcial ou total. A maior parte da absorção de ferro ocorre no duodeno ou na parte superior do intestino delgado. A maioria dos procedimentos de gastrectomia parcial e completa desviam o duodeno, dificultando a absorção de ferro. Além disso, o rápido trânsito dos alimentos pelo intestino permite um tempo menor para a absorção do nutriente. Finalmente, menos ácido fica disponível no intestino delgado após a gastrectomia parcial ou total. O ácido gástrico converte o ferro em uma forma mais facilmente absorvida pelo corpo. Esses fatores, junto com uma ingestão reduzida dos alimentos, que são boas fontes de ferro, contribuem para a deficiência pós-gastrectomia. Boas fontes alimentares de ferro incluem carne bovina, vitela, mariscos, ostras, camarão, sardinha, flocos de farelo e outros cereais fortificados, creme de trigo, aveia, batatas assadas com casca, feijões secos (branco, lima, lentilha, feijão-frade), soja, tofu, espinafre, ameixas secas e damascos secos. Comer alimentos ricos em vitamina C junto com alimentos ricos em ferro aumenta a absorção de ferro. Alimentos ricos em vitamina C incluem laranjas, toranjas, melão, abacaxi, morangos, framboesas, tomates, brócolis, couve-flor, espinafre, couve, aspargos, batatas e batatas-doces.

Má digestão (gordurosa)

Para digerir e absorver nutrientes adequadamente, as enzimas liberadas pelo pâncreas precisam se misturar aos alimentos ingeridos nas refeições. Essas enzimas pancreáticas ajudam a quebrar os alimentos para serem absorvidos no intestino delgado. Após a gastrectomia parcial ou total, alguns pacientes podem apresentar má absorção de alguns nutrientes, especialmente gorduras. Isso geralmente ocorre devido à diminuição do tempo de trânsito dos alimentos pelo sistema gastrointestinal.

O estômago serve como um tanque de retenção e deixa os alimentos entrarem lentamente no intestino delgado conforme são fragmentados. Sem o órgão, os alimentos passam rapidamente do esôfago para o intestino delgado. Esse movimento rápido dos alimentos pode impedir a mistura suficiente dos alimentos com as enzimas digestivas. Além disso, não ocorre a filtragem dos alimentos, então partículas maiores do que o normal podem passar direto para o intestino delgado, dificultando a quebra enzimática dos alimentos. 

Após uma gastrectomia, também pode haver uma quantidade reduzida de enzimas digestivas liberadas pelo pâncreas. Isso, combinado com o rápido trânsito dos alimentos pelo sistema descrito acima, pode provocar má digestão e má absorção de gorduras e outros nutrientes. Os sintomas da má absorção de gordura incluem fezes oleosas (esteatorreia), gotículas de óleo flutuando no vaso sanitário após evacuações e desconforto abdominal, gases e inchaço.

A reposição das enzimas pancreáticas pode ser necessária para melhorar a absorção dos nutrientes, especialmente gorduras e vitaminas lipossolúveis, como a vitamina D. As enzimas pancreáticas ingeridas nas refeições e lanches podem frequentemente melhorar a digestão e a absorção desses nutrientes. Existe uma série de produtos de enzimas pancreáticas de venda livre; no entanto, para garantir a segurança e a eficácia, busque prescrição médica antes de comprar e tomar qualquer suplemento.

Intolerância a lactose

Embora a lactase, enzima necessária para a absorção da lactose, seja encontrada no intestino delgado, os pacientes que fizeram uma gastrectomia ainda podem sofrer de sintomas de intolerância à lactose. Isso pode ser devido ao rápido trânsito de alimentos pelo sistema gastrointestinal. Os sintomas de intolerância à lactose incluem cólicas ou dores abdominais, inchaço, gases e diarreia.

Para os pacientes que apresentam sintomas de má absorção, recomenda-se uma dieta com baixo teor de lactose. Embora algumas pessoas possam se tornar intolerantes à lactose após a gastrectomia, é essencial lembrar que cada pessoa é diferente e algumas não irão desenvolver a intolerância. Não presuma que você será automaticamente intolerante à lactose após a gastrectomia. 

Os laticínios geralmente são uma maneira fácil de consumir proteínas e nutrientes vitais durante um período em que comer alimentos saudáveis ​​pode ser um desafio. Evitá-los desnecessariamente pode dificultar a ingestão de uma dieta rica em nutrientes. Lembre-se de que alguns pacientes que são intolerantes à lactose ainda podem tolerar pequenas quantidades de lactose, como iogurte ou pequenas quantidades de queijo.

Doença óssea

As doenças ósseas como osteoporose, osteopenia e osteomalácia também podem ser mais frequentes em pacientes que fizeram gastrectomia, embora nem todos os estudos confirmam essa evidência. Para manter uma boa saúde óssea e prevenir a osteoporose, é necessário ter uma dieta balanceada que inclua cálcio e vitamina D adequados, praticar atividade física regular, evitar o consumo excessivo de álcool e não fumar.

É possível que a doença óssea após a gastrectomia seja devida à ingestão alimentar reduzida de cálcio e vitamina D, absorção reduzida de cálcio e/ou vitamina D e, possivelmente, a alterações nos hormônios que regulam o metabolismo ósseo. Entretanto, as evidências para qualquer um desses fatores não são claras.

Independentemente, é importante monitorar a densidade óssea e os níveis de vitamina D e consumir quantidades adequadas de alimentos ricos em cálcio e vitamina D. As diretrizes atuais recomendam um nível de 25-OHD (vitamina D-5 hidroxi) de 20 mg/ml para uma boa saúde óssea. Recomenda-se ainda uma ingestão de 600 UI por dia de vitamina D para pessoas com menos de 70 anos e 600 UI por dia de vitamina D para maiores de 70 anos.

As recomendações de cálcio para prevenção de doenças ósseas são de 1.000 mg/dia para mulheres com 50 anos ou menos e homens com 70 anos ou menos. Para mulheres com 50 anos ou mais e homens com mais de 70 anos, a recomendação é de 1.200 mg por dia. Para pacientes com doença óssea confirmada (com base no teste de densidade mineral óssea) ou aqueles em risco de doença óssea, pode ser recomendado 1.500 mg por dia de cálcio e 800 UI de vitamina D por dia.

No entanto, é recomendado sempre buscar assistência médica antes de começar a suplementação para verificar se há a necessidade de adequar os níveis desses nutrientes e a quantidade necessária. 

 

Suplementos. Embora as fontes alimentares de cálcio e vitamina D sejam as melhores, muitas vezes, é difícil para os pacientes, especialmente os que fizeram gastrectomia, obter cálcio e vitamina D suficientes apenas por meio de fontes alimentares.

Suplementos de cálcio. Os suplementos frequentes de cálcio incluem carbonato de cálcio, fosfato de cálcio e citrato de cálcio. Esses suplementos contêm quantidades diferentes de cálcio elementar, que é a quantidade real de cálcio no suplemento. É importante ler o rótulo para determinar a quantidade real de cálcio (cálcio elementar) que está no suplemento. O citrato de cálcio é recomendado para os pacientes que fizeram uma gastrectomia, pois não requer ácido estomacal para absorção.

Texto originalmente publicado no site da No stomach for cancer, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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